Descripción de la Exposición ------------------------------------------------------- ------------------------------------------------------- DERIVA DE OLHARES SOBRE O QUE RESTA DA PAISAGEM Ao revisitar a obra de Fernanda Pisarro, quase sempre observada na incerteza dos tempos e longos afastamentos, sinto uma espécie de urgência em relacionar estas peças decisivas com as horas e os passos na memória de outrora, aproximação às belas-artes naquele convento frio, escasso de meios, inventando a todo o custo as bases de cada um de nós em nome do futuro que só aconteceu já fora dos nossos corações. Não me sinto apresentador de ninguém, nem o professor que fui quando a Fernanda partilhava aquele espaço com os colegas e comigo, ocupando os olhos e a nostalgia em viagens mais verdadeiras, os sonhos e o saber que vejo agora nestes testemunhos de percepções em deriva sobre bocados do mundo ou de certas paisagens, devaneio, poética, as folhas meio secas de um sonho que junta vivências antigas, passos de outrora, com a sua reinvenção pela gravura e pela pintura na ordem do projecto possível agora, entre diferenças e semelhanças da obra de arte enquanto paradoxo, mentira capaz de anteceder consensos formais, a verdade. .... É bom resolver, pelos sentimentos de analogia, este encontro da memória com a persistência, esta viagem (que também cumpro) através de um trabalho bem calibrado e multidisciplinar, os metais dominados pelos fantasmas do desenho, representações de hastes suspensas, folhas em queda, plantas revestindo o que resta de um lugar ou sulcando os caminhos de várias lembranças. Os vidros estilhaçados dizem ainda a janela que foram e é através deles que continuamos a desbravar as atmosferas e marés do espaço marcado de ausências. O medo ao vazio, nestas obras delicadas, quase mais sugeridas do que acabadas, transforma-se em engenhosos processos de camuflagem, riscos cruzados, a mancha da noite envolvendo tudo. É assim e de outro modo ? no instinto da luz que a pintora recupera da experiência real trasladada para o universo plástico. A luz de certas transparências, finos véus sobrepostos, campos matéricos de claridade, fazendo passagens entre duas dimensões, o lugar onde alguém fica na terra sobre a qual corre um carrinho de criança. Esta obsessão não foi resolvida de uma só vez, como na célebre fotografia da enfermeira com máscara de gás empurrando um carrinho de bebé, documento afinal esplendoroso que sobrou da última Grande Guerra.---Delicadamente, Fernanda Pissarro quer saber o destino das coisas simples, entre a luz que desmente uma poderosa coluna às folhas em catedral, descendo ou subindo na caligrafia adulta confrontada com o sépia de retratos antigos e jardins meio perdidos. Repare-se, por isso, na linha, na sombra do temor e na luz que dá sentido às coisas, na morte das folhas perante a vida que se reparte pelos sinais de um vento calado. Texto de ROCHA DE SOUSA, 27 de Novembro de 2009
Delicadamente, Fernanda Pissarro quer saber o destino das coisas simples, entre a luz que desmente uma poderosa coluna às folhas em catedral, descendo ou subindo na caligrafia adulta confrontada com o sépia de retratos antigos e jardins meio perdidos. Repare-se, por isso, na linha, na sombra do temor e na luz que dá sentido às coisas, na morte das folhas perante a vida que se reparte pelos sinais de um vento calado.
Exposición. 17 nov de 2024 - 18 ene de 2025 / The Ryder - Madrid / Madrid, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España