Descripción de la Exposición
A exposição “Unsettling Affairs”, a ocorrer na Galeria do Colégio das Artes, em Coimbra, prevê a apresentação de um conjunto de obras inéditas resultantes da mais recente produção de Rui Calçada Bastos, em articulação com algumas obras pré- existentes.
Tomando de empréstimo o título de uma nova instalação que ocupará toda a área de uma das quatro salas da galeria, a exposição propõe-se como um momento de reflexão sobre um núcleo de trabalhos disciplinarmente distintos que partilham entre si um conjunto de preocupações em torno da inquietude e das suas manifestações. Mantendo-se fiel ao seu fascínio pelo quotidiano e pelos acontecimentos e incidentes vulgarmente invisíveis que têm lugar nos contextos urbanos por onde circula (ou diríamos) deambula, o artista apresenta um conjunto de imagens fotográficas inéditas de grandes dimensões, a par de uma nova série de dípticos de menores dimensões cujo carácter diarístico reforça a obsessão e a infinita curiosidade que denota o seu olhar.
A articulação destas imagens com obras escultóricas (com um carácter mais instalativo) é notável. Dessa experiência de encontro do olhar, em deriva, com os acasos e incidentes que lhe são exteriores, surgem no atelier formas tridimensionais que testam relações improváveis. Recuperando e fazendo eco, tanto da tradição da escultura minimalista quanto da apropriação dadaísta de objectos encontrados, o artista constrói momentos de tensão, pondo em evidência as questões que tradicionalmente associamos à relação que temos com a escultura – peso, equilíbrio, matéria, corpo, imobilidade ou dinâmica.
A inquietude, de que falámos inicialmente, é particularmente presente na instalação “Unsettling Affairs” e num conjunto de pequenas obras que dela derivam. A partir da referência directa à “carta” enquanto ferramenta de comunicação – que sublinha a distância mas aproxima a memória e estimula a imaginação – reconhecemos a presença de uma ideia de deslocação continuada, de ausência, de viajem como processo de conhecimento mas também de desenraizamento, de busca pelo Outro, numa construção idealizada, que eleva o Amor e a sua condição regeneradora.
Rui Calçada Bastos assume, como poucos, uma herança do romantismo que lhe permite abraçar metodologias conceptuais baseadas no sujeito e nas suas experiências, na valorização da subjectividade, das manifestações emocionais e da intuição, enquanto portas de acesso ao mundo.
O conjunto total de obras previstas (algumas ainda em processo de concepção e execução) aponta para uma inevitável linha de continuidade naquilo que reconhecemos como um percurso marcado pela coerência e coesão, em muito devedoras da relação profundamente íntima que estabelece entre si e o seu trabalho.
Actualidad, 01 oct de 2019
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