Descripción de la Exposición
Fazer uma exposição numa galeria, como coleccionador, é um desafio: ao contrário de um(a) curador(a), que muitas vezes propõe um tema ou uma afirmação especulativa e se propõe desenvolvê-la independentemente das suas escolhas pessoais, um coleccionador está irremediavelmente preso, ou limitado, pelas suas próprias obsessões (permanentes ou actuais). Trata-se de uma limitação infeliz, mas simultaneamente libertadora e definidora, também neste caso particular.
Much Ado About Nothing, título emprestado de uma comédia shakespeariana ligeira, reúne duas das minhas obsessões pessoais - uma é a minha paixão por obras impregnadas de humor, um companheiro da arte que nos atrai frequentemente, e a outra é a noção de "nada" (ou quase nada, para usar um termo miesiano frequentemente utilizado na minha profissão de arquitecto), não tanto num sentido filosófico ou niilista, mas antes como contenção productiva, caraterística do trabalho de alguns dos artistas que propus para esta exposição.
De certo modo desde há muito tempo, mas definitivamente e decisivamente desde os momentos duchampianos do século XX, o campo da arte expandiu-se radicalmente, passando de um ofício físico a uma especulação intelectual e acolhendo subtracções drásticas (mas por vezes escandalosamente enriquecedoras) aos meios de expressão formais e pondo em causa o que é a arte, quem é o artista e o que constitui a própria obra de arte.
Much Ado About Nothing é, portanto, uma espécie de (espero) olhar humorístico e ao mesmo tempo sério sobre diferentes práticas que lidam com quase nada - seja um processo sem material, sem "arte" no sentido geralmente utilizado da palavra.
Como ponto de partida, uma obra que vem da minha própria acumulação (dado que colecção me parece ser uma palavra demasiado propositada), de Rémy Zaugg é, à primeira vista, o oposto de uma promessa humorística. No entanto, na sua absoluta seriedade, Für Ein Bild (Para uma pintura) n.º 12, de 1986/87, é uma obra que "define" a exposição - uma tela preparada, esticada numa moldura com a ajuda de pregos, à espera de uma pintura. Uma camada expressiva e pictórica de primário branco sugere um ato de "pintura", a produção de um quadro, um objeto, ainda que desprovido do conteúdo esperado.
As pinturas por correio de Karin Sander, uma série que tem vindo a trabalhar há já algum tempo, são também apenas telas preparadas, com vestígios das suas viagens de uma exposição para outra, visíveis nos seus títulos que seguem esta progressão geográfica e produtiva; os vestígios acidentais deixados pelos serviços postais e a sujidade acumulada tornam-se parte da expressão pictórica da obra.
Ignasi Aballí apresenta uma série de pinturas "rejeitadas", tentativas falhadas do artista em décadas anteriores para pintar (ou "pintar") as suas não-pinturas, obras que desafiam e exploram continuamente a noção de pintura e de obra de arte. Assim, os fracassos de um artista para não pintar tornam-se a obra por si só, despojada (descrucificada, se quisermos) das molduras que a suportam, por vezes ainda com os restos do processo de estúdio.
As obras de Nicolas Lamas são "retratos" - retratos de pessoas que o rodeiam, "registados" através de fotografias ampliadas dos ecrãs dos seus iPads, com a sujidade e as impressões digitais sobre-expostas; bem como "retratos" de sujeitos desconhecidos envolvidos em colisões de automóveis, instantânea e invisivelmente incorporados em airbags explodidos, esticados e transformados em telas.
Daniel Gustav Cramer também aborda a noção de retrato ao criar uma peça de biblioteca que documenta uma colecção pessoal obsessiva: um arquivo de areias de todo o mundo, acumuladas através de trocas ao longo dos tempos e organizadas por continentes. Do mesmo modo, as fotografias ampliadas dos mapas dos oceanos e mares feitos em Itália no século XVII não contêm quaisquer pontos de referência reais - ilhas ou rochas -, mas apenas um sistema de coordenadas em grelha que enquadra o espaço "vazio" dos mares.
Detanico Lain, dupla de artistas que trabalha as noções de linguagem e tipografia, apresenta um conjunto de placas de gesso - o material "original" do trabalho escultórico - que forma um quadrado vazio na galeria (uma "escultura") que soletra nada, juntamente com um trabalho tipográfico que junta os dois opostos (tudo/nada, tudo/nada).
