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Por um sopro de fúria e esperança. Uma declaração de emergência climática

Exposición / MuBE - Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia / Rua Alemanha 221, Jardim Europa / São Paulo, Sao Paulo, Brasil
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Cuándo:
30 oct de 2021 - 30 ene de 2022

Inauguración:
30 oct de 2021 / 11:00

Comisariada por:
Galciani Neves, Natalie Unterstell

Organizada por:
MuBE - Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia

Artistas participantes:
Juliana Cerqueira Leite, Leda Catunda Serra, Sandra Gamarra Heshiki, Vânia Mignone

ENLACES OFICIALES
Web 

       


Descripción de la Exposición

A vida como a conhecemos só existe graças ao sopro. Todo ser vivo existe articulando sopros: respiração, digestão, comunicação, movimentos de percepção com o meio com o qual interage. É graças ao sopro e no sopro que habitamos, manejamos, acontecemos no mundo. Nascemos e nos revelamos como seres vivos com o nosso primeiro sopro. Uma vida se finda quando cessa o sopro. Um sopro é uma vibração incessante e incansável de fluxo de matéria com o mundo. Nós nos constituímos dos inúmeros sopros que nos antecederam. Sopros ancestrais nos guiaram e nos desenharam – desde quando éramos átomos, mitocôndrias, seres primordiais coabitando Gaia. Estar nessa imersão de sopros é participar de uma rede imensa de conexões em que a presença dos seres vivos determina e influencia o estatuto do meio. A atmosfera, a biosfera, a criosfera são a expressão de nossos sopros, ao passo que nossa vida é um fenômeno completamente ligado a elas, aos seus acontecimentos. E, por isso, somos capazes de transformar os ritmos de todas as existências. Estamos na era das mudanças climáticas. Há mais de um século, sabemos que a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento de florestas e outros ecossistemas poluem o meio ambiente e alteram a atmosfera. O efeito dessa poluição em larga escala cria instabilidade em todos os ecossistemas e lugares da Terra, como diagnosticado pelo Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). É premente: somos um breve, brevíssimo, capítulo da história memorável da Terra, mas, nesse ínfimo tempo, dominamos quase tudo de vivo que há. Extinguimos espécies, destruímos ecossistemas, afetamos biomas. Nesse sentido, precisamos, para começo de conversa, assumir a assimetria da humanidade na responsabilidade pelo risco de romper os limites do planeta. Somos corpos indigestos para um planeta que se comove e nos responde com catástrofes cada vez mais violentas. É diante dessa voz não humana que se dirige a nós, contestando nosso poderio tecnoeconômico e nos convocando a sermos seus aliados, que a mostra “Por um sopro de fúria e esperança” se constitui. Sua vocação mais importante, assim desejamos, é a educação: como habitar um mundo sem romper os limites considerados seguros para a vida na Terra, a convocação de todas e todos para ações de transformação, a sensibilização sobre a emergência climática, o pensar/agir diante da necessidade de transição para uma economia livre de poluição. A mostra se organiza no MuBE a fim de intensificar e compartilhar elos e diálogos, já existentes, entre as reflexões, lutas, pesquisas e trabalhos de artistas, ambientalistas, cientistas e ativistas, em sua maioria brasileiros e latino-americanos, que se espacializam em cinco eixos provenientes de questões fundamentais para o debate sobre a emergência climática. São eles: águas, crítica aos modelos de desenvolvimento intensivo em carbono, queimadas e desmatamento, redesenho geográfico e agenda positiva de ações de adaptação, de resiliência e de enfrentamento no processo de transição para baixa emissão de carbono. “A Terra pode nos deixar para trás e seguir o seu caminho. É preciso imaginar outras formas de estar aqui. Assim, (...) entramos na esperança”, nos disse Ailton Krenak, escritor, ambientalista e líder indígena. Essas palavras invertem a responsabilidade humana. Não tratam de um mero desenho de boas soluções e invenções para seguirmos vivendo. Como imaginação, podemos pensar em nos livrar de uma perspectiva de mundo, na qual cremos que somos nós que definimos todos os rumos. É preciso largar essa prepotência e transformar o nós no Antropoceno. Como esperança, podemos perceber as práticas de construção de um tempo futuro, um quase agora em urgência. Um tempo em que muitas mãos em comunidade atuam para amenizar nossa presença material. Um tempo para manejar o corpo com a terra. A esperança, como a propomos e percebemos nas narrativas aqui reunidas, não é uma sensação otimista ou passiva, tampouco a negação de um presente que se impõe. Esperança é a força que nos move a ações de construção de outras realidades, o que nos reivindica gestos de criação, o que nos faz romper a anestesia. A esperança, portanto, é alimentada pela fúria – o impulso de movimento, uma espécie de ímpeto de mudança profunda de atitude, de enfrentamento. A humanidade sempre enfrentou catástrofes. Elas são sinais dos nossos tempos e têm a potência de nos apontar uma presença maior que nós, que pode nos ultrapassar. Cientistas, ambientalistas, ecólogos calculam riscos. Indígenas, ribeirinhos, quilombolas resistem e ensinam a enxergar o mundo sob outra luz. São diversas cosmovisões que observam e projetam eventos climáticos extremos, escassez crônica de água, avanço do mar sobre as costas, diminuição da produtividade de alimentos, extinção de espécies, refugiados climáticos, desaparecimento de povos e culturas. Há tempos já sabemos por muitas vias sobre nossos futuros. Mas a emergência climática configura um chamado a ser atendido de imediato. É preciso escutar, nos atentar a estes sopros da vida e, como diz o filósofo Emanuele Coccia, “fazer mundo, se fundir nele, e desenhar de novo nossa forma”. Curadoría: Galciani Neves y Natalie Unterstell


Entrada actualizada el el 15 dic de 2021

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