Descripción de la Exposición
Partiu da surpresa originada pela observação longínqua e transformou-se numa desapontada negação; lentamente tornou-se parte de um novo normal e, por fim, atingiu o seu alvo com o poder de um número crescente e inevitável de mortes. A pandemia atingiu a África do Sul: a sua chegada ofuscou as divisões raciais e económicas, e colocou pressão nas falhas profundas existentes, contradições que estavam gravadas na consciência do povo. No início de março de 2020, a África do Sul descobriu que o Paciente Zero estava entre a sua população, o que deu origem a uma luta para conter o pânico, e levou a um inevitável confinamento. Ruas desertas, compras desenfreadas, e toque de recolher. O barulho dos veículos de patrulha do Exército da África do Sul e as familiares luzes azuis da polícia encheram as ruas de Joanesburgo. Do interior das suas habitações, nos edifícios superlotados, e nas tendas dos acampamentos improvisados, os residentes aprenderam a ironia reversa do "distanciamento físico": um desafio à lei da física, uma realidade surreal para aqueles a quem a simples noção de "espaço” soa desproporcional. O confinamento foi imposto com paus e chicotes, e balas de borracha disparadas à queima-roupa, durante as incursões noturnas nas quais os moradores eram acordados e retirados das suas camas provisórias, dos quartos superlotados. A vida à margem da sociedade foi reduzida a uma questão de ocupação de metros quadrados. A África do Sul acompanhou os números crescentes de relance, criando uma relação pacífica com uma nova realidade: o povo, o seu povo mais vulnerável, estava a morrer à fome. O confinamento piorou uma economia que já estava estagnada: o esquema de alimentação precário evidenciou os seus limites e o seu fracasso. As longas filas trouxeram à memória dos sul-africanos as filas que marcaram a passagem do horror do Apartheid para a nova democracia, o sustento de milhares de famílias está agora em risco. Uma fila de comida. Fiquem em casa, disseram eles. Na África do Sul este é um assunto que puxa memórias do passado. Apartheid, expropriação, segregação.
Este trabalho foi realizado graças a uma bolsa do festival Cortona On The Move para o The COVID-19 Visual Project: A Time of Distance
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Michele Spatari é um fotojornalista com base em Johanesburgo. Trabalha para a AFP - Agende France- Presse no Sul de África e é embaixadora da Canon. A fotografia documental que pratica é muito influenciada pela arquitetura, concentrado a sua prática no estudo do corpo e do espaço. Questionando como é que a política, religião e rituais sociais moldam a sociedade contemporânea. O seu projeto Rising Waters que aborda a questão da crise imobiliária e dos chuveiros públicos em Turin, ganhou o prémio 2018 Canon Italy Young Photographer Award - Multimedia e foi exposto no festival Cortona On The Move Festival, Geopolis - Centre du Photojournalisme, Lumix Festival na Galerie f 3. Em 2019 foi escolhido pela Canon Europa para representar Itália em Visions from Europe, numa residência artista em Matera Capital Europeia da Cultura em 2019. Em 2020 Michele foi convidado pelo festival Cortona On The Move para cobrir a situação pandémica do COVID-19 na África do Sul. O seu trabalho tem sido destacado em vários jornais e revistas internacionais como o The New York Times, The Washington Post, TIME, Le Monde, Libération, The Guardian, The Wall Street Journal, El País, Internazionale, entre outros.
Exposición. 17 sep de 2021 - 31 oct de 2021 / Edifício do Castelo / Braga, Portugal
Exposición. 17 dic de 2024 - 16 mar de 2025 / Museo Picasso Málaga / Málaga, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España