Por último, mas não menos importante, a obra Dream Salt de Charbel-joseph H. Boutros, medidas iguais de sal e açúcar, moídos e misturados, "opostos aparentes", unidos e inseparáveis na sua brancura comum e empilhados contra a parede, termina este pequeno percurso, actuando como uma coda poeirenta desta pequena exploração de quase nada, que faz muito.
Vasa J. Perovic
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BIOS
Angela Detanico (1974) e Rafael Lain (1973) são artistas brasileiros que vivem e trabalham em Paris. Fascinados pelo que transcende o ser humano e a sua compreensão do mundo, Angela Detanico e Rafael Lain partem de uma pesquisa científica, matemática e literária para desenhar sistemas de representação e de escrita do tempo, do espaço e do infinito. Herdeira do statement conceptual e ancorada no uso dos novos meios de criação sonora, gráfica e plástica, a sua prática desenvolve-se num formalismo rigoroso, depurado e poético.
Respetivamente linguista e tipógrafo de formação, os artistas questionam-se sobre o uso dos signos gráficos na sociedade. Detanico e Lain estão particularmente interessados na noção e na notação do tempo e das formas que este pode adotar, criando novas tipografias que substituem as letras dos alfabetos tradicionais pelas formas do quotidiano. Estas formas são depois encenadas no espaço expositivo, dando à escrita uma materialidade inédita. Angela Detanico e Rafael Lain continuam a refletir sobre o papel da linguagem e do seu lugar simbólico e físico na nossa sociedade. A linguagem revela assim a sua dupla função como ferramenta de comunicação e instrumento de leitura e reflexão das diferentes culturas. Oscilando entre uma técnica rudimentar e a tecnologia avançada, as suas peças ganham formas tão diversas quanto a letra, a palavra, a imagem fixa, a animação, o som e a instalação. Quer sejam alfabetos, cartografias ou calendários, interrogam os próprios fundamentos dos códigos que regem o nosso quotidiano, trabalhando na intersecção entre o signo e o significado.
Os seus trabalhos têm sido exibidos em diferentes países e locais como Palais de Tokyo e Grand Palais, (França); Moderna Museet (Suécia); CCS Bard Hessel Museum (EUA); Mudam (Luxemburgo); National Museum of Contemporary Art (Grécia); ICC (Japão); Laboratorio de Arte Alameda (México); Malba (Argentina); e Henry Moore Institute (Inglaterra). Participaram em várias exposições internacionais como 3rd media City Seoul, Trienal de Arte Echigo-Tsumari 2006, 10ª Bienal de La Habana e as 26ª, 27ª e 28ª Bienais de São Paulo. Apresentaram exposições individuais em Jeu de Paume, Musée de l’Abée Sainte-Croix e Musée Zadkine (França), Museu Coleção Berardo (Portugal), Fundação Iberê Camargo e Museu de Arte da Pampulha (Brasil).
Em 2004 receberam o Prémio Nam June Paik, na Alemanha. Em 2007, representaram o Brasil na 52ª Bienal de Veneza. São autores de várias obras de arte públicas, incluindo uma instalação permanente para o Institut de Physique du Globe em Paris, e uma peça encomendada pelo Museu do Louvre para o seu novo Centro de Conservação em Liévin.
Charbel-joseph H. Boutros nasceu no Líbano em 1981 e vive e trabalha entre Beirute e Paris. Na sua obra, a invisibilidade reveste-se de camadas íntimas, geográficas e históricas, encontrando linhas poéticas que se estendem além do domínio das especulações e realidades existentes. Tendo nascido durante a guerra do Líbano, o seu trabalho não assenta sobre uma reflexão histórica e política explícita, mas antes sobre o assombramento desta eventual reflexão histórica e política. Para H. Boutros, cada exposição é uma nova geografia que reformula a realidade.
H. Boutros foi artista residente no The Pavillon do Palais de Tokyo, Paris (França) e investigador na Jan van Eyck Academie, Maastricht (Países Baixos). O museu S.M.A.K. Museum em Ghent (Bélgica), acolheu em 2020 a sua primeira grande exposição institucional na Europa, “The Sun Is My Only Ally”, de seguida apresentada no centro de arte contemporânea La Criée. Em 2022, em conjunto com estas duas instituições, o seu primeiro livro monográfico foi publicado pela Mousse Publishing.
