Descripción de la Exposición
É preciso libertar-se da pintura para finalmente pintar. Eis o que o artista fará ao longo de todos estes anos. Embeberá folhas em azeite para representar a transparência. Esgotará as qualidades da grafite que usa em estado bruto, por vezes, inserida num berbequim para realizar um Noyau cosmique (Núcleo Cósmico) ou diluída para «pintar a grafite». Questionará o apagamento e a presença. Aliás, existe um Mur de l'effacement (Muro do Apagamento) na obra de Yazid. Mas a pintura permanece. E é preciso voltar a ela. Se mantém para esta ilustre prática o mesmo suporte, a tela e o bastidor, o artista utiliza um novo método para que a cor se junte à tela. Pintará com fio-de-prumo. De novo, a ferramenta do operário. «Cada linha é uma série de impactos sobre a tela realizada com fio-de-prumo embebido em tinta».
Peço-lhe para me mostrar o processo. Ao primeiro gesto, a pintura revela-se. É uma questão de música. São pautas de música. De forma clássica, com cinco linhas, por vezes com quatro, como se fosse compor um canto gregoriano, ou ainda, apenas uma linha para os instrumentos de altura indefinida. Pautas de música sem notas, por conseguinte, silenciosas. Muitos artistas tentaram aprisionar o som. É conhecido o célebre piano de J. Beuys envolto em feltro. Eis-nos agora perante um pintor que regista a «sua música» numa tela com os gestos delicados e certeiros de um tocador de Qanum.
Extracto do texto Partitions Silencieuses de Abdelkader Damani (2015) escrito para a exposição individual Portée de Yazid Oulab na Galeria Selma Feriani em Tunis.
Yazid Oulab (DZ/FR, n. 1958 em Constantine, Argélia; vive em Marselha) licenciou-se na Escola de Belas-Artes de Argel em 1985, tendo estudado posteriormente na Escola de Belas-Artes de Marselha. Em 2009 foi convidado para uma residência artística no Atelier Calder em Saché, Touraine. Oulab expôs de ambos os lados do Mediterrâneo e por todo o mundo. Integrou inúmeras exposições colectivas em instituições como o Institut des Cultures d'Islam (Paris), Centro Georges Pompidou (Paris), o Grand Palais (Paris), o Lille Métropole Musée d'Art Moderne, d'Art Contemporain et d'Art Brut (Lille), o Museum of Old and New Art (Australia), o Musée des Abattoirs (Toulouse), o FRAC de Lorraine e Picardie, o Château de Servières em Marselha, a Haus der Kunst em Munique, o MUDAM (Luxemburgo), o Circulo de Bellas Artes em Madrid e o MNAC (Bucareste), entre muitos outros.
Das suas exposições individuais destacam-se Portée (2015), Galeria Selma Feriani, Tunis ; Survivances, Galeria Caroline Pagès, Lisbon; Noyau cosmique (2013), Galeria Eric Dupont, Paris; Yazid Oulab (2013), comissariada por Pascal Neveux, FRAC Provence-Alpes-Côte d'Azur, L'ère du graphite (2012) e L'âge du graphite (2011), Galeria Eric Dupont, Paris; Tailler la montagne (2010), ESAC, Pau, França; Atelier Calder, Saché, França; Maison Max Ernst, Huismes, e Le lien, Centre d'Art Contemporain, Saint-Restitut, França em 2009.
O seu trabalho faz parte de diversas coleções públicas, entre as quais a do Musée National d'Art Moderne (MNAM)/Centre Georges Pompidou, Paris; do Museu de Serralves, Porto; do Fonds National d'Art Contemporain, Paris; do FRAC Picardie, Amiens, França; da colecção municipal da cidade de Marselha, França e do Museu Les Abattoirs, Toulouse, França, assim como da colecção da Fundação Musée d'Art Moderne Grand Duc Jean, Luxemburgo.