Descripción de la Exposición
Artistas: Almudena Lobera | Anthony Goicolea | Carla Cabanas | Gohar Dashti | Irene Grau | Isabel Brison I Jessica Backhaus | Manuel Vilariño | Marco Pires | Mónica de Miranda I Sara Ramo | Sérgio Carronha | Yto Barrada
Em cada um de nós existe um fascínio por tudo aquilo que está para além da nossa própria existência, dando origem a uma falsa sensação de eternidade, que mais não é do que o resultado de "uma seleção de espaços a destruir ou a preservar de cada momento".
A paisagem contemporânea, na sua quase totalidade, resulta das alterações subjacentes à ocupação humana que, por diferentes motivos, encontrou razões para aí se fixar, adaptando o entorno às suas próprias necessidades de fixação e de desenvolvimento. Assim, a paisagem pode ser entendida, antes de mais, como uma construção cultural, na qual a sua condição natural estaria diretamente relacionada com o conceito de natureza estabelecidos em diferentes contextos históricos e sociais. Se entendemos a ideia de paisagem como algo que se constrói e reconstrói, ou seja, como um construção mental que começa no momento em que olhamos para o território, não podemos deixar de pensar a mesma como uma resposta às crenças, conhecimentos e desejos que definem o mundo em cada momento. Ao fazê-lo, seguimos a ideia Kessleriana de que "a paisagem não é uma realidade em si, separada dos olhos de quem contempla".
Quando nos aproximamos do conceito de paisagem a partir destas premissas, o mesmo se transforma numa forma de conhecimento, um meio para a compreensão do ambiente em que nos movemos, porque “não só nos mostra como é o mundo, mas também é uma construção, uma composição, uma maneira de o ver”.
Através da exposição Prelude to a Landscape pretende-se refletir sobre a paisagem e o território, designadamente, como são interpretados, construídos e reconstruídos estes conceitos a partir de um posicionamento artístico.
A partir deste conjunto de obras, com diferentes abordagens ao conceito de paisagem e à construção de espaços imaginários, procura-se aprofundar sobre quais são as grandes preocupações deste grupo de artistas, mostrando um corpo de trabalhos que revela linhas de investigação próximas da arquitetura, da geografia, da antropologia, da sociologia, entre outras.
Num primeiro momento procura-se saber o que acontece se a obra de arte não é a representação da paisagem, mas sim a própria paisagem. Historicamente, a paisagem passou de um fragmento no fundo dos retratos, sacrificados em prole do tema principal, a um descobrimento por si só. Aqui se vislumbra um deslocamento consciente da realidade, como contraposição ao visível através do imaginado e longe do conhecido. Mais do que uma mimesis, pretende-se enunciar diferentes abordagens ao processo construtivos de novos espaços, muitas vezes baseados no imaginário do artista. Nesta aproximação, segue-se a ideia Platoniana que não assume a mimesis como algo importante, já que, se assim fosse, seria apenas uma cópia da aparência das coisas e, portanto, longe do mundo das ideias.
O segundo momento desta exposição procura reflectir sobre os modelos de interpretação e representação do espaço e, por conseguinte, da paisagem. Estes modelos de interpretação e representação estão cada vez mais próximos das novas tecnologias, veículos privilegiados para a compreensão do espaço e das relações geradas entre indivíduo e natureza. Os modelos tridimensionais, a fotografia aérea, as imagens de satélite ou as ferramentas de geolocalização são instrumentos cada vez mais comuns nas representações de espaço físico. Isso torna-se claro quando nos deparamos com o corpo de trabalho deste segundo núcleo. Como Kemp argumenta, "os mecanismos de percepção (inatos ou adquiridos) encontraram expressão nos sistemas de representação espacial", sejam os mesmos arcaicos ou de ponta. Este grupo de artistas recorre a estes sistemas, enfrentando-os por vezes, de modo a tomar possível uma forma para mostrar um novo caminho para interpretar o que é visto, a partir de um campo não científico.