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OBJET TROUVÉ é a segunda de uma série de exposições dedicadas ao objecto do ponto de vista da ética da arte pública. Reúne artistas cujos trabalhos contribuem para uma perspectiva da vida colectiva como lugar-objecto de redenção social. Em encontros tão frágeis quanto efémeros, a ideia de palimpsesto enquadra esta emergência múltiplice de uma forma social de que todos somos personagens à procura de um autor. Os objectos artísticos tornam-se então testemunhos das acções que os definem; e tanto mais graciosos quando encontro compassivo com o todo.

Em OBJET TROUVÉ, algures entre a mundanidade da trouvaille, a serendipidade processual e ansiedade do aforismo; em tempo ... de sound bites e verdades residuais; e face ao estertor tanto da reflexão política como do modelo de produção industrial, será que a discreta auto-contenção destas obras, fruto da distanciação dos autores para com as narrativas colectivas dominantes, não pode ser vista como uma moral transparente da arte como tradição superada? Daí a relevância de uma atitude que traduz em luminosos encontros estéticos os sentimentos que mais fundamente motivam o devir da cidade. Só que então, se a cidade é ela própria o objet trouvé destas práticas de apropriação e análise, não seremos nós próprios sucessivos ready mades (cada vez menos energéticos?) e a cidade o nosso museu, pejado de objectos perdidos e encontrados? A cidade é um cadáver esquisito.