Descripción de la Exposición
A Galeria Leme apresenta o quarto site-specific comissionado para o projeto SITU, curado por Bruno de Almeida, dando continuidade a uma exploração sobre formas de pensar e discutir a produção do espaço (urbano) através de um diálogo entre arte, arquitetura e cidade.
SITU convida o artista brasileiro Beto Shwafaty a conceber uma obra que resulte de uma reflexão sobre o contexto urbano, entendido como ampla matriz físico-social, e que se relacione simultaneamente com o exterior do edifício da galeria e com o espaço público contíguo.
O projeto de Shwafaty se embasa em uma pesquisa histórica e geográfica sobre a região do bairro do Butantã, em São Paulo, onde se localiza a galeria. Ao se debruçar sobre o passado colonial dessa área, o artista constata que ali surgiu, no século XVII, o primeiro trapiche de açúcar da cidade, um engenho movido a tração animal ou humana para moer cana-de-açúcar. Apesar de parecer um dado histórico secundário, o fato é que tais engenhos fizeram parte de uma das primeiras e mais relevantes “indústrias” coloniais, assim como foram responsáveis pela formação de um sistema de relações que consolidou uma hierarquização sócio-espacial cujos ecos perseveram até hoje. Tal modelo, pervasivo na formação do território nacional, está pautado em formas de expansão e enraizamento de tipologias latifundiárias e de monocultura, que geraram as bases para a consolidação de uma sociedade patriarcal e patrimonialista, cujos poderes político, econômico e social estão, ainda hoje, concentrados nas mãos de uma elite minoritária. Esta relação entre poder e propriedade territorial embasaria o modelo de estruturação do território Brasileiro ao longo dos últimos 200 anos, resultando em processos de urbanização tardios e carregados de mazelas.
Para a sua instalação, Beto Shwafaty se apropria de um trapiche de açúcar original de madeira, usando-o como eixo material e conceitual para estruturar seu projeto. Esta peça ocupará o pátio do edifício da galeria e engendrará uma instalação que se transforma em momentos sucessivos. Primeiramente, o engenho será exposto, porém em modo improdutivo (sem moer cana-de-açúcar). Ao longo da exposição, este dispositivo será gradualmente desmontado em suas partes, as quais serão, então, catalogadas, rearranjadas e re-significadas. Por fim, tais peças serão retiradas do espaço, que passará a ser ocupado imaterialmente por uma trilha sonora que carrega a memória de processos ligados àquele objeto.
Ao deslocar este tipo de engenho colonial de volta à cidade, e submetê-lo a um processo de deslocamento, transformação e desaparecimento, o artista propõem uma colisão entre dois tempos distintos, estabelecendo um espaço de reflexão sobre uma noção de “patrimônio” que surge em paralelo à eminente obliteração de certas informações históricas, edifícios, culturas e povos.
Sobre o artista: Beto Shwafaty, 1977, São Paulo, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Suas obras e projetos foram exibidos em: Contrato de Risco, Galeria Luisa Strina, São Paulo, 2015 (solo); 19oFestival de Arte Contemporânea Sesc - Videobrasil, São Paulo, 2015; CFB: 25 Anos, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, 2015; Fundamentos da substância do design: metáforas culturais para projetar um novo futuro, Museu da Cidade - Oca Ibirapuera, São Paulo 2014 (solo); Remediações, Temporada de Projetos, Paço das Artes, São Paulo, 2014 (solo); Se o clima for favorável, 9ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, 2013; Amor e Ódio a Lygia Clark, Galeria Nacional Zacheta, Varsóvia, 2013; P33 - Formas únicas da continuidade no espaço [33º Panorama da Arte Brasileira] MAM, São Paulo, 2013; Conversation Pieces, NBK, Berlim, 2013; X Bienal de Arquitetura, São Paulo, 2013; Mitologias, Cité des Arts, Paris, 2011; À Sombra do Futuro, Instituto Cervantes, São Paulo, 2010; 4a IABR - Rotterdam Bienal de Arquitetura: UrbanInform section, Holanda, 2009; 3ª Utrecht Manifest, Holanda, 2009; Utopia for Sale, Akademie der Künste, Berlim, 2009; The Building E-flux, Berlim, 2009, entre outros. Shwafaty recebeu diversos prêmios, incluindo: concessão de exposições da Graham Foundation, Chicago, 2013; 9ª Rede Nacional Funarte, Rio de Janeiro, 2012; PROAC - apoio do Estado de São Paulo para produzir o livro fotográfico “A Vida dos Centros”, São Paulo, 2011-2013, entre outros.
O seu trabalho faz parte de coleções públicas tais como: Museu Nacional da República, Brasília, Brasil; Paço Imperial- IPHAN, Rio de Janeiro, Brasil; MAR, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, Brasil, entre outras.
Sobre o curador: Bruno de Almeida, 1987, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Graduado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Portugal. Mestre em Arquitetura pela Accademia di Architettura di Mendrisio, Suíça. Trabalhou como arquiteto em Londres, Reino Unido e também como assistente curatorial no Instituto de Investigação Independente da Fondazione Archivio del Moderno, Suíça.
Exposición. 02 abr de 2016 - 04 jun de 2016 / Galeria Leme / São Paulo, Sao Paulo, Brasil
Exposición. 17 nov de 2024 - 18 ene de 2025 / The Ryder - Madrid / Madrid, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España