Descripción de la Exposición
Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Noites de Esperança na Cidade Maçarico, décima exposição individual de Sandra Cinto na galeria, com curadoria de Josué Mattos, celebrando 30 anos de parceria com a artista.
“Encontros de eixos resultam em estrelas feitas de linhas retas que cintilam sobre rios voadores. Descem de uma ponta à outra da superfície durante rituais e embates com a força da gravidade. Quando deixam de ser quedas d’água para recuperarem o horizonte, irradiam luminosidade das profundezas de oceanos e encontram céus feitos de gestos simples, acolhedores de sonho, poesia, utopia e linguagem. No silêncio meditativo do ateliê de Sandra Cinto reside um fragmento da contraparte de uma sociedade autodestrutiva. Enquanto gera rios voadores sobre telas, elabora sua reverência à circulação livre da atmosfera que deixa a Amazônia em direção ao Centro-sul do território sul-americano.
Não é de hoje, inclusive, que firmamentos e corpos d’água traçados pela artista revelam seu fascínio pela persistência da natureza em manter a vida pulsante, indistintamente. Daí empregar o plural na sentença que intitula a exposição e revigora o espírito resiliente face à condição incendiária de sua segunda parte, já que noites de esperança dependem da repetição de gestos libertadores. Em sua prática, esse estado consiste em transmutar ações banais cotidianas e perceber o brilho de corpos celestes como a potência atômica de vagalumes que dançam na aurora. Na contracorrente da devastação dominante, suas travessias, mergulhos, sobrevoos e enraizamentos se entrelaçam em um corpo de obras com o qual a artista revela a engenhosidade do cosmos, em profundezas alcançadas apenas pela integração da mente com o espírito. Utópica e espiritual, Noites de Esperança na Cidade Maçarico reduz a diferença substancial de arquipélagos, constelações e pequenos pontos que manifestam a conjunção de indivíduos com a natureza.
Foi Paulo Freire quem listou enunciados que traduzem o verbo esperançar, entre os quais, “juntar-se com outros para fazer de outro modo” é elementar na montagem. De fato, na sala menor da galeria, os envelopes sobre a mesa destinada a receber uma pessoa por vez e solicitar que o espaço dos sonhos seja narrado ao eu estrangeiro ou a pessoas distantes equivale a alcançar o “inédito viável” de Freire. O que adiciona, às noites, metáforas do estado de vigília de pessoas buscadoras de horizontes possíveis para futuros vividos coletivamente. Para tanto, a caixa acolhedora de cartas acumulará rascunhos, listagens, desejos e outras escritas com destinatários convidados a compartilhar sonhos capazes de criar e construir mundos.
No segundo semestre de 2022, em meio à devastação severa do país, é preciso ter em mente quanto esperançar é verbo que exige cultivo. É preciso reativar a memória corporal de quando o dia virou noite, com plumas de fuligem trazidas por rios voadores da região amazônica em chamas. É preciso construir futuros como sinônimo do verbo esperançar, reinstaurar o estado de luto vivido por negligências voluntárias e despertar a urgência por revoluções da consciência. É preciso, igualmente, manifestar revoltas contra a fome opressora engendrada pelo poder que transforma bens naturais em commodities, o mesmo que naturaliza a violência e o ódio. Diante disso tudo, Cidade Maçarico é, também, memória de infância. É a luz destrutiva que ilumina a vila de mesmo nome onde a artista viveu até a primeira juventude. São os dias em que o pai vivia longe de sua condição humana. Por isso as memórias de infância da artista associam as descidas ao litoral com imagens de dias felizes, ocasião em que seu pai respirava e observava os filhos aprenderem a nadar. Enquanto isso, na Vila Maçarico, as notícias climáticas repetiam — ainda repetem — a veiculação do Jornal do Brasil de 4 de dezembro de 1968: “Temperatura sufocante. O ar está irrespirável.”
Noites de Esperança na Cidade Maçarico destina-se a fazer voar e transitar por endereços variados a construção de um espaço de encontros para que pessoas, conjuntamente, revisem a cidade e iniciem algumas práticas capazes de introjetar felicidade em territórios e campos dizimados. Ao compor musicalidades feitas de sonhos que se entrelaçam, a artista preserva movimentos em sua prática quixotesca que compreendem o verbo esperançar como fundamento de generosidade, maneira encontrada de “fazer de outro modo” dentro da arte.
Por isso suas noites, traços e pontos sobre rios voadores são lembranças que acalentam e abraçam. São, ao mesmo tempo, metáfora de chuvas geradas por raízes na Amazônia, fusão nuclear que evapora mares e banha florestas, assim como a necessidade de fazer girar o ciclo de germinação de sementes para perdurar a vaporização de mares e manter o direito à vida”.
Josué Mattos, julho de 2022.
SANDRA CINTO nasceu em Santo André, Brasil, 1968. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Graduou-se em Artes Plásticas nas Faculdades Integradas Teresa D´Avila, Santo André, Brasil. Foi residente na Aomori Contemporary Art Centre, Aomori, Japão [2015]; Civitella Ranieri Foundation, Umbertide, Itália [2005] e Cité Internationale des Arts, Paris, França [2000-2001].
