Descripción de la Exposición
Primeira exposição individual do artista PV Dias (Belém, PA - 1992) na galeria! Com amplo reconhecimento institucional, o jovem artista paraense já conta com obras nos acervos permanentes do Museu de Arte do Rio (MAR), o Museu Nacional de Belas Artes e, mais recentemente, o acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). Para sua primeira mostra individual na galeria, Dias apresenta sua pesquisa em torno da estrutura racial no contexto prisional brasileiro a partir de intervenções em arquivos históricos, exibidas em dois núcleos distintos: “Que Tenhas o Corpo” e “Noite de Pau e Corda”, ambos abordando a privação de liberdade e os mecanismos de controle social historicamente atrelados ao racismo estrutural.
“Eu cresci em um núcleo familiar envolto por carimbos, prisões e sentenças. (...)” afirma o artista; “É um trabalho profundamente pessoal, que ao mesmo tempo dialoga com o debate sobre o abolicionismo penal, tema urgente em tempos de violência policial exacerbada em São Paulo e no Brasil. Assustado diante de uma onda gigantesca de violência policial que nunca cessou, pesquisei as primeiras — e talvez únicas — fotografias de pessoas negras do século XIX que têm registrados os nomes das pessoas retratadas, todas condenadas na ocasião por algum tipo de crime”. Desta forma, PV Dias dialoga no primeiro núcleo com o arquivo da Biblioteca Nacional, ao “absolver” simbolicamente a imagem de 100 pessoas negras registradas no “Livro de registros contendo histórico de condenados e suas penas”, datado do século XIX. O ato de carimbar repetidamente esses registros busca restituir a dignidade e memória desses indivíduos, ampliando a leitura do documento e subvertendo a lógica de apagamento.
Já nas pinturas de “Noite de pau e corda”, o artista reconstrói uma cena histórica de abordagem policial na Belém do início do século XX, na qual a uma noite de Carimbó é interrompida pela polícia. Manifestação musical de origem afro-indígena do século XVII, o Carimbó que hoje é celebrado no atual estado do Pará foi, em determinado momento, proibido pelo Estado para “evitar a desordem pública”. Partindo do deslocamento de vivências temporais e locais, PV faz uso dos sons, pinturas, gravuras, arte digital e fotografia de arquivos públicos ou pessoais, para contextualizar as relações e influências raciais moldadas pelas disputas de poder presentes na história do Brasil. Embora a exposição evidencie um sistema historicamente falho e contraditório, perpetuado de formas brutais, a estética figurativa, gráfica e colorida procura ressignificar essas narrativas. Ao recorrer a uma linguagem local, popular e decolonial, o artista apresenta histórias de tal forma a também subverter as tradições do meio artístico hegemônico.
Exposición. 18 feb de 2025 - 15 jun de 2025 / Museo Nacional del Prado / Madrid, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España