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Mulambö todo de ouro

Exposición / Portas Vilaseca Galeria / Rua Dona Mariana, 137, casa 2, Botafogo / Rio de Janeiro, Brasil
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Cuándo:
25 mar de 2021 - 22 may de 2021

Inauguración:
25 mar de 2021

Precio:
Entrada gratuita

Organizada por:
Portas Vilaseca Galeria

Artistas participantes:
João da Motta - Mulambö

ENLACES OFICIALES
Web  Twitter 

       


Descripción de la Exposición

“Mulambö todo de ouro” inaugura o calendário anual de exposições da Portas Vilaseca Galeria. Primeira individual de Mulambö na galeria, a mostra reúne trabalhos inéditos do artista, que também assina a curadoria. O ensaio crítico é do curador e pesquisador Raphael Fonseca. O artista dá prosseguimento a alguns de seus interesses centrais: a criação de imagens por meio da pintura e manipulação digital, além da apropriação de objetos utilitários. Brincando com o fato desta ser sua primeira exposição em uma galeria comercial, Mulambö se apresenta “pintado de ouro” e também remetendo ao dourado/amarelo utilizado constantemente em sua pesquisa. Através de pinturas, esculturas e intervenções em fotografias, suas obras dialogam com certos ícones da cultura carioca, como São Sebastião, o Carnaval, o futebol e o samba. Ao jogar com esses ícones, Mulambö também joga com as múltiplas histórias que constituem não apenas a cidade, mas também o Brasil. Eis aí também uma matéria essencial para sua pesquisa: o tempo e sua capacidade de possibilitar ao público diferentes exercícios de imaginação. “Mulambö todo de ouro” é uma exposição sobre valores, sobre pesos e potências. Entender o ouro para além da pedra preciosa – mas também como um símbolo de riqueza e força, e ao mesmo tempo de exploração e disputa. Um ouro que é bonito, mas que também reflete um passado de violências. “Mulambö todo de ouro” é uma exposição sobre todo esse brilho e violências que o ouro carrega, e todo o brilho e violências que nós carregamos. Respeitando os últimos decretos municipais e as recomendações da OMS, a galeria não abre para o público neste momento e deve concentrar todas as ações referentes a esta exposição de forma virtual. Em breve, esperamos retomar o agendamento de visitas presenciais. Clique aqui para baixar o catálogo digital bilíngue da exposição. Clique aqui para acessar o nosso canal no Youtube e confira o vídeo de apresentação oficial da exposição – uma tour exclusiva conduzida por Mulambö – além de outros vídeos especiais com mais detalhes sobre cada setor da mostra, que serão publicados semanalmente. ——- MINIBIO DO ARTISTA MULAMBÖ nasceu em Saquarema (RJ, Brasil) em 1995. Vive e trabalha em São Gonçalo, a nordeste da Baía de Guanabara, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Um dos artistas mais promissores de sua geração, apresentou seus trabalhos em duas exposições individuais com grande repercussão em 2019: “Tudo Nosso”, no MAR – Museu de Arte do Rio; e “Prato de Pedreiro”, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (RJ). Em 2020, apresentou a sua primeira exposição individual em São Paulo, no Sesc-Santana. Sua prática gira em torno das forças que constroem o existir periférico no Rio de Janeiro. Por meio de materiais do cotidiano como papelão, tijolo e fotos de redes sociais, a ideia é encurtar distâncias. Segundo o artista, a sua prática existe para afirmar que não existe museu no mundo como a casa da nossa avó. ——- SERVIÇO MULAMBÖ TODO DE OURO Período da exposição: De 25 de março a 22 de maio de 2021 Visitação: Neste momento, em todos os canais online da galeria. Esperamos retomar em breve o agendamento de visitas presenciais. Instagram: @portasvilaseca Facebook: www.facebook.com/portasvilaseca Twitter: @portasvilaseca Youtube: Canal da Portas Vilaseca Galeria ——- TEXTO CRÍTICO por Raphael Fonseca Criado entre as cidades de Saquarema e São Gonçalo – entre a praia e o asfalto -, Mulambö experimenta com as artes visuais desde a adolescência. Estudando seu Ensino Médio no Colégio Pedro II, ali mesmo ele já fazia histórias em quadrinhos e ilustrações. Seu interesse girava em torno das possibilidades de criar narrativas a partir da imagem estática e, pouco a pouco, migrar do fazer manual para as possibilidades que a fotografia digital e a manipulação da imagem trazem. Após estudar História por dois anos, o artista resolve migrar para o curso de Artes Visuais, mas sem deixar de