Descripción de la Exposición
A Gomide&Co e a Fortes D’Aloia & Gabriel têm o prazer de apresentar Niobe Xandó & Ernesto Neto. Na exposição, as pinturas de flores fantásticas de Niobe Xandó (1915-2010) dialogam com as obras de crochê e materiais orgânicos de Ernesto Neto (1964). Um ensaio crítico de Julia de Souza acompanha a mostra com abertura marcada para o dia 09.06, das 16h às 20h, na Gomide&Co (Alameda Ministro Rocha Azevedo, 1052).
O encontro inédito oferece ao público uma leitura singular de ambos os artistas. As telas de Xandó desenvolvidas entre a década de 1950 e 1990 e os trabalhos de caráter sensorial de Neto dialogam não somente entre si, mas também com a casa modernista de Flávio de Carvalho. Esse recorte de obras evidencia uma espiritualidade e um encantamento que os artistas estabeleceram em suas práticas, cada um em sua particularidade. Encontrase a todo momento um espelhamento da ordem da natureza que revela a vontade acentuada de metamorfosear o mundo.
Desde o início da década de 1940, Xandó investigou o misticismo da fauna e da flora quando realizou trabalhos sobre crânios de macacos mortos recolhidos durante viagens ao litoral de São Paulo. Nos anos posteriores, suas pinturas em troncos de árvores revelam um tipo de experimentação pictórica que assume a residualidade orgânica como matéria e imagem, pavimentando o caminho para a série das Flores Fantásticas. Em suas pinturas, flores e plantas são apresentadas em proporções agigantadas, imbuídas de uma organicidade explosiva. Suas plantas são carnívoras na medida em que devoram a organização racional e científica. Ao representar uma vegetação mutante de espécies místicas e aves amorfas, a artista subverte a ordem natural das coisas e suas plantas se assumem fantasia.
Associada a um “primitivismo” da imagem, seu vocabulário pode ser visto como o oposto: uma reinvenção das qualidades naturais, tão sensíveis à experiência humana.
Em sua prática, Neto desafia e expande o vocabulário da escultura, explorando conexões formais e simbólicas entre diferentes materiais, com a força da gravidade como elemento estrutural. Suas obras operam como organismos vivos em constante transformação. Investigando a mutação dos elementos da natureza por outras vias, com o uso de especiarias e frutos secos dentro das obras —cúrcuma, cominho, gengibre, pimenta e nozes—, o artista entende a organicidade da experiência através do uso desses materiais e de uma operação que incorpora um “doar-se” por parte do espectador. Nesse sentido, seus trabalhos requerem uma disponibilidade, e o imaginário que elabora é sensível e compartilhado.
A interlocução entre as produções de Xandó e Neto reforça o exercício de relacionar corpos de trabalho de artistas de épocas e contextos distintos, mas que ainda assim se dedicaram a questões essenciais, da ordem da natureza e daquilo que temos de mais íntimo: a subjetividade e a vontade de fabular e tornar a experiência humana algo mágico.
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Niobe Xandó nasceu na antiga vila da Boca do Sertão do Avanhandava, região que hoje recebe o nome de Campos Novos Paulista. Em 1932, mudou-se para São Paulo, onde conhece os pintores Geraldo de Barros (1923-1998) e Yoshiya Takaoka (1909- 1978) ao frequentar o ateliê do artista e professor Raphael Galvez (1907-1998) em 1947. Na década de 1950, inicia sua prática de pintura sobre tela, que assume um figurativismo de forte apelo cromático. Gradualmente, sua produção caminha para o imaginário fantástico que desenvolve nas décadas seguintes. Sua série de Flores Fantásticas apresenta uma percepção da natureza carregada de um surrealismo orgânico e da abstração, ainda que moderada, da forma. Sua carreira é marcada pela participação na 7ª, 8ª, 9ª e 10ª edições da Bienal Internacional de São Paulo (1963, 1965, 1967 e 1969), figurando na Sala Especial “Arte Mágica, Fantástica e Surrealista” em 1969. Em 1978, participou da 1ª Bienal Latino-Americana de São Paulo na Sala Especial “Mitos e Magias de Origem Africana e Indígena”. Em 2004, o MAM-SP – Museu de Arte Moderna de São Paulo realizou uma mostra retrospectiva de sua carreira intitulada O Letrismo e o Mecanicismo na Obra de Niobe Xandó, seguida das exposições Niobe Xandó: A arte de subverter a ordem das coisas, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2007), e Niobe Xandó: A arte de subverter a ordem das coisas II, no Museu Oscar Niemeyer (2008).
Ernesto Neto nasceu em 1964 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Desde o início de sua carreira o artista busca desafiar e expandir o vocabulário da escultura, explorando conexões formais e simbólicas entre diferentes materiais, com a força da gravidade como elemento implícito. Nos últimos anos, Neto voltou-se para materiais naturais, como tecidos e madeira, e para a interação física como aspecto fundamental de sua poética. Formas orgânicas ecoam matrizes e cores de organismos vivos. Suas obras ativam múltiplos sentidos, convidando-nos a entrar em estados meditativos e a reconectar com o sagrado.
Exposições individuais recentes incluem: Sopro, na Pinacoteca do Estado de São Paulo e MALBA – Museu de Arte Latino- Americana de Buenos Aires (2019); GaiaMotherTree, na Zurich Main Station, apresentado pela Fondation Beyeler (Zurique, 2018); Boa, no Museum of Contemporary Art Kiasma (Helsinque, 2016); Rui Ni/Voices of the Forest, no Kunsten Museum of Modern Art (Dinamarca, 2016); e Aru Kuxipa | Sacred Secret, no TBA21 (Áustria, 2015). Destacam-se, ainda, participações na Bienal de Veneza (2017, 2003 e 2001), Bienal de Lyon (2017), Bienal de Sharjah (2013), Bienal de Istambul (2011) e Bienal de São Paulo (2010 e 1998).
Sua obra está presente em renomadas coleções, como: Centre Georges Pompidou (Paris), Instituto Inhotim (Brumadinho), The Guggenheim Museum (Nova York), Museum of Contemporary Art (Chicago), Museum of Contemporary Art (Los Angeles), MoMA – The Museum of Modern Art (Nova York), Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madrid) e Tate Modern (Londres), entre outras.
Exposición. 17 dic de 2024 - 16 mar de 2025 / Museo Picasso Málaga / Málaga, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España