Inicio » Agenda de Arte

O tempo das coisas

Exposición / Mendes Wood DM - Brussels / 13 Rue des Sablons / Zavelstraat / Brussels, Brussels Hoofdstedelijk Gewest, Bélgica
Ver mapa


Cuándo:
09 jun de 2022 - 30 jul de 2022

Inauguración:
09 jun de 2022

Organizada por:
Mendes Wood DM

Artistas participantes:
Rosana Paulino

ENLACES OFICIALES
Web 
Etiquetas
Acuarela  Acuarela en Brussels Hoofdstedelijk Gewest  Grafito  Grafito en Brussels Hoofdstedelijk Gewest  Papel  Papel en Brussels Hoofdstedelijk Gewest  Pintura  Pintura en Brussels Hoofdstedelijk Gewest 

       


Descripción de la Exposición

Da permanência do tempo Em Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira, Lélia Gonzalez entende a neurose cultural brasileira como a repulsa pela constituição plurirracial e pluricultural de Brasil através da denegação. A autora aponta como esse problema promove apagamentos, recalcamentos e repressão das culturas subalternizadas. Um dos processos de recalcamento a que a autora se refere é a noção de que existe uma cultura brasileira, herdeira europeia, que permitiu a influência de certos elementos culturais indígenas e negro-africanos na sua formação. Tal entendimento parte da hierarquização, que afasta e que marca a diferença entre a cultura como elemento europeu, logo superior, e o selvagem e grotesco lugar da outridade. Essa hierarquização colabora diretamente para o discurso que define as religiosidades, hábitos, idiomas, formas de organização social e modos de vida não brancos como primitivos e sem história. A partir desse discurso, é possível notar um segundo par de opostos que coexistem: a consciência e a memória. É na consciência que se encontra a história e o discurso hegemônico que sustentam o projeto de nação brasileira e que, ao manter a população negra na condição de outridade, a define pela infantilização e estereotipização. Já a memória opera o lugar que restitui a história que não foi escrita. A memória é a rasteira. Lélia Gonzalez escreve ainda sobre como as noções e as imagens da mulata, doméstica e mãe preta insistentemente habitam a história promovida pelas instituições, sendo essas mesmas noções que apontam para o lugar da mulher negra no processo de formação cultural brasileiro, por diferentes modos de rejeição/integração de seu papel. Apesar disso, há ginga embaixo de cada camada de consciência a ser escavada. Ao negar o lugar subalternizado do desaparecimento, da tragédia e do binarismo colonial, a autora aponta que é justamente a mulher negra quem vai dar a rasteira na raça dominante, que, sem perceber, fala pretoguês. A memória, aquilo que escapa do controle do ideal de Brasil brancocêntrico, é a testemunha da permanência do tempo: o passado-presente que brota na enunciação do indizível. Que se faz ver naquilo que se pretende esconder, que revela o que deve ser ocultado, mas que segue existindo. Seja no idioma falado, seja nas imagens que produzimos. A obra de Rosana Paulino desestabiliza modelos representacionais dominantes através de imagens desestabilizadoras. Enuncia e dá ênfase ao que mais se procura omitir. No vídeo Das Avós, há uma suspensão do tempo linear judaico-cristão ocidental– suspensão que acontece em outros trabalhos da artista – quando imagens de mulheres negras teoricamente pertencentes ao incômodo passado, fotografias produzidas historicamente como cartões de visita e ilustrações da escravidão, são buscadas e cuidadosamente trazidas à frente, relembradas, acarinhadas e costuradas junto ao corpo para jamais serem esquecidas ou encerradas no discurso que reprimiu suas subjetividades. O corpo feminino negro coleciona uma sobreposição de opressões – de raça, gênero e classe. Mas é esse corpo feminino racializado que segue, em sua complexidade, irrepresentável pelas lentes brancocêntricas. Se falta linguagem e vocabulário às artes ditas ocidentais para lidar com tais existências, na série Senhora das Plantas (2022), Rosana Paulino através de significativas plantas para as culturas afro-brasileiras como a espada de iansã, costelas de adão, jiboia e bromélia, por exemplo, cria com uma natureza simbólica um regime de visibilidade que possibilita a percepção da complexidade da subjetividade negra feminina na diáspora e de seus arquétipos. Ao pensar a diáspora a artista produz obras a partir do que incomoda e oferece, àquele que caminha por entre suas peças, o espelho para que se perceba também como parte de uma rede delicadamente entrelaçada: a Europa se beneficiou por inteiro com o tráfico atlântico. Não há inocência a ser preservada. As imagens, nomenclaturas e estruturas de classificação tampouco são inocentes. Rosana Paulino acessa o arquivo que chamamos de história da arte branco-brasileira e revolve seu inventário que legitimou, por muito tempo, o projeto de Brasil como paraíso tropical, lugar de plantas, bichos e gentes exóticas, e confronta o ideal de tropicalidade e brasilidade perpetuado por essa ótica. Suas pinturas, desenhos e colagens guardam os indícios daquilo que a história escolheu recalcar. Indica o tempo das coisas no estado de Maafa, e a permanência do tempo nas estruturas. Ainda que rígidas, tais estruturas assistem inertes, impotentes em sua força, ao desabrochar, à abertura, à teimosia e à eclosão daquilo que tem propósito. A rasteira, a surpresa, a ginga. Pequenos casulos parecem guardar uma subjetividade não permitida, entremeados de vontade, desejos e visões de um corpo negro que dribla a neurose cultural brasileira, brinca com o tempo e projeta vida. - Lorraine Mendes GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. São Paulo: Diáspora Africana, 2018.


Entrada actualizada el el 05 jul de 2022

¿Te gustaría añadir o modificar algo de este perfil?
Infórmanos si has visto algún error en este contenido o eres este artista y quieres actualizarla.
ARTEINFORMADO te agradece tu aportación a la comunidad del arte.
Recomendaciones ARTEINFORMADO

Premio. 20 dic de 2024 - 14 mar de 2025 / Madrid, España

Nur 2025

Ver premios propuestos en España

Exposición. 10 mar de 2025 - 22 jun de 2025 / Museo Nacional del Prado / Madrid, España

Cambio de forma: Mito y metamorfosis en los dibujos romanos de José de Madrazo

Ver exposiciones propuestas en España

Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España

Máster PHotoESPAÑA en Fotografía 2024-2025

Ver cursos propuestos en España