Descripción de la Exposición
Denn wir wissen ganz bestimmt/ Dass wir beide Schatten sind (Tocotronic)
Porque temos a certeza/ que ambos somos sombras
O artista suíço baseado em Lisboa Samuel Matzig oferece-nos em Stilles Wesen (“seres silenciosos”) uma dadiva, olhando para as coisas secas da natureza numa forma sóbria de intuição interior e uma simples liberdade artística para suspender o tempo enquanto esse momento demora. Aqui, o peso do nosso conhecimento é muito mais leve do que o da nossa intuição e podemos imaginar - como na música dos Tocotronic - que ambos, nós e as coisas que nos rodeiam, tornamos abraçados como simples sombras. Só assim então poderíamos suspender o fluxo da história para descobrir nosso próprio tempo.
As densas fotos em preto e branco de Matzig apresentam perspectivas sobre coisas encontradas na natureza, captadas pela luz natural e partindo para a escuridão. O seu trabalho apoia-se no movimento da nova objetividade (Neue Sachlichkeit), outrora criticado por Walter Benjamin em seu texto Short History of Photography. Referindo-se ao título emphático do livro de fotografia acerca das “coisas” (Dinge) de Renger-Patzsch, infelizmente chamado de O mundo é belo!, Benjamin destacou como o movimento da nova objetividade da arte incluiria um silêncio sobre as realidades escuras e severas das quais os humanos sofrem, incluindo a crescente mercantilização e promoção comercial da beleza em qualquer imagem da nova objetividade, sem até mencionar o silencio acerca das estruturas sociais totalitárias. Em resposta à crítica de Benjamin sobre o foco da nova objetividade nas coisas dentro da perda da aura e a negligência da singularidade inerente às obras de arte e encontros humanos, Matzig reabre o debate sobre a realidade humana e as “coisas” na fotografia. Assim o autor responde com o seu Stilles Wesen com saídas e cortes (Ausschnitte) de coisas que secaram no violento fluxo e curso histórico do tempo, esse rio que leva as coisas consigo e nós com ele.
Silent Beings, então, fornece ao espectador com uma lenta demora um barco de salvamento e, com isso, nos dirige numa viagem sem fim, um tempo estranho para um destino futuro ainda pouco claro. Ao focalizar as imagens em cortes e pedaços de coisas secas da natureza, os “seres silenciosos” provocam um igual estado de espírito árido na perceção estética. Assim, a contemplação artística dos movimentos cósmicos da natureza mostra resistência, criando uma topologia da sobriedade sombria colocada na superfície fotográfica. Ao não agarrar com força o sujet da imagem como um objecto reconhecível, objetos ordenados científicos e preparações de plantas como no Art Forms in the plant world (Karl Blossfeld) e, contemplando o trabalho de Matzig, temos que nos perguntar:
Como nos transformamos em Seres Silenciosos enfrentando o tempo?
Alexander Gerner
Exposición. 13 dic de 2024 - 04 may de 2025 / CAAC - Centro Andaluz de Arte Contemporáneo / Sevilla, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España