Em sua terceira individual na Galeria Marilia Razuk, Marina Weffort apresenta pela primeira vez trabalhos em tecido. Nesta série a artista age sobre a trama de tecidos através do corte e retirada de fios verticais e/ou horizontais, resultando em desenhos geométricos sobre delicadas superfícies.
Seus tecidos se valem de uma lógica construtiva a fim de explorar questões como cheio e vazio, leve e pesado, tensão e distensão, superfície e profundidade, e passagem do tempo. Sem maiores artifícios, inclusive na forma de apresentá-los, pois são presos com pequenos pregos diretamente à parede, a artista nos apresenta estruturas que se valem do rigor dos elementos estruturantes inerentes ao material escolhido.
A estrutura inicial do material, ortogonal e estável, com seus novos eixos e direções, ganha característica de elemento mutável. Os tecidos , em sua maioria de cores claras, são esticados diretamente sobre a parede, fazendo com que sua sombra seja incorporada...a imagem da obra. Este sútil rebatimento de luz e sombra entrecruza o desenho da trama ao mesmo tempo que a insufla de ar, formando uma espécie de caixa vazada de linhas reagentes ao mínimo sopro. Revela uma lógica construtiva escultural àquilo que, em um primeiro momento, poderia parecer algo bidimensional, como um desenho ou uma pintura.
Os padrões de movimento que as peças de Marina revelam com a ação da mais sutil entrada de ar, muitas vezes assemelham-se com a imagem do sopro do vento em uma superfície de água. A rarefação da superfície, e sua fragilidade visual e física, contribuem para sua dissolução no espaço. Essa relação com o espaço e com a luz que atravessam as tramas dos tecidos exige do observador um permanente esforço para corporificar essas estruturas limite.
Sobre a artista
Em seus objetos, esculturas e pinturas Marina Weffort trabalha com a ideia de movimento, tensão, peso e leveza. Na série Tecido, Marina age sobre a ortogonalidade da trama através do desfiar das linhas horizontais ou verticais, desencadeando uma nova organização na estrutura da trama criando luz e sombra, tensão e distensão, conferindo propriedades cinéticas ao material numa reconfiguração de lógica construtiva e escultural. Expôs individualmente na Galeria Marilia Razuk (2014 e 2010) e no Centro Cultural São Paulo (2009), onde ganhou o prêmio aquisição, participou de diversas exposições coletivas como Em Espera, com curadoria de Douglas de Freitas no Museu Murillo La Greca (2016), Instável, com curadoria de Douglas Freitas no Paço das Artes (2012), Nova Escultura Brasileira, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro (2011), Quase Figura, na Galeria Marilia Razuk (2011), Programa de Exposições no MARP, Museu de Arte de Ribeirão Preto (2009), entre outros.
Entrada actualizada el el 24 jun de 2016
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