Descripción de la Exposición
No dia 17 de março, quinta-feira, a partir das 19h, o Centro Cultural TCU abre ao público a mostra “Trilogia Limítrofe”, do artista visual Daniel Moreira, com curadoria de Cinara Barbosa. A exposição apresenta 67 fotografias em formatos variados de três séries produzidas entre 2011 e 2021. Utilizando a fotografia como linguagem e suporte para sua pesquisa poética, a obra de Daniel Moreira traz à tona a importante temática da moradia digna nas áreas limítrofes das grandes cidades. A mostra permanecerá em cartaz na Galeria Marcantonio Vilaça do Centro Cultural TCU até o dia 4 de junho, com visitação aberta ao público quinta-feira e sexta-feira, das 9 às 18h, e aos sábados, das 11 às 17h. Para escolas, a visitação é de segunda-feira a quarta-feira, mediante agendamento prévio. A Entrada é gratuita e a classificação indicativa é livre para todos os públicos. O Centro Cultural TCU fica no Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 3, Brasília – DF. Telefone (61) 3316-5327.
Em sua primeira exposição em Brasília, Daniel Moreira apresenta ao público um recorte das séries “Paisagem ambulante 381”, “Desencanto” e “Sob o mesmo céu”. “As três obras convergem para uma reflexão sobre o espaço do ser humano no mundo e suas alternativas para se adequar à realidade social local”, afirma. Segundo o artista, “as obras retratam de maneira lúdica, talvez até alegórica, um povo que faz questão de se fazer visível, de pontuar sua visão de mundo, ainda que incompreendido pela grande maioria. Em meus trabalhos, eu falo da vida”.
Segundo Cinara Barbosa, curadora da mostra, “no trabalho de Daniel Moreira as imagens funcionam como uma topografia do identificável, daquilo que é percebido e pode ser dado a perceber. O perímetro visual do conjunto dessas imagens condensa três segmentos que, embora com temas específicos em cada grupo, aproximam-se ao tangenciar as fronteiras do pertencimento social”. Ela explica que pensou no conjunto das obras expostas como um perímetro visual interligado. “As imagens suspensas no espaço ajudam a redefinir os limites, as bordas a noção de centro e periferia que, metaforicamente, podem ser discutidas”, completa a curadora.
Em Paisagem ambulante 381, Daniel Moreira percorreu regularmente, por 5 anos, um trecho de 200 quilômetros da BR 381. Durante esse período, observou a constante reconfiguração da paisagem local a partir da inclusão de elementos que provocam inquietação e estranhamento. “Em meu processo de criação, edito a narrativa, seja em meu imaginário, seja durante a captura ou na edição, para que todo o processo repasse ao espectador a minha visão de mundo. Um exemplo claro disso é ‘Paisagem Ambulante 381’. Nessa série, para criar uma unidade atemporal e, de certa maneira, um universo particular, decidi fotografar em preto-e-branco em dias chuvosos, construindo uma unidade para todo o trabalho e criando um mundo que, apesar de estar lá, o considero meu”, explica o artista.
Como desdobramento de sua pesquisa para a série “Paisagem ambulante 381”, Daniel Moreira deu início à série Desencanto. Durante três anos, visitou pequenas cidades situadas às margens das rodovias e distantes dos grandes centros comerciais. A série se apoia na observação de dois fatores que impactaram visivelmente a formatação do modelo de sociedade em que vivemos: o surgimento da eletricidade no início do Século XX e a conquista de direitos trabalhistas por parte da classe operária, que resultaram na redução de horas da jornada de trabalho. “Da interseção desses dois fenômenos sociais surgem os parques de diversão. Ofertando ingresso barato, transformaram-se em uma opção viável de entretenimento para as massas, possibilitando que toda a população de operários pudesse experimentar um desprendimento momentâneo de sua realidade cotidiana.”
