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PROJETO RESPIRAÇÃO #15 ANOS | 2004 – 2019

Exposición / Casa Museu Eva Klabin / Av. Epitácio Pessoa, 2480 - Lagoa / Rio de Janeiro, Brasil
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Cuándo:
14 sep de 2019 - 17 nov de 2019

Inauguración:
14 sep de 2019

Comisariada por:
Marcio Doctors

Organizada por:
Fundação Eva Klabin

Artistas participantes:
Anna Bella Geiger, Anna María Maiolino, Arthur Bispo do Rosário, Brígida Baltar, Carlito Carvalhosa, Chelpa Ferro , Claudia Bakker, Daniel Blaufuks, Eduardo Berlíner, Enrica Bernardelli, Ernesto Neto, Frans Krajcberg, Hilton Berredo, João Modé, José Bechara, José Damasceno, Laura Lima, Marcos Chaves, Maria Nepomuceno, Marta Jourdan, Nelson Leirner, Nuno Ramos, Opavivará! , Paulo Vivacqua, Regina Silveira, Rosângela Rennó, Rui Chafes, Sara Ramo

       


Descripción de la Exposición

RESPIRAÇÃO #15 ANOS “Talvez se pudesse dizer que certos conflitos ideológicos que animam as polêmicas de hoje em dia se desencadeiam entre os piedosos descendentes do tempo e os habitantes encarniçados do espaço”. Foucault¹. O projeto Respiração é uma proposta de dessacralização; de permitir que a densidade do tempo histórico seja permeada pela voracidade pulsante dos “habitantes encarniçados do espaço” (Foucault) no maior dos templos da contemporaneidade, que é o museu de arte. É nele que são guardados os vestígios sagrados, que secretamente sobrevivem ao tempo, insistindo em permanecerem no espaço, como sopros de vidas que não querem ser desfeitos pelo tempo. É no museu que guardamos o tempo e foi nesse templo que ousei há 15 anos pensar em fazer que o espaço respirasse pelos poros da epiderme sensível do tempo. Do tempo agora. Do tempo aqui. Experimentar vendo como era possível que o clamor do atual se defrontasse com o sono parestésico do tempo, que sobrevive através das ficções históricas, alimentando o devir, que se faz futuro no presente. É desse tempo (quase atemporal) que o RESPIRAÇÃO trata porque anseia pelo espaço. Quer tanto a força da presença do espaço, que ao tempo museu não restou alternativa a não ser curvar-se e resignar-se a que, um dia, aqueles vestígios de espaço do tempo contemporâneo serão vestígios de tempo histórico também. Todos os que por aqui passaram, e fizeram o RESPIRAÇÃO, fizeram-se tempo presente. Alimentaram a vaidade desse espaço que ansiava por ser para além do sonho de Eva Klabin. Fizeram-se tapetes voadores levando-nos de um tempo a outro, reinventando o espaço, nesse templo do tempo. Ah! A nostalgia do tempo… que insiste em ser como a procura do cego com sua bengala a beira do abismo, buscando o espaço tátil do vazio. É sobre esse risco que vos falo. Sobre esse limiar inebriante do cotidiano, que palpita entre as certezas e as incertezas de sermos para além, sendo aqui. São esses os poros da epiderme tempo, que se contrai e se dilata reconhecendo-se e desconhecendo-se, fazendo o espaço respirar. Paul Valéry foi quem matou a charada ou a cilada ou quem talvez tenha chegado mais próximo do segredo que alimenta a esfinge arte (decifra-me ou devoro-te), ao enunciar: “O mais profundo é a pele”, que é o lugar onde estamos enquanto somos: no limiar da epiderme. O fora do dentro, o dentro do fora. É nesse lugar que a arte se reinventou, quando a ruptura pós-neoconcreta (Lygia Clark | Lygia Pape| Hélio Oiticica) ousou pensar que a obra de arte, só se faz quando se realiza na impregnação vivente de quem a experimenta. Entende-se fazendo. Não há uma supremacia da transcendência monopolizada pela alma privilegiada do tempo (o artista), nem a presença monolítica e enigmática do espaço (a obra de arte), mas a pulsão ativa de quem a vivencia, abrindo os flancos da respiração, produzindo o acontecimento arte, que não é outra coisa senão a identificação no fazer: a empatia. Reconhecer-se na identificação: encontro-me enquanto faço; descubro-me ali, experimentando; ali me reconheço, reconhecendo as setas do espaço, no meu tempo. É um ato em processo, que pertence a um, nenhum e cem mil (Pirandello). O RESPIRAÇÃO tem, na sua origem, fazer a exegese da ruptura pós-neoconcreta. O projeto busca explicitar a pulsão que existe em nós entre o dentro e o fora. Entre o Eu e o outro, quando somos também o outro do outro. Quando percebemos que o espaço fora de nós no qual vivemos não é um vazio, mas um espaço tão real e concreto quanto o nosso corpo, como se fôssemos ora o verso, ora o anverso desse espaço. É o vazio pleno (Lygia Clark). Se há um espaço interior pleno, não significa que vivemos, em contraposição, em um espaço exterior vazio. O espaço no qual vivemos, pelo qual somos atraídos para fora de nós mesmos, no qual decorre precisamente a erosão de nossa vida, de nosso tempo, de nossa história, esse espaço que nos corrói e nos sulca é também em si mesmo um espaço heterogêneo ². É desse e nesse espaço heterogêneo, que o RESPIRAÇÃO quis fazer-se real. O projeto nasce do desejo de provocar a colisão de dois espaços, que desencadeasse em um; a transparência do tempo do outro. Um outro museu possível dentro de um museu, fazendo com que a irredutibilidade de um brilhasse ao encontrar-se com a irredutibilidade do outro. Marcio Doctors Curador [1] Foucault, M. 2013. Outros espaços. In: Barros da Mota, M. (org.). Ditos e escritos III. Estética: literatura e pintura, música e cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013, p. 142. [2] Ibid., p. 414


Entrada actualizada el el 19 ago de 2021

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