Reflectindo sobre a materialidade, seja a do carvão ou da própria existência, Catarina Mil-Homens sobrepõe o peso da visualidade do "medium", que subjuga pela absorvência total da luz que nunca reflecte, à ausência de peso físico, mensurável, do "medium" enquanto objecto. É nesta assimetria entre o peso efectivo e o peso sensorial, entre o palpável e o imaterial, que se dá o corte com o real - e de novo a existência é sugada para um buraco negro carbónico. A ilusão dá-se na plasticidade dos objectos, na textura que se vê e na escuridão que se sente, na subtileza de cada grão que compõe o espaço e relativiza o tempo. Esta é a lâmina de uma faca subtil, que encontra o nó, a falha, no plano dimensional que habitamos, desliza pela fissura e corta a passagem para o outro lado.
Musing on materiality, whether that of coal or that of...existence, Catarina Mil-Homens overlays the weight of the medium’s visibility, which subjugates through the total absorbance of the light it never reflects, with the measurable physical weightlessness of the medium as object. The cut with the real happens in the asymmetry between actual and sensorial weight, between the palpable and the material — once again, existence is sucked into a carbonic black hole. Illusion develops in the plasticity of the objects, on the texture we see and in the darkness we feel, in the subtlety of each grain that makes up the space and relativizes time. This is the blade of a subtle knife, one that finds the knot, the fault in the dimensional plane we live in, slides through the fissure and cuts the way to the other side.
Marta Espiridão
(excerpt from the curatorial text of the exhibition)
Entrada actualizada el el 04 jun de 2019
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