Descripción de la Exposición
As relações entre a fotografia e a paisagem parecem ser um dos interesses centrais da pesquisa de Julia Kater. Quando observamos seus trabalhos realizados desde 2011, a linguagem fotográfica aparece de forma insistente com um olhar que registra ambientes abertos nos quais a água é muitas vezes predominante. Em contraste com essas imagens, em outras obras vemos elementos que remetem a quintais, mesas e objetos domésticos. Esse conjunto remete a ambientes que recordam de maneira silenciosa as férias e as trocas afetivas que se dão com alguma rotina em um mesmo lugar. São fotografias que nascem da contemplação de algo maior que a escala humana: da natureza e de sua imensidão e, ao mesmo tempo, do vazio proporcionado pela passagem do tempo.
A maneira como a artista apresenta essas obras, porém, não a coloca na esteira da fotografia clássica; seu interesse está na sobreposição de camadas de imagem. A fotografia, mesmo que emoldurada, traz um volume e uma tridimensionalidade que transformam a imagem habitualmente vista como um espelho do real em uma massa de informações. O resultado não se trata de algo visceral; os recortes distribuídos, mesmo que irregulares, parecem pensados de maneira cirúrgica. As linhas sobrepostas a uma imagem remetem, por exemplo, às silhuetas de montanhas ou ao contorno do corpo humano. Desenha-se com a fotografia sobre a fotografia, e são sugeridas novas narrativas distribuídas nas imagens de uma mesma série.
A presente exposição, intitulada “Zonas de gatilho”, dá prosseguimento e amplia essa investigação de Julia Kater. As experimentações com as imagens fotográficas permanecem, mas os resultados exploram mais os vazios entre os elementos visuais. “Rota I” e “Rota II”, por exemplo, trazem fotografias de árvores que têm seus troncos e galhos recortados, possibilitando que o público possa ver algo circunscrito pelo desenho de suas folhas. Esses fantasmas da paisagem, assim como outras imagens que seguem a sobreposição de ambientes domésticos e silhuetas, parecem falar mais sobre recorte do que colagem – ou seja, menos sobre a justaposição de informações visuais e mais sobre o vazio entre elas. Parecem ser convites à operação imaginativa do espectador em relação às coisas que ali não estão.
Exposición. 14 nov de 2024 - 08 dic de 2024 / Centro de Creación Contemporánea de Andalucía (C3A) / Córdoba, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España