Desde o início dos anos 1990, Sandra Cinto tem apresentado o seu trabalho em museus e instituições no Brasil e no Exterior incluindo as seguintes exposições individuais: Cosmic Garden, Fondation Hermès, Tóquio, Japão [2020]; Das ideias na cabeça aos olhos no céu, Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brasil [2020]; Landscape of a Lifetime, Dallas Museum of Art, Dallas, EUA [2019-2020]; Meditation Room/Library of Love, Contemporary Art Center Cinciannati, Cinciannati, EUA [2017]; Chance and Necessity, USF Contemporary Art Museum, Tampa, EUA [2015]; La Otra Orilla, Centro Atlántico de Arte Moderno, Palmas de Gran Canaria, Espanha [2014]; En Silencio, Fundación Luis Seoane, La Coruña, Espanha [2014]; Imitação da Água, curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil [2010]; A Travessia Difícil aprés Gericault, Museo de Arte Contemporáneo Fundacion Fenosa, La Coruña, Espanha [2007]; Sandra Cinto, Centre de Création, Bazouges-la-Perouse, França [2005]; Projeto Parede, Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil [2003]; Sandra Cinto, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil [2003]; entre outras.
Entre as exposições coletivas, incluem-se: Estado Bruto, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil [2021]; 1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira na Coleção Andrea e José Olympio Pereira, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil [2021]; DECATEGORIZED: artists from Brazil, Artnexus, Miami, EUA e Bogotá, Colômbia [2020]; Horizontes: a paisagem nas coleções MAM Rio, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil [2019]; Inequívoco, Fundación Canaria para el Desarrollo de la Pintura, Las Palmas de Gran Canaria, Espanha [2019]; Passado/Presente/Futuro: Arte Contemporânea Brasileira no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil [2019]; Lationamérica nas coleções CA2M e ARCO, Alcalá 31, Madri, Espanha [2019]; QUEER MUSEU - Cartografias da Arte Brasileira, Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil [2017]; Contemporary Brazilian Art from the Museum of Modern Art, Phoenix Art Museum, Phoenix, EUA [2017]; Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, OCA, São Paulo, Brasil [2017]; Os muitos e o um - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção de Andrea e José Olympio Pereira, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil [2016]; 10a Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil [2015]; Passage: a Day in Eternity, Aomori Contemporary Art Center, Aomori, Japão [2015]; 7SP - Sete Artistas de São Paulo, CAB Art Center, Bruxelas, Bélgica [2015]; Art on Paper, University of North Carolina, Greensboro, EUA [2014]; 3am: Wonder, Paranoia and Restless Night, Ferens Art Gallery, Hull, Inglaterra [2014]; Decade: Contemporary Collection: 2002-2012, Albright Knox Art Gallery, Nova York, EUA [2012]; Espectral: obras da coleção do CGAC, Centro Galego de Arte Contemporánea, Santiago de Compostela, Espanha [2010]; 5a Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil [2005]; Sandra Cinto, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil [2001]; A Trajetória da Luz na Arte Brasileira, Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brasil [2000]; Elysian Fields, Centre Georges Pompidou, Paris, França [2000]; 2a Bienal do Mercosul, Armazém do Porto, Porto Alegre, Brasil [1999]; 24a Bienal de São Paulo, Pavilhão da Bienal, São Paulo, Brasil [1998]; entre outras.
Dentre diversos projetos comissionados e obras públicas, incluem-se: The Wishes Boulevard, Bienal da Tailândia, Korat, Tailândia [2021 - permanente]; Piscina e rooftop, Rosewood Hotel, São Paulo, Brasil [2021 - permanente]; Banco Itaúsa, São Paulo, Brasil [2020 - permanente]; Memorial Sloan Kettering Cancer Center, Nova York [2019 - permanente]; Murals of La Jolla, San Diego, EUA [2018 - em processo]; The Invisible Telescope, USF Kate Tiedemann College of Business, Saint Petersburg, EUA [2018 - permanente]; Library of Love, Contemporary Art Center Cincinnati [2017 - em processo]; The Great Sun, P.S. 56, Nova York, EUA [2016 - permanente]; One Day, After the Rain, Phillips Collection, Washington, D.C., EUA [2012-2013]; Encounter of Waters, Seattle Art Museum’s Olympic Park Pavilion [2012-2014]; A Casa das Fontes, Casa do Sertanista, São Paulo, Brasil [2013]; Quando a Noite entra no meu Quarto, Parque Ecológico Municipal Estoril–Virgílio Simionatto, São Bernardo do Campo, Brasil [2012] e Japonismo, SESC, Santo André, Brasil [2011].
Coleções Públicas: Albright Knox Art Gallery, Buffalo, EUA; Centro Galego de Arte Contemporáneo, Santiago de Compostela, Espanha; Fundación ARCO, Madri, Espanha; Fundación Pedro Barrié de la Maza/Conde de Fenosa, La Coruña, Espanha; Inhotim - Centro de Arte Contemporânea, Brumadinho, Brasil; Institute of Contemporary Art, Boston, EUA; Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna/Coleção Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museum of Contemporary Art, San Diego, EUA; Museum of Modern Art of New York, Nova York, EUA; National Gallery, Washington D.C., EUA; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; entre outras.
Exposición. 17 dic de 2024 - 16 mar de 2025 / Museo Picasso Málaga / Málaga, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España