Descripción de la Exposición
Há sombras em cada objeto e em cada um de nós.
O ser humano possui um campo de visão inserido em um espectro luminoso.
Logo além dele há raios ultravioletas de um lado e infravermelhos de outro. Estes, invisíveis pra nós mas não para as abelhas. Nossos olhos demoram para se acomodar à luminosidade do espaço ao redor devido aos ajustes dos sensores de luminosidade do fundo das nossas retinas, os bastonetes. Neles são registrados o claro e o escuro.
Os sensores que definem as cores são os cones, mas se não houver luz bastante eles são minimamente acionados. Num quarto escuro, com luminosidade suficiente para sabermos onde estamos, tudo ao redor vai parecer estar em preto e branco.
Sem luz, nada vemos. Com muita luz, também não. Diante de um farol ficamos cegos. Para enxergarmos algo bem se faz necessária a presença de uma fonte de luz equalizada aos nossos sensores. Contudo, não nos damos conta de que se não houver um objeto que esteja dentro do campo dessa luz, que a receba e a reflita, também não vemos nada. No espaço sideral, a luz de uma estrela só é notada quando um corpo celeste está impedindo a continuidade desses raios. Caso contrário, para um cosmonauta por exemplo, tudo seria escuridão. Apesar da presença constante da luz.
Para a física, tudo tem sombra, desde que receba luz. Pelo menos a sombra própria, que é a sombra da parte do objeto fora dos raios de luz. Ainda há outro tipo de sombra, a sombra projetada. Só que para esta, necessitamos de um segundo objeto. como uma parede. E quanto mais forte a luz, mais escura e definida é a sombra.
Sabemos que cor é luz porque cor é a característica de um objeto em refletir determinada parte do espectro luminoso. Entretanto, essa mesma cor pode ser notada de diversas maneiras de acordo com o olhar de cada um e da quantidade de luz que estiver sendo refletida. Isso é o que determina o tom da luz, que pode ser escuro, quase preto com pouca luminosidade ou tão claro que tudo fica quase branco, quando chamamos de luz estourada.
Então podemos constatar que tudo o que vemos depende das condições de como essas coisas estão sendo apresentadas pra nós pelo mundo físico e não pelo que elas são.
Parte da psicologia analítica de Carl Jung fala da consciência das sombras, onde se compreende como sombra tudo aquilo que fica no inconsciente, desconhecido, reprimido, negado, no aspecto pessoal, social, científico, tecnológico e cultural. “Confrontar uma pessoa com a sua sombra é mostrar a ela sua própria luz.” Para Jung tudo tem sombra, mesmo que não receba luz. Compreender a dinâmica das sombras nos ajuda a compreender que o conhecimento se baseia no erro, pois as certezas surgem das dúvidas. “...a sombra exerce também um outro papel, possui um aspecto positivo, uma vez que é responsável pela espontaneidade, pela criatividade, pelo insight e pela emoção profunda, características necessárias ao pleno desenvolvimento humano.” A luz é limitada, a sombra não. E ela não pode ser eliminada. Como descrito sobre as sombras, aqui a obra também precisa ser conhecida e refletida através da trajetória de vida e da visão do outro. Assim, espelhando o conceito Junguiano nos objetos apresentados, mesmo naqueles que não possuem luz, chegaremos nas sombras e os seus reflexos, ou seja o pensamento sobre elas e o que as causa.
Na verdade, é isso o que realmente nos interessa, pois só se pode obter um resultado satisfatório do que é requerido pelo objeto quando ele é compreendido como portador de significado e quando o receptor da mensagem capta o que é dito. Não importa se a coisa é plástico, madeira, acrílico ou outro material, no objeto há mudança de sentido da coisa. Tudo na vida é assim. O importante é como você vê o mundo e não como ele é.
Robson Macedo
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España