Iniciada em 2018 e ainda em andamento, a série Sob o mesmo céu resulta da convivência do artista com as ocupações urbanas de Belo Horizonte. “Como trabalho muito na periferia, geralmente converso com as lideranças sociais locais para que autorizem minha entrada nos locais em que tenho interesse, criando um vínculo de convivência e troca”, comenta. Utilizando uma câmera de grande formato e chapas de filme de 4x5 polegadas, passa a registrar o cotidiano de moradores de espaços distintos, ocupados coletivamente na capital mineira. Imersos nas dualidades impostas por terceiros — legal/ilegal, público/privado, centro/periferia, formal/informal —, os moradores das ocupações revelam lucidez e capacidade crítica na seleção e avaliação das opções que atendem suas necessidades individuais e coletivas. Notáveis exemplos das diferenças de acesso a direitos, as ocupações escancaram os nada democráticos processos de decisão sobre moradia e cidade, sempre permeados pelas narrativas de crise econômica, política, urbana e habitacional.
O artista explica que seu trabalho é sempre realizado em formato de séries. “Tenho uma dificuldade enorme em fazer somente um trabalho ou um díptico, um tríptico, ou seja: uma obra. Geralmente, meus projetos duram anos. Quando me interesso por algo, faço primeiro uma pesquisa conceitual e visual. Quando sinto que acertei em uma ou duas obras, faço um plano de trabalho e me preparo para a jornada”, acrescenta Daniel Moreira.
Sobre o artista
Daniel Moreira (1978) vive e trabalha em Belo Horizonte – MG, Brasil. Graduado em Comunicação, utiliza em sua produção o diálogo entre os processos documentais e as artes visuais, empregando, como suportes, a fotografia e o vídeo. Vem dedicando seu trabalho à exploração dos sentimentos e das condições humanas, buscando um olhar que humanize o mundo em suas relações com o imaginário, o indivíduo e o consumo. Desde 2007, participa de exposições individuais e coletivas, residências artísticas, prêmios, festivais e salões de arte. Entre suas exposições individuais, realizou, em 2020, a mostra “Trilogia limítrofe” no Centro de Fotografia de Montevidéu – Uruguai. Em 2019, apresentou “Sob o mesmo céu”, no Hangaram Design Museum, em Seul – Coréia do Sul. Em 2021, foi agraciado com o XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia e, em 2020, com o Prêmio de Projetos de Exposições Culturais do Centro Cultural TCU / Galeria Marcantonio Vilaça. Seus trabalhos integram acervos privados, como a Coleção Silvio Frota – Museu da Fotografia, Fortaleza – CE, a Coleção Joaquim Paiva / MAM Rio, Rio de Janeiro – RJ, e a Fundação Clovis Salgado, Belo Horizonte – MG.
Sobre a curadora
Cinara Barbosa é professora adjunta do Departamento de Artes Visuais (VIS) da Universidade de Brasília (UnB). É curadora e pesquisadora de arte contemporânea brasileira. Idealizou e coordena o Plano das Artes, projeto voltado ao desenvolvimento e ao fortalecimento do sistema das artes, que envolve circuitos por espaços autônomos de arte do Distrito Federal, a formação de arte-educadores e a produção artística. Foi diretora e curadora do Elefante Centro Cultural (DF). Homenageada pelo Prêmio Vera Brandt 2019, é membro do comitê de indicação do Prêmio Pipa 2019. Em suas pesquisas, interessa-se por produções artísticas de revisitação crítica à história da arte, poéticas arquivísticas, de coleção e de memória. Dentre suas pesquisas mais recentes, decorrentes de estudos curatoriais, está a mediação educativa em espaços expositivos associada às práticas institucionais.
Sobre o Centro Cultural TCU
As ações promovidas pelo Centro Cultural TCU oferecem a estudantes e ao grande público importantes oportunidades de acesso à história, à arte e a outras formas de manifestação cultural.
As exposições são atendidas pelo Programa Educativo do CCTCU, que promove a interação de alunos, professores e demais visitantes com o conteúdo expositivo para compartilharem suas experiências e pontos de vista. As atividades culturais do CCTCU também têm a aptidão e o propósito de explicar a importância do papel do Tribunal de Contas da União e de aproximá-lo dos cidadãos, a quem já se dedica em sua missão institucional de aperfeiçoamento da administração pública em benefício da sociedade.
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España