O seu trabalho tem sido apresentado internacionalmente em: 12ª Bienal Internacional de Istambul, Istambul, Turquia; Palais de Tokyo, Paris, França; Punta della Dogana, Veneza, Itália; Centre Pompidou – Metz, França; S.M.A.K. Museum, Gent, Bélgica; Home Works 8, Ashkal Alwan, Beirute; CCS Bard College, Nova Iorque, EUA; 3ª Bienal da Bahia, Salvador, Brasil; 1ª Bienal Yinchuan, Yinchuan, China; CCA, Varsóvia, Polónia; Barjeel Art Foundation, Sharjah, EAU; Beirut Art Center, Beirut, Líbano; La Criée Centre d’art contemporain, Rennes, França; Marres, Maastricht, Países Baixos. A instalação permanente ‘Sueur d’étoile’, que realizou junto com a bailarina francesa Marie-Agnes Gillot, inaugurada em 2016, continua exposta no Palais de Tokyo, Paris (França).
Daniel Gustav Cramer vive e trabalha em Berlim.
As obras de Cramer são a amálgama de uma pesquisa contínua, como o diário de um viajante que descreve as condições humanas e extrai as suas imagens de uma experiência colectiva e das nossas memórias partilhadas. A nossa vontade de explorar, de colecionar e de arquivar, de eventualmente ligar a nossa viagem a uma memória relevante é algo que Cramer tenta captar através de uma variedade de estratégias formais e linguísticas, através de experiências vivas e da apropriação de memórias existentes.
Uma selecção das suas exposições individuais inclui: Empty Room II (Nagano, 2020); Two Works, Musée d’art et d’archéologie Aurillac (2020); The Infinite Library, Fabra I Coats, Barcelona (2020); Four Works, Tongewölbe T25 (Ingoldstadt, 2018); Five Days, Entrée (Bergen, 2017); Five Works, Verksmijan á Hjalteyri (Islândia, 2017); Fourteen Works, Galeria Vera Cortês (Lisboa, 2017); Rainbow, E-Werk (Friburgo, 2016); Nineteen, CAC Contemporary Art Centre (Vilnius, 2016); Sixteen Works, BolteLang Galerie (Zurique, 2015); Kunstverein Nürnberg (2015); The Infinite Library, Vila du parc, Centre d’art contemporain (Annemasse, 2015); Three, Kunstsaele (Berlim, 2015); Tales, Vera Cortês Art Agency (Lisboa, 2014); Fifteen Works, Sies & Höke (Düsseldorf, 2014); 01-72, SALTS (Basileia, 2014); Kunsthalle Mulhouse (2013); Kunsthalle Lissabon (Lisboa, 2012); The Infinite Library, Museo di Palazzo Poggi (Bolonha, 2010).
Das exposições coletivas em que participou, destacam-se "When in doubt, go to a museum", Museu da Cidade de Ljubjana (2021); "Constellations: A choreography of minor gestures", Museu Coleção Berardo (Lisboa, 2019); "Strange Days", FRAC Ile de France (Paris, 2017); "The Arcades: Contemporary Art and Walter Benjamin", The Jewish Museum (Nova Iorque, 2017); "Viaja y no lo escribas", La Casa Encendida (Madrid, 2016); "N(v)otre H(h)istoire", Centre d’Art Bastille (Grenoble, 2016); "Eppur si muove – Art et technique, un space partagé", Mudam (Luxemburgo, 2015); "Phenomenon", Collection Kerenidis Pepe (Anafi, 2015); "Accadra Domani", Museo Marino Marini (Florença, 2015); "Terra Incognita", KIT/ Kunsthalle (Düsseldorf, 2015); "Construire une Collection", Villa Paloma, Nouveau Musée Le National (Mónaco, 2015); "An Infinite Conversation", Museu Coleção Berardo (Lisboa, 2014); "Dreams That Money Can’t Buy", Maxxi (Roma, 2014) e "dOCUMENTA(13)", Kassel (2012).
Ignasi Aballí nasceu em Barcelona (Espanha) em 1958 onde vive e trabalha.
