Em sua terceira individual na galeria Leme, Paulo Almeida apresenta a mostra Reflecting the Museums, nova série de pinturas circulares que simulam grandes espelhos convexos, usualmente empregados em vigilância, nesse caso refletindo espaços internos de alguns dos mais conceituados museus de arte contempôranea do mundo, com suas imponentes arquiteturas, questionando seu papel na mediação entre a obra de arte e seu observador.

Em sua série anterior, Palimpsestos, o artista já abordava o seu contexto de produção em telas representativas dos espaços expositivos, uma vez que se deslocava a estes espaços para vizualizar e realizar a obra. Paulo Almeida desenvolve um trabalho amplamente conceitual, processual e em relação estreita com os ambientes que lhe cercam - notadamente, o da arte. O artista se apropria conceitualmente em seu trabalho de todos os outros meios e suportes da produção contemporânea; fotografias, videos, performances, ... instalações e outros, posicionando-se desta forma criticamente no sistema da arte e agregando novos valores ao caráter estático da pintura.

Com trabalhos permeados pela metalinguagem, o artista mantém uma investigação e salvaguarda da história - recente ou não - do local que expõe e que o expõe, posto que o espaço representado pelo artista também é o espaço que abriga sua obra. Paulo Almeida incorpora constantemente novas estratégias e confere à pintura um amplo caráter de site-specific, uma vez que se adapta ao contexto específico de produção de cada trabalho.

Em tempos nos quais se apaga o antigo para conhecer o novo, Paulo Almeida questiona, em expressão estética material, os meios de preservação e exibição de manifestações da arte contemporânea, tanto pela representação de exposições, quanto das obras que dela participam.