O que conduz o Prospecto - no sentido de "programa" ou "perspetiva" - de André Guedes é, acima de tudo, a reflexão sobre o trabalho. A partir do caso concreto do universo fabril da Covilhã, e de uma apurada investigação sociológica e antropológica, o artista vai atrás das teias que a rede laboral tece. Chega aos efeitos da crise mas também à produtividade enquanto forma de realização pessoal, à vida em comuna e à ligação com o ócio. Com formação em arquitetura, mas muito interessado desde sempre em artes decorativas (na senda do britânico William Morris, por exemplo), André Guedes chama frequentemente a atenção para a narrativa do objeto. E aqui, a partir da utilização do tecido, criou várias narrativas em suportes diferentes. Que foram apresentadas individualmente e se reúnem agora, pela primeira vez, no Pavilhão Branco, como um todo a que foram acrescentadas novas partes.