Descripción de la Exposición
A vocação experimental do Paço das Artes é constatada, principalmente, por meio da Temporada de Projetos, que foi criada com o objetivo de abrir espaço à produção, fomento e difusão da prática artística jovem. Concebida em 1996, a Temporada de Projetos teve sua primeira exposição realizada em 1997 e se tornou, nos seus mais de 25 anos de trajetória, a principal incubadora de jovens artistas contemporâneos do país.
Anualmente, a Temporada abre uma convocatória nacional selecionando projetos artísticos e um projeto de curadoria para serem desenvolvidos e produzidos com o respaldo do Paço das Artes. Os selecionados recebem acompanhamento crítico, a publicação de um catálogo sobre suas obras e um cachê de exibição. Desde seu surgimento, quando ainda era bienal (tornando-se anual em 2009), o programa possibilitou a emergência de inúmeros artistas, curadores e críticos, muitos deles presentes na cena artística atual, como Regina Parra, Nino Cais, Lia Chaia, Lais Myrrha e João GG.
Em 2014, o Paço das Artes lançou a plataforma digital MaPA, concebida por Priscila Arantes, que reúne todos os artistas, curadores, críticos e membros do júri que passaram pela Temporada de Projetos.
TEMPORADA DE PROJETOS 2023 (27ª edição)
Símbolos nacionais, heranças históricas, memória, contexto carcerário e as relações em ambiente virtual são os temas dos projetos selecionados pelo júri de críticos e curadores Guilherme Teixeira, Luciara Ribeiro e Mario Gioia.
A variação e a representatividade em diferentes vertentes da arte contemporânea são pontos de destaque da nova Temporada, exibindo trabalhos que abordam livremente as linguagens artísticas, têm personalidade e são inéditos.
Thatiana Cardoso (São Bernardo do Campo, SP, 1984) apresenta Os algoritmos te trouxeram até mim. Agora, o satélite me leva até você. “O projeto é todo sobre golpes de amor e estelionato afetivo. São trabalhos em diversas linguagens, como fotografia, vídeo e performance”, revela a artista. O assédio por um suposto soldado norte-americano provocou o interesse de Thatiana em identificar centenas de contas falsas nas redes sociais e, a partir delas, criar, em diversas linguagens e suportes, trocas de correspondências que estimulam as fantasias de possíveis relacionamentos que, por consequência, chegariam aos estelionatos virtuais.
Ana Raylander (João Monlevade, MG, 1995) apresenta a instalação Willian, na pequena sala do Paço, espaço que já foi, de fato, uma cela, em épocas obscuras da ditadura militar, e, agora, ocupada pela artista, procura-se reconfigurar códigos entre encarcerados do país. “Willian, é uma exposição que acontece cinco anos após a minha última individual (Coral de Choros) no Centro Cultural São Paulo, e ambos projetos partem do território conflituoso entre choro e masculinidade”, diz Ana. “Proponho ocupar um espaço inicialmente não usual do Paço das Artes, uma pequena sala de pé direito baixo e sem janelas, que geralmente é destinada ao educativo da instituição”.
Denis Moreira (São Paulo, SP, 1986) apresenta pequenas fotografias impressas sobre madeira constroem três painéis que remetem às heranças afrodescendentes e as possíveis conexões com o cotidiano contemporâneo, na obra Efeito, reação e ação. Ressignificando mitos, as imagens de ritos e máscaras podem apontar para outros caminhos no fluxo do dia a dia. “Em meu trabalho, convido o apreciador a criar uma relação com a obra, observando os elementos que compõem a composição, personalidades retratadas, suas histórias e provocações sociais. Acredito que o trabalho se torna significativo justamente neste encontro, mais nas perguntas que ele desperta do que nas respostas”, revela Denis Moreira.
Democracia e relações sociais permeiam a obra de Gustavo Torrezan (Piracicaba, SP, 1984). “Exercícios cosmopolíticos é uma série de trabalhos produzidos durante a pandemia, em um período e reclusão como medida de cuidado e diminuição da proliferação do vírus COVID-19, então o sentido de mobilidade, mudança, transformação e diferentes modos de pensar e produzir vida está no cerne dos trabalhos”, afirma o artista.
Lembranças de um baile de carnaval, de Karola Braga (São Caetano do Sul, SP, 1988), provoca o sentido do olfato, ativando nossa sensibilidade para memórias de outrora. Um baile de carnaval é sugerido entre perfumes e elementos do fim da festa, pensado dentro de um universo de elementos do início do século XX, entre esculturas de cerâmica, aromas populares e substâncias pertinentes a esse tipo de ambiente. “Como não estamos acostumados a usar nosso olfato em exposições de arte, um cheiro muitas vezes passa despercebido, ao contrário de estímulos visuais ou sonoros. Portanto, o maior desafio ainda é como fazer com que a pessoa que está presente tenha ciência de que aquele cheiro é parte integrante da obra”, salienta Karola.
PROJETO DE CURADORIA
O projeto de curadoria de Allan Yzumizawa (São Paulo, SP, 1993) é intitulado Exercício Ka’a: exposição para seres não humanos. A coletiva é resultado de sua pesquisa no litoral da Paraíba, tendo como convidados quatro artistas de lá que também se interessam por arte, natureza e na desierarquizacão dos embates relacionais. No próprio título Ka’a, de origem no tronco Tupi, encontramos o resumo sugestivo onde a floresta se configura enquanto ser vivo, e os animais, enquanto gente. Os documentos, textos, imagens e obras aqui apresentados são fruto de uma vivência de três dias proposta pelo curador para os artistas Cris Peres, Lucas Alves, Paulo Pontes e Serge Huot.
Exposición. 17 dic de 2024 - 16 mar de 2025 / Museo Picasso Málaga / Málaga, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España