Descripción de la Exposición
Afirma David Foster Wallace, o melhor e mais intenso comentador de ténis que provavelmente, é necessário um certo nível de abstracção e formalidade (ou seja de “jogo”) para que um desporto possua certa beleza metafísica. E é a partir desta opinião, que se permite qualificar o ténis como o desporto mais belo que existe. Uma afirmação que com total segurança partilha Miki Leal, acostumado a converter no eixo do seu trabalho as suas mitologias pessoais, transformadas em universos referenciais ou espaços de conotação, os quais abordam o que constitui o núcleo central da sua trajectória: a pintura. O mesmo acontece com o ténis, convertido, neste grupo de obras, no terreno de jogo para dialogar sobre o próprio acto de pintar, sobre géneros e formas, sobre a cultura, seus signos e símbolos e a maneira de representá-los. Tomar como referência este desporto, desde um plano tão físico e concreto como metafórico, pressupõe aventurar-se num território com importantes e destacados antecedentes, nos quais aparecem nomes como o já mencionado e conhecido Foster Wallace ou o também norte-americano John McPhee quem, na sua novela-crónica Levels of the Game, desenvolve uma verdadeira dialéctica racial e social ao redor da competição. Ou o crítico de cinema Serge Daney que, na sua recompilação de crónicas tituladas L'Amateur de tennis: Critiques 1980-1990, vê cada jogo como um filme, como um pequeno relato, pois como ele afirma: “quem diz bate-bola diz diálogo, mesmo se o objecto que passa em silêncio é uma bola”. Aparece nesta tradição também Gilles Deleuze, que aproveita o ténis para reflectir sobre os criadores de estilo, aqueles que inventam jogadas e introduzem novas tácticas, e sobre a sua proletarização com a aparição do ténis popular. Também para Daney há uma evolução do aristocrático para o popular, uma aceleração que acompanha o processo de mediatização e espectacularização deste desporto. Existem, certamente, referências icónicas, como Blow Up de Antonioni e, com certeza, sempre, David Hockney. Por último, e destacadamente, Jean Luc Godard, grande aficionado do ténis, utiliza-o como território metafórico de confrontação dialéctica e como espaço de reflexão sobre o tempo e o espaço. Tudo isto forma parte do processo de trabalho de Miki Leal, um conjunto de leituras e referências iconográficas que por uma via não directamente perceptível ou reconhecível, procede a incorporar nas suas obras; mais precisamente, como se a sua maneira de devolver a bola fosse exactamente a forma em que representa tudo isto, na qual a translada à superfície da pintura. Trata-se disso, de uma conversação, como diária Serge Daney. O diálogo do artista com o tema e com os seus próprios referentes, com a prática da pintura, com as formas, com a cultura. Se há um elemento central nesse conjunto é o campo de ténis enquanto tal. Este rectângulo com linhas brancas a delimitar o terreno de jogo, os seus limites, cuja superfície pode ser de diversos materiais: relva, terra batida, sintética. O facto de transformar o campo de jogo em tema constrói referências interessantes que remetem para alguns dos aspectos que se cruzam com frequência na obra de Miki Leal: o diálogo com a tradição, e mais especificamente neste caso, com a crítica da tradição, os limites do quadro, as implicações da imagem e o seu fundo, etc. Se na realidade, as superfícies sobre as quais se desenvolve o jogo oferecem uma cor homogénea, as suas obras transformam esta superfície que claramente remeteria, na sua transposição literal, ao monocromo, num motivo para um gesto iconoclasta, para um “comentário” sobre o dito signo pictórico onde o importante, finalmente, é a maneira na qual se apresenta. As linhas que galeria@3m1arte.com www.3m1arte.com Largo Hintze Ribeiro 2E-F, 1250 – 122 Lisbon Portugal +351 210 170 765 desenham o território de jogo e marcam os seus limites, direccionam para assuntos dos próprios limites do quadro, como para a articulação do espaço pictórico dentro do quadro. Linhas divisórias que oferecem um território fértil para, uma vez mais, o diálogo, a conversação entre abstracto e figuração. Como já fazia anteriormente, tomando como ponto de partida os elementos do tangram, utiliza as possibilidades tanto da forma geométrica como, no caso específico, da representação planimétrica, incidindo assim, sobre o ponto de vista. Mas o campo de ténis é também, como assinalava Serge Daney o lugar do relato. Revisitando uma vez mais o universo da ficção de John Cheever e completando o recorrido de “O nadador”, acomete como uma posta em cena sulcada de rastros de El Duelo (Pensando en John Cheever). O motivo geométrico da malha metálica que serve de fecho ao campo de jogo delimita a cena construindo um ponto de vista ficcional que envolve o olhar do espectador. E não histórias, senão História contida no quadro Foro Itálico (Estádio Nicola Pietrangeli), onde se instaura uma dialéctica entre o passado glorioso ao qual, na origem, queria remeter esta arquitectura mussoliniana, e o plano geral que nos é dado, tão ligado ao ponto de vista do desporto espectacularizado pelos medias. Os signos da cultura têm constituído sempre um tema recorrente na obra de Miki Leal, que é visível aqui na série dedicada às camisas dos jogadores. A roupa desportiva com os seus desenhos decorativos, suas simetrias e assimetrias, são o território para uma pesquisa em volta da cor e da linha, a textura e a transparência. Não deixam de ressoar também aqui, como ocorre sempre na sua aproximação aos signos culturais, elementos de trabalho em torno da estilização da imagem, da moda e do design. A cerâmica, numa linha criativa recorrente nos últimos anos, é o território natural até onde se estende a sua pintura neste projecto. Sair da moldura e materializar-se é só um dos objectivos. O diálogo com os géneros, e concretamente com a natureza morta é o veículo para conversar com a história da pintura, das suas formas e motivos. Uma paisagem tenística de “coisas quietas”, como corresponde à essência de uma natureza morta, na qual ainda ressoam os ecos de um jogo, e com ele a instabilidade da iconografia e dos seus significados. E como em todo o jogo, uma conversação entre os diferentes elementos representados nos quadros e nas cerâmicas. Dialéctica e fluxo temporal que se instaura no diálogo entre o fluido e o estático, entre o fixo e o móvel, entre o que se move (os jogadores, a bola) e o que não se move (o campo, as linhas, o espaço). E completando o cenário, um centro de gravidade, a rede, e um ponto de fuga, a linha de fundo. Assim, o espaço entre a rede e a linha de fundo aparece sobrevoado por bolas com múltiplas trajectórias e diferentes velocidades e intensidades, num intercambio que lembra e reformula, parafraseando de novo Serge Daney, os velhos diálogos com a pintura e as possibilidades de uma língua nova. Uma vez mais na sua trajectória, a pintura e os seus riscos como linha de fundo. Alberto Martín Agosto 2017
Actualidad, 10 abr de 2018
#loquehayquever en España: el MACBA rinde homenaje a Domènec
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