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Proyecto Foyer: Tropical

Exposición / Museu de Arte Moderna (MAM) - Rio de Janeiro / Av Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo / Rio de Janeiro, Brasil
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Cuándo:
11 feb de 2012 - 15 abr de 2012

Inauguración:
11 feb de 2012

Comisariada por:
Felipe Scovino

Organizada por:
Museu de Arte Moderna (MAM) - Rio de Janeiro

Artistas participantes:
Pedro Varela

       


Descripción de la Exposición

Desde 2011, Pedro Varela vem explorando uma nova fase em sua produção, que é definitivamente o que se apresenta nesta exposição. São pinturas em acrílica cujo mote advém do conceito de natureza-morta, que discutirei mais à frente. O curioso é colocar esse 'novo' em questão. O trabalho de Varela constitui-se em uma coerência que cada vez mais seacentua. Mesmo sendo pinturas, a instância do desenho e de sua delicadeza mais sutil -características de fases de outrora- estão presentes. É uma pintura que se alimenta do desenho, e vice-versa. O pincel em determinados momentos vira uma ponta-seca, tal a precisão e a suavidade com que essas ornamentações são criadas. Varela abdica do caráter projetual que o desenho poderia ter, para incluí-lo, experimentá-lo e condensá-lo à pintura. Uma suposta autonomia que eles -pintura e desenho- poderiam ter é desmascarada por essa confluência que a obra de Varela emprega. Por outro lado, a aquosidade do acrílico empregada pelo artista reordena aquilo que poderíamos chamar de erro, isto é, o transbordamento da tinta não é algo fortuito; pelo contrário, as marcas, texturas e manchas tecem uma ambientação que reforça a ideia de essa natureza estar flutuando. Esse dado etéreo, construindo um jogo de sombras e volumes que denota essa suspensão da matéria, e o fato de Varela retirar os objetos de sua banalidade e seu prosaísmo encontram ressonâncias nas influências assumidas do artista: Archimboldo, Eckhout e Guignard. Este último, ainda mais, por conta do desempenhoproblematizador do seu trabalho na concepção da chamada pintura de paisagem, e em especial por seu gosto pelo caprichoso e pelo decorativo.

A natureza-morta é algo que se confunde com a própria história da arte, e com a ideia de moderno, se nos detivermos ao exemplo de Cézanne. Contudo, na obra de Varela, o 'modelo tradicional' de natureza-morta é substituído por uma vegetação que habita uma zona fronteiriça entre fantasia e realidade. Perguntamo-nos se essas plantas existem.Provavelmente não, mas existe uma chance de não existirem. Elas poderiam existir, talvez, a léguas e léguas no fundo do mar, e portanto nunca teríamos certeza da existência delas. Varela nos apresenta, pouco a pouco, a cartografia de um mundo imaginário, como se em algum momento e de alguma forma ele pudesse existir, acabando por se conectarcom as 'fabulações produzidas pelo mundo real', tais como a literatura (fantástica, passando por Júlio Verne) ou o cinema (os filmes de ficção científica ou os chamados 'filmes de aventura'). Essa contradição -da aparição da forma- é explorada pela própria dificuldade histórica em se encontrar o pigmento azul.

Suas naturezas-mortas variam entre um estereótipo (psicodélico) da tropicalidade e o kitsch. A chamada pintura de paisagem, assim como o desenvolvimento da natureza-morta e do retrato na história da arte brasileira entre os séculos XVII e XIX, possui um caráter de construção de uma identidade e de um lugar que não necessariamente correspondiam à realidade, mas que criaram e sustentaram por muito tempo uma série de mitos e alegorias sobre o que deveria ser o Brasil. Como acentua Barbara Berlowicz sobre a obra de Eckhout: 'O escravo negro com sua espada majestosa, a arma preciosa do mestiço e, sobretudo, a mulher canibal Tapuia segurando restos de um corpo humano estão em tão perfeita consonância com a visão e o esquema preconcebidos do mundo não europeu, que se mostrariam falsos se submetidos a um exame acurado.' 1 É um exemplo de o quanto o estereótipo a respeito da nossa (suposta) identidade é documentado/sustentado há muito tempo. Uma identidade que se confunde com a ideia de tropicalidade, que, por sua vez, varia da sua aparição entre o mito da malandragem e do gingado aos tecidos kitsch de mesa de bar e cortina. E é nesse último exemplo, aliando-se a um dado jocoso, de uma fina perversidade, de contrapor ao desejo do que se espera a respeito de uma natureza-morta, que a obra de Pedro Varela também se coloca.


Imágenes de la Exposición
Pedro Varela

Entrada actualizada el el 26 may de 2016

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