Vivemos uma época estranha: os museus veem os números de visitants crescer sustentadamente, os números das vendas em leilão da arte contemporânea internacional deixam-nos estarrecidos, no entanto a presence no espaço público dos artistas – e dos intelectuais em geral -, tem vindo a decrescer de modo preocupante. Para tudo (política, futebol e vida social) aparecem comentadores pagos a peso de ouro. Mas quem pergunta, hoje em dia, o que pensam os artistas sobre aquilo que os rodeia? Longe vão os tempos em que filósofos discorriam mais de uma hora sobre um qualquer tema na televisão pública. A voz da arte não resolve problemas, não alimenta soluções políticas, éticas ou sociais, mas apresenta-se como discursividade possível para um olhar específico e único sobre o mundo. Acrescenta-lhe densidade derrisória, crítica e, sempre, quando de arte verdadeiramente se trata, questionante dos padrões assimilados enquanto normativamente corretos ou expectáveis. Que se ouçam essas...vozes. Ou no caso das artes visuais, que se vejam as vozes dos artistas. Um dia arrepender-nos-emos de ignorá-las.
Entrada actualizada el el 24 oct de 2019
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