Descripción de la Exposición
Nesta exposição, o artista Miguel Rio Branco (1946) exibe sua maneira pessoal de encarar a fotografia. A imagem não é apenas o registro de uma realidade vivida, mas o ponto de partida de uma nova experiência.
Nome consagrado da fotografia brasileira, Rio Branco iniciou-se em pintura e desenho na Suíça dos anos 1960. Depois de uma breve passagem por Nova York, voltou à cidade no começo dos anos 1970, onde fotografou seu cotidiano com amigos e artistas, como Hélio Oiticica, Julio Bressane e Rubens Gerchman. Pouco conhecidas, estas fotos íntimas e noir exalam a atmosfera vibrante e decadente do bairro de Lower East Side, em Manhattan.
No Brasil, Rio Branco abraçou a fotografia e o cinema como atividades principais. Entre os anos 1970 e 1980, elaborou uma síntese visual da identidade brasileira, ao cruzar cor e movimento, violência e sensualidade, aliada a uma observação aguçada do outro em busca de um sentido maior de coletividade. Interessado pela “vida que balança na corda bamba”, definiu a realidade em cortes abruptos, diagonais rascantes, contrastes acachapantes e temática visceral. Com fragmentos visuais, deu novo sentido ao mundo – nada era apenas o que se via.
Dos anos 1990 em diante, Rio Branco trocou a agilidade da câmera de 35 mm por filmes de médio formato, produzindo imagens estáveis e depuradas, numa reaproximação com as artes plásticas. O refinamento pictórico ampliou o interesse pela contemplação da realidade.
Na instalação Out of Nowhere, concebida para a Bienal de Havana em 1994, Rio Branco acrescentou som e movimento ao trabalho fotográfico. Influenciado pela música, elaborou aos poucos uma nova sintaxe, compondo duplas, trios e polípticos fotográficos como quem constrói acordes de uma melodia. Medo, prazer, dor e sexualidade atingiram volume dramático.
Rio Branco fotografou as singularidades de São Paulo, Cidade do México, Nova York e Havana, e depois costurou as cidades numa trama única e universal. Ao longo de sua carreira, compôs uma elegia da experiência urbana e coletiva, encenada pelos personagens que cruzaram seu caminho.
Esta exposição é uma síntese dessas formas variadas de escrita visual, tendo como base o arquivo de Rio Branco, fonte viva e pulsante. É também um espelho dos dilemas e paradoxos que atormentam o artista. A pandemia que atravessamos ampliou o isolamento e a exclusão social, estraçalhando qualquer ideia de utopia. Com nitidez atordoante, estas imagens revelam a potência que guardamos e desperdiçamos, mas também as contradições que nos definem, oferecendo a oportunidade de entender como chegamos até aqui. Múltiplas e mutantes, estas obras cruzadas ecoam uma nova e perturbadora sinfonia.
Thyago Nogueira
Coordenador da área de Fotografia Contemporânea do IMS
Exposición. 26 ago de 2023 - 12 nov de 2023 / Fundação Iberê Camargo / Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Exposición. 19 nov de 2024 - 02 mar de 2025 / Museo Nacional del Prado / Madrid, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España