Descripción de la Exposición
Não é somente de escala a diferença entre o espanto e a surpresa. O espanto é, talvez, a confirmação do incomensurável, aquilo que está, que estará sempre (fisicamente, em escala) para além de nós - são as pirâmides do Antigo Egipto. A surpresa é de outra índole, chega sorrateira, inesperadamente, ressoa de forma mais íntima - são os túmulos da Etrúria.
Foi da ordem da surpresa o encontro com as novas peças de António Bolota. Não é que pareça que tenham vindo do nada; aquilo que senti, quando as vi no atelier do artista, distribuídas ainda sem o rigor como se encontram aqui expostas em cima de bancadas e mesas, foi como se enterradas, encerradas num qualquer baú, tivessem sido exumadas e naquele momento ali estivessem acessíveis, visíveis, como um tesouro desaparecido.
Não é somente de escala a diferença entre os trabalhos monumentais do artista, que melhor conhecemos, e as pequenas esculturas ou objectos que agora apresenta na Vera Cortês Art Agency. Aqui, a diferença entre o espanto e a surpresa é a passagem, impossível de antecipar antes desta exposição, entre aquilo a que poderíamos chamar "o momento egípcio" e o "momento etrusco" no trabalho de António Bolota.
Sem saber muito bem explicar porquê, quando vi estes objectos pela primeira vez vieram-me ao espírito dois notáveis e humildes conjuntos de trabalhos - remissões oblíquas em tempo de retorno à ordem da espiral: a série "Equilibres", da dupla Fischli e Weiss, e os "papiers découpés" de Matisse. A máxima de Ortega y Gasset merece ser uma vez mais repetida: "o homem é o homem e as suas circunstâncias". Isso aplica-se também e sobretudo àqueles que fazem. A pulsão de fazer é como uma respiração - continuar a construir com o fôlego que nos assiste em cada momento da nossa existência. Nem mais nem menos. Paradoxalmente, reunidas, a gravidade e liberdade do corpo.
Liberdade é, de facto, a palavra que ecoa, quando, para lá da visita ao atelier, refaço espiritualmente os gestos, as decisões, o raciocínio que estas experiências, estes objectos articulam ou a que dão forma. Dir-se-ia um pensamento feito corpo.
Não são maquetas, são peças. Existem, são imanentes e, prevendo- a - menos como jogo mental e mais como forma de fazer imergir fisicamente o espectador no espaço de imanência dos materiais - dispensam a ampliação.
Sendo exercícios de projecção propostos ao espectador, a natureza destas peças é antes de mais material. Caracterizam-se, e aqui temos a principal novidade, diria mesmo ruptura com alguns axiomas formais do trabalho que António Bolota anteriormente apresentou, por expandirem ao limite o campo da imaginação e da experimentação material.
Liberdade de juntar (o desenho como campo de consubstanciação da imaginação), de sobrepor, de inverter hierarquias, de propor novas articulações, de abolir as antinomias e as impossibilidades (mesmo físicas). O geométrico e o orgânico, o ar e o sólido, a gravidade e a flutuação, o evanescente e o maciço, o natural e o artificial, o duro e o mole convivem e confundem-se numa celebração da arte enquanto transgressão de todos os limites. Talvez a utopia também passe por aqui.
Nuno Faria
Actualidad, 13 oct de 2016
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