Uma seleção das suas exposições individuais inclui: MACBA, Barcelona (2005), Fundação de Serralves, Porto (2006), IKON Gallery, Birmingham (2006), ZKM, Karlsruhe (2006), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil (2010), Museo Artium, Vitoria (2012), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid (2015), Fundación Joan Miró, Barcelona (2016), Museo de Arte de la Universidad Nacional de Colombia, Bogotá (2017), Galeria Kula (Split) e Museu de Arte Contemporânea de Zagreb, Croácia (2018).
Participou na 52ª Bienal de Veneza (2007), na 8ª Bienal de Sharjah (Emirados Árabes Unidos, 2007), na 11ª Bienal de Sidney (1998), na 4ª Trienal de Guangzhou (2012) e na 13ª Bienal de Cuenca (Equador, 2016). Em 2015 foi galardoado com o Prémio Joan Miró.
Ignasi Aballí traça as marcas subtis que a passagem do tempo deixa em obras que usam um conjunto eclético de materiais não convencionais, tais como poeira, luz solar, corrosão, recortes de jornais, notas de banco trituradas ou líquido corretor de máquinas de escrever. A delicada poesia visual que emerge é instilada de um sentido assombroso, mas não sentimental, de transitoriedade e efemeridade. O trabalho de Aballí inclui peças baseadas na linguagem, esculturas de orientação conceptual, pinturas, instalações, fotografias, objectos encontrados e vídeos. Embora enraizado nas práticas da arte conceptual de orientação duchampiana, não evita o poder do objeto, mas destaca-se pelo seu manuseamento subtil da cor e do material.
Ao longo da sua carreira, o trabalho de Aballí tem-se caracterizado por mudanças e renovações contínuas de estilo, formato e material. No entanto, certas preocupações permanentes percorrem a sua obra, como a ausência e a obsolescência gerada pelo tempo, bem como numerosas variantes corolárias, como o desaparecimento, a transparência, a invisibilidade e a ilegibilidade. Ao incorporar o vazio como um agente ativo, o trabalho de Aballí procura sugerir em vez de declarar, fornecendo mais provas de que algo mais do que a ausência se encontra para além da ausência de provas.
Karin Sander nasceu em 1957 em Bensberg, Alemanha. Vive e trabalha em Berlim.
Sander trabalha com situações, os seus contextos sociais e históricos, envolvendo intervenções em estruturas e instituições existentes. Trabalha em meios como a pintura, a escultura, os meios electrónicos, a ciência, a arquitetura; explorando o potencial específico de cada suporte.
Em 2023, foi selecionada para representar a Suíça na Bienal de Arquitetura de Veneza, juntamente com o historiador de arte e arquitetura Philip Ursprung.
A artista recebeu varios prémios, incluindo o Prémio Roma da Academia Alemã em Roma, Villa Massimo, Roma (2014), Hans-Thoma-Preis, Großer Landespreis für Bildende Kunst Baden- Württemberg (2011), Cité Internationale des Arts, Paris (1996), Stipendium der Akademie Schloss Solitude, Estugarda (1993-1995), Rubens-Förderpreis der Stadt Siegen (1994) e o Prémio Villa-Romana, Florença (1993).
As suas exposições individuais mais destacadas incluem: Neighbours, Bienal de Arquitetura, Pavilhão Suíço, Karin Sander/Philip Ursprung, Veneza (2023); Chambre Directe (com Manfred Holtfrerich), Chambre Directe - Schubiger, St. Gallen (2021); Karin Sander Office Works, Kunsthalle Tübingen, Tübingen (2021); Karin Sander - Skulptur / Sculpture / Scultura, Museion, Bolzano (2020); Karin Sander. A - Z, Haus am Waldsee, Berlim (2019); Karin Sander, Kunst Museum Winterthur, Winterthur (2018); Zeigen. An Audio Tour through the collection of the GfZK,Galerie für Zeitgenössische Kunst (GfZK), Leipzig (2017); Transzendenzaufzug, obra permanente na Kunstuniversität Linz, Linz (2017-em curso); Karin Sander - Identities on Display, Kunstmuseum Villa Zanders, Bergisch Gladbach (2017).
