Descripción de la Exposición
Helouise Costa
Curadora
Na condição de fotógrafo e agente cultural, o nome de Pedro Meyer está indissociavelmente ligado às primeiras tentativas, realizadas entre as décadas de 1970 e 1980, de se estabelecer uma identidade para a fotografia produzida na América Latina. Meyer foi um dos idealizadores do Conselho Mexicano de Fotografia, fundado oficialmente em 1978, e atuou como seu primeiro presidente. Esteve também envolvido na organização dos já lendários Colóquios Latino-Americanos de Fotografia, cuja segunda edição, em 1981, lançou a seguinte pergunta: “O que é e o que pode vir a ser a fotografia social latino-americana? ”. Naquela ocasião, Pedro Meyer defendia a mobilização dos fotógrafos em prol de uma produção documental comprometida com a denúncia da exploração econômica e da opressão política a que estavam submetidas as populações locais em diferentes países do continente americano.
Tal princípio orientou a prática fotográfica de Pedro Meyer durante muitos anos. A virada da década de 1980, no entanto, lhe imporia novos desafios. O surgimento das tecnologias digitais e a nova situação política da América Latina, com o fim das ditaduras, contribuíram para o questionamento dos pressupostos e da função social da fotografia documental engajada. Diante disso, Meyer passou a questionar a documentação fotográfica por meio de experimentações, fazendo uso de recortes, montagens, inserção ou supressão de elementos, alterações cromáticas, entre outros recursos.
Como nos lembra Joan Fontcuberta toda fotografia é uma manipulação. Enquadrar é uma manipulação, escolher o momento da tomada é uma manipulação, assim como as diversas escolhas inerentes ao ato fotográfico também o são. Desse modo, o que nos deve fazer refletir não é a manipulação em si, mas os usos a que se destinam. No caso de Pedro Meyer a liberdade oferecida pelas tecnologias digitais intensificou a dimensão subjetiva de sua produção, permitindo-lhe ir muito além das aparências do mundo visível. O resultado é uma resposta atualizada à pergunta que guiou sua produção fotográfica na década de 1980. Trata-se de uma aposta renovada na contundência crítica das imagens que incorpora a ficção para explicitar as contradições da contemporaneidade.
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España