Descripción de la Exposición
Imagem-catarse: garoto segura a mão de um homem adulto- seu pai? - que flutua feito um balão de gás. O suporte da imagem é uma espécie de pele frágil enrugada, matéria orgânica em transição acelerada. Na metáfora da flutuação, também se desdobram símbolos de transitoriedade: os ciclos da vida, a poética da passagem das gerações, laços afetivos que nos movem e comovem.
A busca de imagens complexas em simbologias e híbridas na forma como articulam suas estratégias formais tem pautado o vigoroso trabalho de Gilvan Barreto nos anos recentes. Para alcançar a legítima expressão de seus projetos, calcados em uma reflexão profunda acerca da existência e dos afetos, sua fotografia passou por um processo vertiginoso de experimentação.
Suturas traz à tona uma constelação de trabalhos que mesclam memórias da infância, histórias familiares e apontamentos sobre a origem e a vulnerabilidade do ser, nossos desterros. A fotografia, tensionada ao máximo em suas potencialidades expressivas, transborda e se amalgama com a literatura, a escultura, o desenho, a colagem e a apropriação.
Processos que levaram Gilvan Barreto a privar-se quase totalmente de fotografar, como era recorrente no início de sua carreira, deslocando-se pelo mundo para editá-lo à sua maneira. Suturas é costura interior. Fotografia dos olhos para dentro. Estado de entropia que especula sobre densos embates interiores e que, por isso mesmo, carregam códigos universais.
Entre a figura etérea do pai que flutua - o sonho - e o peso do chumbo em escala desproporcional que, pela força da gravidade, faz ruir o aparentemente sólido - a razão -, transitam questões metafísicas sobre a nossa indeterminada predestinação que ecoam nessas imagens que perfuram e costuram a pele que teima em não cicatrizar.
Eder Chiodetto
Exposición. 14 nov de 2024 - 08 dic de 2024 / Centro de Creación Contemporánea de Andalucía (C3A) / Córdoba, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España