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Vazio Contido

Exposición / Zipper Galería / Rua Estados Unidos, 1494 / São Paulo, Sao Paulo, Brasil
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Cuándo:
17 ago de 2013 - 14 sep de 2013

Inauguración:
17 ago de 2013

Organizada por:
Zipper Galería

Artistas participantes:
Ricardo Rendón

ENLACES OFICIALES
Web 

       


Descripción de la Exposición

Primera exposición en Brasil del artista mexicano Ricardo Rendón.

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Vazio Contido / Contained Emptiness

 

Para além da dimensão material do objeto, espera-se que uma obra de arte carregue um substrato conceitual, um conteúdo imaterial que nos eleve do plano dos objetos, expectativa que é herança da noção de objeto de arte como objeto de culto, como algo que serve de ponte entre o mundo fenomênico e um suposto mundo das ideias. A primeira individual de Ricardo Rendon no Brasil confronta essa demanda por transcendência impingida à obra de arte justamente enfatizando na matéria a presença do vazio. Deparamo-nos nesta exposição com um acúmulo de vazios.

 

'Há metafísica bastante em não pensar em nada', escreveu Alberto Caeiro. E Rendon explicita a metafísica das coisas nas coisas mesmas, com seus vazios que não saem deste mundo, não buscam explicações em nada além do que se vê e toca, nada além da maciez da lã do feltro, tecido que nas obras de Rendon parece absorver o som das palavras do guardador de rebanhos. É na obra, no que se vê e toca, e em seu processo de feitura, que fica o pensamento gerado pela obra, não fora dela.

 

Como diz o título da exposição, escolhido pelo artista, o vazio é contido tanto por estar sob controle, aceito como parte da existência, como por ser conteúdo da exposição. O que vemos na montagem na Zipper galeria é o vazio contido em cada peça, a ausência de pedaços do tecido moldando a obra, o vazio ativo, desenhando a forma das coisas, como um poder imanente, gerador das coisas que aqui existem, e só existem graças ao vazio.

 

Há uma profusão de vazios espalhados pela galeria, alguns vazios regularmente estabelecidos no feltro, outros abrindo passagem para a luz atravessar a madeira, depois vazios que recortam curvas graciosas no que seria uma linha reta monótona, vazios que não precisam ser preenchidos, matéria que fica mais maleável graças aos vazios, e que passa a aceitar dobras de muitos tipos, revelando sua multiplicidade em potencial, ativada pelo vazio. Nenhuma obra tenta preencher o vazio, nenhuma obra quer reencaixar as rodelas de matéria caídas no chão. O que interessa é criação do vazio e pelo vazio, construção que advém do corte. Colmatar o vazio seria matar a obra. Aceitá-lo, é estabelecer uma relação respeitosa com a matéria, cultuando os mistérios daquilo que se vê e toca, entendendo que viver é cultuar a vida como ela se apresenta:

 

Não acredito em Deus porque nunca o vi.

Se ele quisesse que eu acreditasse nele,

Sem dúvida que viria falar comigo (...)

Mas se Deus é as flores e as árvores

E os montes e sol e o luar,

Então acredito nele,

Então acredito nele a toda a hora,

E a minha vida é toda uma oração e uma missa,

E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

 

Daí, cada obra de Ricardo Rendon funcionar como estímulo aos sentidos -- com a maciez silenciosa do feltro e formas que deleitam pelo agrado que o ornamento faz aos olhos--, e também como máquina de pensamento sobre as ausências que moldam tudo o que vive. Cada uma dessas formas só existe porque se beneficia de seus vazios. Sem eles, seriam panos retangulares pesados e sem molejo, placas de madeira que barram a passagem da luz e do ar, caixas fechadas em si mesmas. Há conteúdo imaterial bastante em não desmerecer a matéria.

 

Paula Braga, 2013.

 


Imágenes de la Exposición
Ricardo Rendón

Entrada actualizada el el 26 may de 2016

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