Descripción de la Exposición
A Solar, neste novo ciclo iniciado em 2018 e com mais uma exposição dedicada a um artista português, prossegue com Rui Toscano a sua linha de programação, promovendo diálogos possíveis entre áreas artísticas supostamente distintas, entre as artes-plásticas, o cinema e a música. Assumindo a divulgação de aspetos particulares na obra de artistas nacionais consagrados como um dos seus propósitos, considerando que Rui Toscano pertence a uma geração que há mais de duas décadas vem marcando o panorama nacional das artes-plásticas e que atingiu repercussão internacional, a galeria propõe uma revisitação de momentos específicos do seu percurso artístico, sobretudo daqueles em que o vídeo – ou a sua projeção – se torna numa das fórmulas possíveis da apresentação final das suas obras. Enquanto instalações, estas obras ganham um novo contexto espacial, de percurso e de significação, que até ao momento não terá sido possível apreciar, articulando-se de forma engenhosa com a arquitetura e com os materiais do próprio edifício, chegando, até, a dispensar a interposição de écrans.
É no processo de construção de cada obra que aqui se apresenta que se encontra, também, a sustentação e pertinência desta exposição. Por um lado, o facto dos vídeos partirem de desenhos, da experiência plástica pura, que por serem filmados e depois projetados, consubstanciam, depois, uma transposição de suportes. Como se o ponto de partida fosse, afinal, o ponto de chegada: do plano do desenho, no qual se adquire uma sintetização da realidade; ao de filmagem e montagem, que o anima e prolonga seguindo impulsos musicais; ao de projeção, onde essa realidade encontra uma nova existência sonora e visual. Por outro lado, a proximidade da obra de Rui Toscano com a cultura pop/rock, não só pelas contaminações subjacentes a um imaginário quase geracional, mas também pela diversidade de interações criativas, sobretudo pelas colaborações com músicos.
O desenho e a música são, portanto, os elementos basilares na conceção dos dispositivos que integram esta exposição e que trabalham imagens em movimento. E a propósito da relevância da música no trabalho de Rui Toscano, na abertura da exposição, propõe-se um concerto de Rafael Toral, performer/compositor da banda sonora de “Journey Beyond the Stars”, acompanhado por Riccardo Dillon Wanke. Sobre a obra de Rui Toscano, em particular de “Antenna”, instalação que integra a exposição, Bruno Marchand escreve:
“À semelhança do que acontece com algumas obras recentes deste artista, Antenna traz para o centro do seu campo de sentido a noção de canal como instância que veicula um processo de conexão ou de transferência, mais do que como suporte de um conteúdo declarado e objetivo. Encapsulada [...] na representação da atividade de uma antena encontra-se, de facto, esta dimensão abstrata do estar entre tanto quanto a imagem áfona de uma encriptação inatingível. Em certo sentido, o que tem lugar num canal não é propriamente determinável porquanto não lhe consigamos vislumbrar um contexto, localizar um referente, um código, uma vontade, uma razão, uma história, um capricho. Ao privar o espectador do acesso a qualquer outra informação que não a indispensável para um reconhecimento, Rui Toscano impõe um caráter absolutamente genérico [...] às antenas que habitam esta exposição. Também por isso, elas são símbolos de uma potência muito mais do que concretizações particulares de uma função. Desta ausência de toda a especificidade sobeja a imagem depurada de um arquétipo, a estrutura descarnada do paradigma comunicacional da nossa era, cuja essência se confunde com a vacuidade expressiva e a cadência binária de um refrão: I’m the Antenna / Catching vibration / You’re the transmitter / Give information.”
Actualidad, 21 nov de 2018
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