lado aquilo que aprendeu: a pesquisa historiográfica, a capacidade de levantar documentos e pinçar fatos e figuras eclipsadas pelas narrativas hegemônicas no Brasil e, especialmente, no Rio de Janeiro. Enquanto isso, no âmbito de sua própria micro-história, Mulambö é parte de uma família que se dedica às escolas de samba – sua avó, Helma Dias, foi uma das diretoras do Acadêmicos do Sossego, escola de samba criada em 1969. Como ele próprio escreveu recentemente, “Eu não vivi o Sossego com minha vó do jeito que minha mãe, meus tios e primos viveram, mas foi com minha vó, que está tatuada no meu corpo, que aprendi a amar a escola que também está tatuada no meu corpo”. Vida e samba, portanto, se tornam um. Em “Mulambö todo de ouro”, o artista joga com o fato desta ser sua primeira exposição em uma galeria comercial; com uma trajetória institucional muito recente – sua primeira participação em exposição foi apenas há três anos -, o que significa o crescente interesse do mercado de arte em suas imagens? Quem compra essas obras? Qual o peso desse ouro que pinta o seu corpo e, logo, fará com que alguns de seus trabalhos saiam de sua posse e entrem no espaço privado de alguém que ele desconhece? Em quais coleções serão resguardadas? Quando surgirão em um leilão? Essas questões são lançadas no ar, mas não explicitamente enquanto imagem ou mecanismo conceitual nos trabalhos mostrados. O ouro que vem desde o título da exposição surge aos nossos olhos por meio do uso constante em sua pesquisa de dourado e amarelo. No primeiro andar da exposição são reunidos diversos trabalhos onde ele dá prosseguimento a algo que já se tornou uma espécie de assinatura: o uso do papelão como suporte para a pintura. Pintadas em diferentes tamanhos, as imagens de Mulambö trazem algo de frágil e de apropriação que vai de encontro ao seu próprio nome artístico: a palavra “mulambo”, vinda de Angola durante o período colonial de escravidão negra e apropriada pelo português falado no Brasil, remete a alguém que usa roupas velhas e/ou é visto como sujo, maltrapilho. A partir do próprio nome com o qual resolveu se apropriar, Mulambö demonstra seu interesse pela produção de imagens que, de forma muito econômica quanto aos materiais, ecoam múltiplas camadas de histórias. As figuras pinçadas por esses trabalhos trazem diferentes esferas daquilo que convencionamos considerar ser a “cultura carioca” ou, talvez, mais precisamente, as culturas do “subúrbio carioca” – o Carnaval, o candomblé, a vassoura de piaçava, as vértebras que compõem as relações familiares, os cordões e anéis dourados, o futebol e o samba. Ao jogar com esses ícones, Mulambö também joga com as múltiplas histórias que constituem não apenas a cidade, mas o Brasil. Eis uma matéria essencial para sua pesquisa: o tempo e sua capacidade de possibilitar ao público diferentes exercícios de imaginação. No último andar da galeria, o tom da exposição é outro devido à escolha de materiais e à iluminação – se abaixo temos um ambiente solar, acima os pontos de luz lançados em apenas dois trabalhos contribuem com sua dramaticidade. O papelão sai de cena e Mulambö se arrisca a pintar sobre outras superfícies: uma pilha de pneus se transforma em um São Sebastião e um pedaço assimétrico de couro é o fundo para um agrupamento de corpos negros contornados por dourado. Tal qual uma igreja, essas imagens nos convidam a uma contemplação mais silenciosa e meditativa, mas nunca despregada do presente – quem são esses homens que parecem marchar coletivamente? Uma manifestação, um desfile de escola de samba ou uma torcida de futebol? O que atingiu o corpo desse Sebastião? Balas de armas ou aquelas mesmas flechas tão presentes na iconografia cristã? Olhando por outro lado, até que ponto essa pilha de pneus também não remete à forma como algumas comunidades cariocas bloqueiam ruas e se defendem de ataques violentos da polícia militar? Ou então, não seria essa pilha de pneus uma lembrança de uma forma de tortura onde se queima uma pessoa viva presa a essa estrutura, o chamado “micro-ondas”? É nesse jogo entre imagens e leituras possíveis que se movimenta o trabalho de Mulambö. Com um olhar extremamente afiado – e apenas no início de suas pesquisas e experimentações -, ele parece afirmar nessa exposição que pode estar pintado todo de ouro, mas que está longe de ser um tolo.


Entrada actualizada el el 12 abr de 2021

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