Prosseguindo a tarefa de projeção da arte portuguesa produzida durante o período neorrealista, o Museu do Neo-Realismo propõe desta vez uma viagem pela obra de alguns artistas centrais na história do movimento e de outros que, não sendo neorrealistas mas com eles comungando uma visão humanista da produção artística, não têm merecido a atenção da parte das instituições e menos ainda da crítica e da historiografia especializadas. Nomes quase desconhecidos como, por exemplo, Zulcides Saraiva, João Machado da Costa e Natércia Costa, não despertaram ainda quaisquer avaliações de relevo sobre o seu trabalho, apesar do valor que nele podemos identificar. Neles residirá por certo grande parte da novidade desta reunião de obras que, no seu conjunto, remetem para a diversidade estética e disciplinar de uma arte inspirada ainda no contexto político e social do pós-guerra.

Para além destes casos, a exposição 'Novas Obras da Coleção MNR' ... apresenta um conjunto de obras de arte pouco conhecidas, de artistas todavia reconhecidos, que recentemente vieram enriquecer as coleções do museu, com destaque para as esculturas e desenhos de Maria Barreira e Vasco Pereira da Conceição, para além do trabalho disciplinarmente plural de Júlio Pomar, Manuel Ribeiro de Pavia, Mário Dionísio, Avelino Cunhal, Celestino Alves, João Hogan, Cipriano Dourado, Victor Palla ou Jorge Vieira.

O propósito central desta mostra é dar continuidade a um processo de divulgação das coleções de arte do nosso museu, promovendo o contacto direto do público com um património artístico que, da pintura à escultura, do desenho à fotografia, ou da gravura à cerâmica, tem vindo a crescer consideravelmente nos últimos anos, graças à generosa sensibilidade e visão cultural de muitos artistas e herdeiros que têm confiado ao Museu do Neo-Realismo a guarda, a preservação e o estudo desse acervo que preenchera durante décadas o seu quotidiano familiar e vivencial.