Luciana Brito Galeria apresenta “Polifonia Campana”, a primeira exposição de Fernando e Humberto Campana, artistas que recentemente se juntaram ao seu programa de artistas representados. Dissipando as barreiras entre as expressões artísticas, a parceria corrobora com o objetivo da galeria em abarcar cada vez mais a multidisciplinaridade em seu escopo de atuação. “Polifonia Campana” traz ao público não apenas a polivalência do trabalho dos irmãos Campana, mas também a representatividade de uma trajetória contínua e consistente, enraizada na verdade dos materiais, construída pelos artistas em quase quarenta anos de trabalho.
Na totalidade, cerca de cinquenta trabalhos, na maioria inéditos, ocupam todos os espaços da galeria, de maneira a estabelecer um diálogo direto com a antiga residência projetada por Rino Levi e paisagismo de Burle Max (original de 1958), ativando suas características habitáveis e criando contrastes pela justaposição de materiais. Trata-se de uma ocupação que transforma a galeria e apresenta, pela...primeira vez, a pluralidade do “DNA Campana”. Campana, palavra que significa “sino” em italiano, reverbera no título “Polifonia Campana” em uma sonoridade visual que transpõe nossos sentidos e evoca a identidade brasileira por meio dos materiais, formas, cores e texturas.
Todos os cômodos da casa são ocupados por trabalhos que estabelecem um diálogo entre o vernacular, um leitmotif nas composições dos irmãos, e o projeto modernista da casa. Materiais como o carvão, o bambu e o isopor, revelam contrapontos com elementos clássicos como o concreto, o vidro e a madeira. Como um dos destaques, Fernando e Humberto Campana desenvolveram uma série inédita de peças em terracota para ocupar o Espaço Anexo da galeria. São pequenas mesas e luminárias que resgatam tanto a tipologia regional brasileira, quanto a memória afetiva dos artistas. Voltando às suas origens em Brotas, no interior de São Paulo, revisitam suas relações com seu entorno na infância e adolescência, e a descoberta de um dos primeiros materiais do seu repertório: o barro. Essencial na cultura vernacular brasileira, ele recebe tons de contemporaneidade nas mãos da dupla, elevando-o do banal ao original.
A manifestação dos materiais é algo que sempre conduziu a pesquisa dos irmãos Campana, conferindo identidade e revelando histórias. Além do sofá “Cratera” (2022), confeccionado manualmente em couro e isopor, o estúdio criou para a Sala Modernista a luminária “Babel” (2022), as mesas e aparador “Cobogó” (2020) e a instalação “Botânica” (2022), esta que conecta o jardim e a sala por meio da transparência. Para o antigo dormitório da residência, a cama “Corallo” (2019) e o espelho “Carvão” (2022) remontam o ambiente mais íntimo da casa. Já os jardins de Burle Marx, recebem o sino em bronze “Campana de Carvão” (2022), bem como os vasos em aço inox “Cocar” (2022), “Ocupação Urbana” (2022), “Etérea II” (2022) e “Etérea I” (2022), que ficam na entrada da galeria.
Para além do design, o ensemble de obras reúne também trabalhos solo, atestando sua independência criativa, como as esculturas de Fernando Campana, que trazem a junção de materiais diversos e antagônicos, como chumbo, plástico, madeira e resina, bem como uma seleção de desenhos sobre papel. Na ocasião, o acervo da galeria também contará com obras do Instituto Campana, cujo trabalho filantrópico destina toda a renda das vendas para programas educativos de arte e design.
Entrada actualizada el el 01 nov de 2022
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