Com curadoria de Fernando Ticoulat, a segunda exposição individual de Traplev na Sé apresenta um conjunto de trabalhos inéditos que lidam com o contexto sócio-político imediato pelo qual o país está passando por. Sua construção de imagens engloba signos verbais e viscerais, sobrepondo sua imaginação na realidade. Na série "alfabeto flúor, tempos de", por exemplo, o artista recolheu textos durante o período de consolidação do primeiro passo do golpe e de todas as críticas e reflexões que foram se sucedendo nesse período de abril de 2016 pra cá. Posteriormente Traplev realizou intervenções nestes textos com letras, números ou sinais gráficos em verde flúor.
Segundo o artista, estamos vivendo em um Estado de Exceção, em que as premissas jurídicas foram todas invertidas justamente para poderem ser manipuladas em favor do estado autoritário que se enxerga descaradamente. Como forma de resistência a esta situação, Traplev insiste em brechas, espaços e tempos abertos. Em...busca de uma nova linguagem em comum, ele propõe interrupções em que se espera alimentar algum tipo de pensamento contra-hegemônico ou pelo menos promover a extinta capacidade de sonhar acordado ou de qualquer outro tipo de introspecção distraída. Trata-se de dispositivos que estilhaçam o imaginário capitalista neo-liberal, buscando uma terceira margem onde poderemos, mesmo que por um breve instante, entrever um futuro promissor.
Entrada actualizada el el 30 mar de 2017
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