Descripción de la Exposición
Gomide&Co e Galeria Marco Zero apresentam a primeira individual de Advânio Lessa em São Paulo
A Gomide&Co e a Galeria Marco Zero têm o prazer de apresentar Redemoinho não leva pilão, primeira individual de Advânio Lessa em São Paulo. Com curadoria de Valquíria Prates, a mostra inaugura o programa anual de exposições da Gomide&Co em 2024. A abertura acontece no dia 06 de março, às 18h, e o período de visitação segue de 07 de março a 04 de maio.
Advânio Lessa (1981) nasceu e vive em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto (MG). Tanto o seu local de origem, marcado pela herança quilombola, quanto os ofícios de seus pais (cesteira e tropeiro) são partes fundamentais do universo no qual se baseia sua poética como artista e agricultor desde a adolescência. Realizando esculturas em escala humana a partir de troncos de madeira de árvores mortas, raízes e trançados de cipó, o artista vincula os conhecimentos da cestaria e da marcenaria com madeiras e fibras encontradas nas matas da região de Ouro Preto, como cipó-alho, cipó-de-são-joão, candeia, jacarandá, folha miúda e alecrim. É em estreito diálogo com esse repertório que Lessa realiza suas obras, nas quais a natureza é uma espécie de coautora. Em entrevista concedida a Valquíria Prates, pesquisadora de sua obra, o artista afirma: “As sensações impressionantes que eu já tive, seja de estética, de energia, de movimento, de equilíbrio, de textura, eu nunca vi nada mais vibrante que a própria natureza. Então, para mim, tudo já está aí. A gente precisa compreender e ser humilde o suficiente para conectar mais com o que já está aí.” (Valquíria Prates, “Em tudo que é grande, a emenda é pequena: uma conversa caminhada com Advânio Lessa”, 2023)
Sempre interessado na capacidade humana de transformar contextos, lugares, situações e relações, Lessa tem em sua pesquisa artística o foco no trabalho, nos saberes e nas espiritualidades dos povos sequestrados da África e trazidos para o Brasil. Para Redemoinho não leva pilão, o artista convida os visitantes a um profundo processo de reflexão em torno de uma das plantas mais importantes ligadas à história da Avenida Paulista: o café. A exposição consiste em um circuito composto por seis esculturas, tramas e flores de cipó-de-são-joão, pilões e milhares de grãos de café em côco que se interligam, formando uma grande instalação que pretende abordar os sistemas de produção em torno do cultivo desta que é uma planta tão comum no cotidiano de pessoas que vivem em todo o país. Planta de caráter mágico em algumas tradições religiosas, o café está presente nas mesas de casas, padarias, restaurantes, escritórios, salas de trabalho, além de nas bancas espalhadas pelas calçadas da cidade, movimentando esforços econômicos e interferindo nos ciclos de atenção há séculos, passando pelas mãos de quem planta e de quem bebe e gerando recursos em abundância.
O título da exposição é inspirado no provérbio Iorubá “Ijì kìí kó gbódó” [O redemoinho não leva o pilão], retirado do livro Owé, de Mãe Stella de Oxóssi, e que celebra a força dos que não são derrotados mesmo em condições e contextos adversos. Procura assim fazer alusão àqueles que são responsáveis pela construção e geração de riquezas, sob todo tipo de violência, opressão e injustiça, em todas as áreas de atuação humana do país. As esculturas a serem apresentadas de maneira inédita na exposição fazem parte da série Nascimento e vêm sendo trabalhadas por Lessa desde 2010, realizadas com madeiras de árvores e épocas diversas das matas de Lavras Novas, no que carregam em si “as histórias dos minerais, insetos e animais que com elas coexistiram temporariamente, camadas abaixo da terra, sobre ela e debaixo das estrelas e planetas que estão sendo com a gente, agora”, segundo palavras do artista. Encontros e conversas sobre modos de produção do café, a possibilidade de instaurar sistemas de bem viver integrados à produção de comida, além de estudos de caso entre a arte e a agricultura, fazem parte da programação pública da exposição.
A proposta de Advânio Lessa para sua primeira individual em São Paulo é uma continuidade de seu processo de pesquisa sobre sistemas de transformação pelo trabalho entre espécies em contextos específicos, que se iniciou com a exposição Se quiser saber do fim, preste atenção no começo (2023), com curadoria de Valquíria Prates. Apresentada no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, a exposição foi realizada pelo Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA) no contexto do Programa Raiz, que investiga a arte contemporânea produzida por artistas da região com mais de 20 anos de carreira.
Sobre o artista
Advânio Lessa (Lavras Novas, 1981) vive e trabalha em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto (MG). Em 2022, foi contemplado pelo Programa Raiz, promovido pelo Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA), que realiza exposição individual e publicação de livro a partir de mapeamento, acompanhamento curatorial e pesquisa para catalogação e circulação do trabalho de artistas contemporâneos com mais de vinte anos de produção em Minas Gerais. Participou de exposições em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG), com destaque para A nova mão afro-brasileira, coletiva com curadoria de Emanoel Araújo no Museu Afro Brasil (São Paulo, 2013), Embrião, Turbulência e Nascimento, individual parte do Projeto Arteminas com curadoria de Sérgio Rodrigo Reis no Palácio das Artes (Belo Horizonte, 2015) e Se quiser saber do fim, preste atenção no começo, individual com curadoria de Valquíria Prates, no Museu da Inconfidência (Ouro Preto, 2023), parte da Semana de Arte Contemporânea do Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA). Suas obras fazem parte de coleções na Alemanha, Bélgica, Estados Unidos e Japão.
Sobre a curadora
Valquíria Prates (São Paulo, 1977) é curadora, pesquisadora e educadora. É graduada em Letras e mestre em Políticas Públicas de Acessibilidade pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Atualmente, é consultora de Artes Visuais do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), do Centro Cultural do Cariri (Crato, CE), do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS-RJ) e do Pólo Sociocultural Sesc Paraty, instituições em que tem realizado pesquisas e mapeamentos de produções de artistas locais, exposições, residências artísticas e programas públicos interdisciplinares de artes visuais. É curadora do Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA) desde 2021.
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España