Descripción de la Exposición
Os artistas Analu Cunha, Carla Guagliardi, João Modé e Rochelle Costi expõem, a partir de 26 de abril, quinta-feira, na Galeria Fayga Ostrower, no Complexo Cultural Funarte Brasília, no Distrito Federal. A mostra Selva, com obras marcadamente experimentais, foi contemplada pelo Prêmio Funarte Conexão Artes Visuais, que visa promover o intercâmbio de exposições por diversos estados para estimular a multiplicidade e a diversidade de linguagens e tendências da arte contemporânea brasileira. A exposição fica em cartaz até o dia 10 de junho. A entrada é gratuita e o horário de visitação é das 10h às 21h, de terça a domingo.
Além de Brasília, também recebe a exposição a capital do Acre, Rio Branco. A escolha da cidade da região Norte surgiu como um contraponto à cidade de Brasília, totalmente planejada e expandida com suas cidades-satélites que, por sua vez, contam com desenho mais orgânico e caótico.
Nessa coletiva, os artistas procuram criar diálogos entre obras e conceitos que se relacionem entre si e com o espaço expositivo. Procuram também pensar a ideia de selva como um lugar de alta biodiversidade, confrontando os conceitos dessa biodiversidade a uma possível ‘urbediversidade’.
Os artistas e suas obras
Analu Cunha vai apresentar a videoinstalação Silva, Serpentee o vídeo digital Guariba, guarida, em que ambos refletem a ideia de selva como intrínseca e complementar aos conceitos de civilização e universalidade. O sobrenome Silva, o mais presente nas famílias brasileiras, é entendido como o selvagem que, ainda que recalcado, percorre nossos corpos sempre que o nome é falado, escrito e assinado.
Carla Guagliardi expõe a instalação O Lugar do Ar, na qual vergalhões de ferro pendem do teto através de bandas elásticas, série iniciada em 1993 que se desenvolve a partir dos conceitos de interdependência, equilíbrio precário e vulnerabilidade, conceitos esses que norteiam o trabalho da artista. Também apresenta a obra Partitura IV, (vertical), na qual peças de madeira articuladas e bolas de espuma mantêm um equilíbrio precário e vulnerável através da interdependência de suas partes. Vai exibir ainda a instalação Sete Flechas & Pena Branca, em parceria com João Modé, e que já foi apresentada em Graz, na Áustria. O trabalho consiste numa instalação centrada no áudio de uma conversa entre os dois artistas, feita com apitos de madeira. O ambiente receberá uma luz verde fluorescente pendendo de luminárias que se movimentam quase imperceptivelmente.
João Modé vai expor Floresta com Anni Albers e Willys de Castro, da série Paninhos, que são trabalhos feitos em tecido, normalmente do uso cotidiano da casa do artista (panos de cozinha, lençóis, lenços) costurados e bordados. Esta série de trabalhos começou no final de 2013 e é uma homenagem à tradição brasileira de arte construtiva. Outra obra que o artista exibe é a instalação Sem título, que apresenta um agrupamento de objetos com lâminas de vidro e lâmpadas que criam um espaço de abrigo e de diálogo entre estes objetos.
Margens, de Rochelle Costi, é uma série de fotografias que abordam a vida dos cidadãos ribeirinhos, também chamados de beiradeiros. Trata-se de uma população quase invisível que vive às margens dos rios, da floresta e subsiste da pesca, do extrativismo, do cultivo de pequenas lavouras ou da chamada marretagem (venda de produtos a bordo de embarcações). Os ribeirinhos são, na sua maioria, descendentes de sertanejos levados para a região para trabalhar na extração da borracha ou no garimpo, e que, uma vez esgotados esses ciclos, foram abandonados à própria sorte por seus patrões. Circulam com fluidez pelos rios e igarapés, por vezes trocam sua morada de lugar, pois não se consideram donos da terra que habitam, mas pertencentes a ela. Recentemente, muitos deles, naturais de regiões alteradas por projetos de exploração da Amazônia, como a Hidrelétrica de Belo Monte, foram deslocados para casas padronizadas na periferia das cidades. Jogados à margem da sociedade e incapazes de se adaptar ao modo de vida urbano, passam a conhecer a pobreza. A proposta é mostrar longas superfícies fluidas com imagens fotográficas impressas em material maleável, trazendo ao espaço expositivo a amplitude desse lugar sem endereço.
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