Descripción de la Exposición
Na tradição grega, Quimera (para nós, ilusão, sonho impossível) era um monstro de aparência híbrida, que reunia partes de diferentes animais. A Quimera de Pablo Boneu (Córdoba, Argentina, 1969), artista que realiza sua primeira individual no Brasil pela Galeria de Babel com curadoria de Jully Fernandes a partir de 9 de junho, é feita a partir de colagens com restos de notas (todas em circulação) de diversos países, trituradas por uma máquina criada pelo artista especialmente para este fim - Money Destroyer - e remontadas, recompondo a nota na recriação de outros sentidos e personagens, a partir da mesma colagem.
Na mostra, estarão expostas 12 fotografias realizadas a partir da trituração e recolagem do dinheiro de diversos países, além de mil notas de um dólar também trituradas e remontadas com impressão em adesivo vinil sobre alumínio e imãs. As mil notas, que estarão dispostas em um dos ambientes da galeria, compõem, originalmente, o painel Esta obra não vale um dólar, uma das mais representativas de Boneu, onde mil notas de 1 dólar foram trituradas em 36 mil pequenas tiras e reconstruídas em um trabalho final, que pode ser visto em três etapas, como será possível ver na individual do artista, a primeira com as notas reconstruídas da maneira original, depois as notas um pouco modificadas, e a última com notas totalmente misturadas, praticamente irreconhecíveis - apenas pedaços de papel. As mil unidades que compõem uma mesma obra de tiragem limitada, são assinadas, numeradas e poderão ser vendidas separadamente.
Essa forma de Boneu relacionar-se com o dinheiro teve início há dez anos, quando pediu mil dólares emprestados a um amigo, Cláudio, para sair da Argentina. Ao regressar, três anos depois, procurou o amigo para devolver a quantia e teve uma surpresa: Cláudio recusou. Quando voltou para o México, começou a pensar como poderia retribuir tal favor - o dinheiro, que pouco significava para o outro, havia sido de enorme valor para o artista e mudado sua vida radicalmente. A solução encontrada por Boneu foi transformar o dinheiro em algo que tivesse para o amigo um significado parecido com o que teve para ele. E assim surgiu a ideia de converter mil dólares em uma obra de arte: um mural de 4,2 metros de comprimento e 2,7 de altura, feito com dólares de uma mesma série (S03A B85959001E).
As criações de Boneu propõem resignificar o valor do dinheiro, subvertendo a ordem vigente que, segundo o artista, contribui para confundir o verdadeiro valor que as coisas possuem. Boneu questiona como é possível trocar pedaços de papel por alimento ou qualquer outro produto. Quando você tritura as primeiras notas, se dá conta que elas não passam de papeizinhos", reflete o artista.
Durante o período em que criava suas obras, Boneu destruiu, sem remorso, dólares todos os dias. Mesmo não tendo dinheiro - ele não conseguiu pagar o aluguel de seu apartamento e chegou a se definir como um desempregado destruindo o pouco dinheiro que lhe restava - o artista afirma que "Minha mostra fala sobre o empenho de construir uma realidade inútil, e dos monstros que surgem dela". Boneu questiona o que é o dinheiro nos dias de hoje e qual seu real valor.
Em seu livro, "Instruções para Destruir Dinheiro", Boneu explica que "apenas 5% do dinheiro existente no mundo é emitido pelos governos, o resto os bancos criam toda vez que alguém faz um empréstimo: pessoas, instituições e até mesmo o governo. (...) Mas quanto dinheiro se pode criar desta maneira? A resposta é mais intrigante que a pergunta: quanto quiserem."
O artista estará presente na abertura da exposição para autógrafo do livro "Instruções para Destruir Dinheiro" e para realizar a visita guiada da exposição.
Durante a exposição, que termina dia 31 de julho, os visitantes poderão testar a máquina "Money Destroyer", que já foi destaque durante a SP Arte. Algumas obras estarão à venda, porém não todas. Afinal, algumas "possuem valor, mas não preço".
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