Descripción de la Exposición
1. Tudo aqui são pretextos para compreender, como se nos fotogramas de um filme entrecortado, caminhos que toma a arte na única contemporaneidade que a define.
Sendo esta mais estado de espírito do que propriamente programa estético reconhecível, e sendo este sobretudo, como já antes lhe chamei, o tempo de todas as imagens, a contemporaneidade é atravessada por impulsos múltiplos, pulsões, desejos, impressões, falhas, tentativas, erros, possibilidades e caminhos que por vezes não levam a parte alguma. Sob o seu manto espesso e vário, todavia, florescem, numa incerteza impossível de apropriar, várias raízes do futuro. Nela repousam já, como se prontas a acordar, essas sementes que, mais adiante, alguns irão reconhecer como originárias de poéticas que então serão estabilizadas, exemplos do que preparou o tempo, sinais precisos, mesmo se por agora indecifráveis, de um outro e novo sentimento do tempo.
Contemporâneos são, entre si, todos estes artistas, tendo sido todos eles habitantes de um mesmo tempo, ainda que a partir de vários lugares, coabitando nele, mesmo se muitos jamais se cruzaram alguma vez entre si.
2. Caminhamos, todos, num tempo incerto, em si mesmo incompreensível, assustados por guerras, pandemias, apocalípticos sinais de mudanças bruscas. (...) E nunca como no nosso tempo terá sido tão sensível a disrupção entrópica, o diferendo generalizado, a entrecortada linha de sombra que parece de repente desfazer toda a luz que nos assiste. Como escreveu um dia o grande Mário Cesariny, de quem se cumprem cem anos, falta aqui uma grande razão.
(...) Na incerteza do mundo actual, a arte tem vindo a ganhar a função de iluminar, como outrora a filosofia iluminava. Diverte, sugere, coloca hipóteses, questiona e afirma rumos, liberta-nos da normalização e do estável para que o mundo inexoravelmente tende sob a força de novas ordens, políticas, financeiras, geográficas e aponta, em vez deles outros caminhos, mais livres, ainda por percorrer cuja direcção exacta ainda desconhecemos.
3. Diálogo permanente e subtil, dá-nos, subtil e de uma forma que age inconscientemente, o próprio de um sentido que ainda não conseguimos adivinhar mas que, pouco a pouco, se nos vai revelando: abre-nos à infinita metamorfose do sensível.
Esse outro sentido é, por ora, sem título: correndo sob os nossos olhos, ligando-nos num tempo que já é global, ele escreve-se.
E nós com ela, secretamente, escrevemo-nos nele.
Bernardo Pinto de Almeida
Abril 2023
Exposición. 13 dic de 2024 - 04 may de 2025 / CAAC - Centro Andaluz de Arte Contemporáneo / Sevilla, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España