Descripción de la Exposición
Ana Sario busca traduzir, por meio de suas pinturas, os estados de espírito ou sensações que imagens ou situações de contemplação causam em nós: os muitos tons de azul que se encontram e se modificam lentamente no céu do fim do dia, a vista do jardim interrompida por uma cortina persiana cor-de-rosa, um campo vasto florido que alcança até o infinito o nosso campo de visão, ou até mesmo a luz intensa da manhã que atravessa, pelas frestas, um arbusto de hibiscus. O assunto da janela, aliás, aparece no trabalho de Sario sob abordagens diversas, trazendo à reflexão os aspectos do olhar: quando em paisagens longínquas que nunca acessaremos em sua totalidade, ou em naturezas-mortas compostas por vasos de plantas ou bibelôs tão ao alcance das mãos; quando em telas que, compostas por fitas isolantes, tijolinhos de barro ou pela ação que simula o próprio tecido que serve de suporte, parecem vedar algo que está por detrás, mas que na realidade já é ali a pintura em si.
Em Polaroid, Sario explora esse assunto aproximando-se mais explicitamente das discussões em torno da imagem fotográfica. Ao fazer clara referência em suas pinturas ao formato da fotografia instantânea que dá título à exposição e ao se utilizar de imagens coletadas na internet ou produzidas pela câmera do celular, a artista propõe uma reflexão sobre a nova dinâmica da contemplação à qual estamos submetidos na era digital. Há uma justaposição de temporalidades nesse conjunto de pinturas: o tempo acelerado dos olhos que ansiosos percorrem as telas dos dispositivos eletrônicos ou das mãos inquietas e da "chuva de likes" agora fazem parecer vagaroso o tempo da imagem que se revela na superfície do papel fotossensível ou até mesmo o tempo dos pincéis e das tintas na execução de uma tela de 10,5 x 10,5 cm.
A discussão sobre o tempo parece também atrelada à discussão sobre o espaço, como observou José Bento Ferreira, autor do texto da exposição: "Ao proporcionar uma encarnação para a imagem sem corpo, a pintura salva-a da irreferência à qual está eternamente condenada no não-lugar das infovias, submetida à avaliação visual instantânea dos cliques, incompatível com uma fruição verdadeira. Por outro lado, a série de pinturas produzidas a partir de imagens encontradas nas derivas virtuais reconfigura o espaço ao redor, torna-o “heterotópico” conforme a formulação do filósofo Michel Foucault, isto é, um lugar que está fora de todos os lugares, um “contraespaço”."
Exposición. 09 nov de 2018 - 12 ene de 2019 / Galeria Marcelo Guarnieri SP [ESPACIO CERRADO] / São Paulo, Sao Paulo, Brasil
Exposición. 13 dic de 2024 - 04 may de 2025 / CAAC - Centro Andaluz de Arte Contemporáneo / Sevilla, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España