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Mundo lusófono lamenta a morte de Manuel Figueira, figura incontornável das artes visuais de Cabo-Verde e das Lusofonias.
A Casa da Liberdade - Mário Cesariny e a Perve Galeria lamentam o falecimento de Manuel Figueira, proeminente artista cabo-verdiano, ícone cultural do mundo lusófono, a 8 de outubro de 2023, a poucos dias de completar 85 anos.
Manuel Figueira nasceu a 1 de novembro de 1938, na ilha de S. Vicente, em Cabo Verde. Viveu em Portugal entre 1960 e 1974, fazendo história ao tornar-se no primeiro cabo-verdiano a frequentar a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, onde concluiu o Curso de Pintura. Em 1975, no decurso da independência de Cabo Verde regressa, por convite das novas autoridades do seu país, para colaborar com a revitalização da cultura popular do arquipélago. Em 1976 fundou a Cooperativa Resistência, com a esposa, também artista, Luísa Queirós, e a colega Bela Duarte, visando manter viva a tecelagem tradicional cabo-verdiana. Entre janeiro de 1978 e março de 1989 foi Diretor do Centro Nacional de Artesanato no Mindelo, organismo que passa a albergar o acervo recolhido no arquipélago e obras contemporâneas realizadas com recurso as técnicas tradicionais.
Pelo seu riquíssimo percurso, o artista foi agraciado com importantes distinções. Em 1988, o Ministério da Cultura e Desporto de Cabo Verde atribuiu-lhe o "Prémio Jaime Figueiredo", e em 2000, foi agraciado com a "Medalha do Vulcão" por ocasião do 25.º aniversário da Independência de Cabo Verde, em reconhecimento pelas suas profundas contribuições para as belas-artes e o desenvolvimento cultural do país.
Em 2005, a Perve Galeria organizou a primeira exposição retrospetiva de Manuel Figueira em Portugal, intitulada "Visões Infinitas", onde foram apresentadas 126 obras criadas pelo artista entre 1963, antes da sua chegada a Portugal, e 2004. Em 2009, na galeria aPGn2 - a PiGeon too, em Alcântara, a Perve Galeria realizou uma exposição individual antológica do autor, onde era exibida uma seleção de obras realizadas entre 1960 e 2008.
Em 2014, quando a Perve Galeria impulsionou o movimento cívico que pugnou pela manutenção em Portugal das 85 obras de Joan Miró, pertença do Estado Português via nacionalização do BPN, Manuel Figueira deixou a seguinte nota de solidariedade:
"Tenho recebido com uma certa regularidade, da Perve Galeria, informações acerca do que se passa com esse Património tão importante, que são as obras do Genial Miró. Infelizmente, não domino lá muito bem esta questão da Internet, mas apoio incondicionalmente todo o esforço que vem sendo desenvolvido pela Perve Galeria, no sentido de as Obras do Grande Artista, Miró, permanecerem em Portugal. Não devemos esmorecer nesta luta! Força! Com um Abraço Solidário do Artista: Manuel Figueira”, 24-05-2014.
No ano seguinte esteve patente da Casa da Liberdade - Mário Cesariny a exposição “Kórda”, que concedeu especial destaque a um núcleo de trabalhos de configuração neorrealista de Manuel Figueira que, em 1974, ilustraram a seminal publicação revolucionária “Korda Kaoberdi”, da autoria de Kwame Kondé, que, à época, deu expressão, através da poesia e das artes visuais, às convulsões sociais de insurreição frente às disposições do sistema colonial em Cabo Verde.
Pertencendo à Coleção Lusofonias da Perve Galeria, dedicada à arte moderna e contemporânea dos países de língua portuguesa, a obra de Manuel Figueira tem integrado todas as mostras da Coleção, nomeadamente aquelas que decorreram na Índia, em Portugal, no Senegal e na Turquia, e, mais recentemente, a exposição "Cruzar Fronteiras - Diálogo de Coleções” no Ispa - Instituto Universitário, em Lisboa. A 26 de outubro será inaugurada na Dinamarca a exposição “Cesariny - Lusofonias - Surrealismo”, que marca mais um momento de itinerância e internacionalização da Coleção, sendo agora também realizada como forma de homenagear este mestre das artes visuais em Cabo-Verde.
Segundo Carlos Cabral Nunes, curador e diretor da Casa da Liberdade - Mário Cesariny e da Perve Galeria: «É uma pena que este mestre da Lusofonia, como vários outros, morra sem que, nunca, Portugal, com exceção da nossa galeria, lhe tenha prestado uma justa e digna homenagem».
O falecimento de Manuel Figueira deixa um vazio no mundo da arte. A sua contribuição para o património cultural de Cabo Verde e da comunidade lusófona é incalculável, e ele será para sempre recordado como um artista visionário, cujo legado urge ser explorado, divulgado e reconhecido.
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España