Descripción de la Exposición
Artistas: Cecília de Fátima, Fátima Abreu Ferreira, Gustavo Costa, Maria Oliveira, Miguel Refresco, Patrícia Afonso, Paulo Pimenta, Rui Pinheiro.
Neste malogrado ano de 2020 fomos todos confrontados com um isolamento. A vida esteve em risco, com mais ou menos teorias da conspiração, com mais ou menos ciência, mas todos tivemos de nos confrontar connosco próprios e com as nossas origens. Não houve Escrituras, nem Vestais que mantivessem o fogo sagrado suficientemente aceso para que a paz tivesse reinado em todos os lares, se nem Roma nem Nova Iorque foram poupadas. Há ícones antigos que nos relembram velhas histórias perdidas, mas de que apenas absorvemos as cores superficiais de rituais perdidos e rituais de fogo que são brasas quase sem chama, quase cinzas.
Mas então, e mais uma vez perguntamos insistentemente, de onde viemos, que seio materno nos trouxe ao mundo cheio de pecados de carne e animais imolados para nosso prazer e sobrevivência? A mão do açougueiro sempre de espada por cima da nossa cabeça. Como responder cabalmente às exigências de um mundo de obrigações laborais que nos agridem e não satisfazem as necessidades mais básicas da maioria da população mundial? Como é possível sobreviver aqui, que futuro nos é possível sonhar se na sua génese os livros divinos só nos ensinam a iniquidade e o horror? Desertos de plástico, chagas abertas e corrompidas por vis metais, e na origem apenas a brutalidade das bestas que todos nós somos e de que temos dado provas desde há milénios.
Faça-se luz sobre todos os pormenores da vida humana, saibamos ver e não só olhar. É da sombra e do caos que somos filhos, mas temos o poder da curiosidade e de a dirigir da matéria para o outro, que não somos nós. Talvez a solução seja então continuar com o adverso e o medo do desconhecido dentro e com amor ao outro, ao diferente, ao diverso seguirmos a natural necessidade de nos darmos uns com os outros. É isso o amor, é essa luz sobre as lides diárias que nos ocuparam meses a fio a que temos de prestar atenção, para que a nossa vida em vez de se centrar no ventre escuro, se vire para quem o transporta. Talvez aí já se possa pensar em recomeçar, com o Génesis aceite e o Cântico dos Cânticos por revelar.
Com a força dessa dúvida recomecemos, pois não há vida sem passado, mas façamo-lo sem negar as nossas origens mais brutais, com o fito de alcançar a verdade, a nossa, a do outro, a da humanidade, que é tão masculina como feminina.
Procuremos apaixonadamente todos os jardins de todas as delícias e vivamo-las, só assim as podemos perpetuar além da morte que é o esquecimento. Porque recomeçar é ter um rio a correr nas veias, sabemos a nascente e procuraremos um mar, na poesia e no amor. Reconstruir a paz imaginada por nós com o outro, o diverso e isso é a vida.
Francisca Sinde
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