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Umbanda Dada, a primeira individual do argentino Andrés Brück na LOGO, é um convite a desorientação. O título da mostra, não por acaso, dá uma ideia da disposição do artista para transitar pelo tempo, por diferentes culturas e áreas de conhecimento, capturando referências e criando colisões icnográficas. Entre desenhos, pinturas em aerógrafo, trabalhos digitais impressos em bandeiras e uma obra em tapeçaria, Brück constrói uma linguagem incomum, mas capaz de lidar com seus interesses visuais e conceituais, abordando questões particulares e universais.

As obras de Andrés Brück tem o poder de colocar o espectador em uma rara posição entre a familiaridade e a dúvida. São imagens criadas que parecem conter mensagens complexas, criptografadas por uma lógica secreta e inacessível. Porém, fica a dúvida se não seriam parte de ... uma farsa, pois a estética casual cultivada pelo artista também faz pensar em acaso, em equivoco e até em vandalismo. A curadora mexicana Gaby Cepada, que assina o texto da exposição, elabora: 'A convergência das mais diversas influências em um sincretismo particular é o traço mais determinante da produção de Andrés Brück. Ele absorve a informação visual de diferentes formas e em múltiplos níveis -desde logos e hieroglifos, até texturas trompe l'oeil da história da arte-, abstraindo seu contexto e reconfigurando-a como algo completamente distinto.

(...) A união aparentemente gratuita de palavras que formam o título da mostra, Umbanda e Dada, responde por um lado a certas aproximações místicas e atávicas da produção, porém, mais precisamente, responde a vocação do artista para combinação insolente de atributos formais.' Ainda sobre o curioso nome da exposição, o artista comenta: 'Muitas obras expostas tem como fonte de inspiração o dadaismo e suas figurações, trabalho de formas, a aspiração tridimencional de Magritte, Dali e Arp. Por outro lado, como na Umbanda, cruzo raízes e fontes, algumas mais tradicionais, arcaicas e formais, outras intuitivas, espirituais e lúdicas.'

De certa forma, a exposição Umbanda Dada pode ser pensada como uma busca na internet, lá pela terceira página de resultados, na qual, entre grupos de imagens similares, surgem justaposições aleatórias que vão do engraçado ao perturbador. Agora imagine que alguém estava por trás da escolha dessas imagens, no caso Andrés Brück, e que ele tem motivos específicos para cada uma delas. Substitua a maioria dos arquivos de imagens digitais em baixa resolução (mas deixe alguns) por obras de arte, perceptivelmente feitas à mão, e troque o template do site de busca pelas paredes da galeria LOGO e você pode ter uma ideia do quanto peculiar e pertinente é o trabalho do artista argentino. Peculiar porque, através de poucos indícios, sabe-se que de alguma maneira o corpo de obras lida com a história pessoal e afetiva do artista, entre uma infinidade de interesses expressivos. E pertinente, pois traz para o plano tangível um aspecto novo e transformador da vivência contemporânea, aonde a informação circula, se reorganiza e se embaralha em alta velocidade por vias digitais, criando experiências visuais e significados antes inexistentes.