Uma seleção de exposições colectivas inclui: The King is Dead, Long Live the Queen, Museum Frieder Burda, Baden-Baden (2023); Scale:Sculpture, Fundación Juan March, Madrid (2023); Fun Feminism, Kunstmuseum Basel, Basileia (2022); Codes and algorithms. Wisdom in a calculated world, Espacio Fundación Telefónica, Madrid (2022); Fragile, Alles aus Glas, Kunstmuseum Ahlen, Ahlen (2022); Blancs de Blanc, Villa Schöningen, Potsdam (2022); The Music Chamber, Art Geneva, Genebra (2022); Com amigos, Kunsthalle Düsseldorf, Düsseldorf (2021); On Celestial Bodies, Arter, Istambul (2020); KölnSkulptur #10, ÜberNatur - Natural Takeover, Skulpturenpark Köln, Colónia (2020); Pop, Minimal, and Figurative Art, SFMOMA San Francisco Museum of Modern Art, San Francisco (2020); Meeting in Language, Städtische Galerie Delmenhorst, Delmenhorst (2020); Out of Order | Works from the Haubrok Collection Part 1 & 2, Neues Museum Nürnberg, Nuremberga (2019-20); Hidden Beauty, Kunsthalle Nürnberg, Nuremberga (2019-20); Frozen Gesture. Gesture in painting, Kunst Museum Winterthur, Winterthur (2019); Abenteuer Freundschaft, Kunstsæle Berlin, Berlim (2018); The World on Paper, PalaisPopulaire, Deutsche Bank Collection, Berlim (2018); Nature Unleashed, Hamburger Kunsthalle, Hamburgo (2018); Rehearsal, Tai Kwun Contemporary, Hong Kong (2018); Exhibiting the Exhibition, Staatliche Kunsthalle Baden-Baden, Baden-Baden (2018); Mentally Yellow. High Noon, The KiCo Collection, Kunstmuseum Bonn e Städtische Galerie im Lenbachhaus, Munique (2017); MEXIBILITY, Casa del Lago - Instituto Goethe, Cidade do México (2017).
Nicolás Lamas (Lima, 1980) vive e trabalha em Bruxelas.
A prática de Nicolás Lamas é impulsionada por uma reflexão sobre o espaço, o tempo, a cultura e a ciência. Lamas formaliza as suas interrogações através de diversos meios de comunicação, questionando os códigos do "mostrar" e confrontando objectos que, à partida, parecem opostos para deixar emergir novos significados e questões.
Através do seu olhar, a matéria apresenta-se frequentemente como um complexo sítio arqueológico caracterizado por materiais inanimados, formas de vida, artefactos tecnológicos, tempos em colapso e referências linguísticas. Estas estruturas combinam ficção, vida e inércia, desencadeando um espaço de transação entre o modo de apreensão linguístico humano e outras formas de ativação da perceção. Tanto o humano como o não-humano negoceiam um emaranhado dinâmico entre si. Do mesmo modo, a obra de Lamas desafia a estabilidade.
No entanto, há abordagens recorrentes na sua prática, tais como o interesse por produtos industriais, os vestígios da humanidade na natureza ou o binomio corpo/tecnologia; também propõe uma relação estética entre o seu trabalho e rituais que invocam imagens efémeras criadas por composição impulsiva e fabrico interdependente. (Excerto do texto "Aqui a matéria existe de forma diferente" de Alejandro Alonso Diaz).
As exposições individuais mais relevantes de Nicolás Lamas (°1980, Peru) foram realizadas no CCC OD, Tours (França), Fundació Joan Miró (Espanha), Ladera Oeste (México), P/////AKT (Países Baixos), De Vrienden van het S.M.A.K. e Meessen De Clercq (Bélgica), Spazio ORR (Itália), Sabot (Roménia) e Galería Lucía de la Puente (Peru). O seu trabalho foi recentemente exposto em mumok e MAK (Áustria), HOW Art Museum Shanghai (China), M.O.C.O., La Kunsthalle Mulhouse (França), Witte de With (Países Baixos), CCCC (Espanha) e Museu de Arte Moderna de Varsóvia (Polónia).
Rémy Zaugg texto Rémy Zaugg nasceu em 1943, em Courgenay, Suíça. Viveu e trabalhou em Pfastatt, França, e em Basileia, Suíça, até à sua morte em 2005.
Zaugg trabalhou com o significado do texto e das palavras como temas das suas pinturas, onde o nosso ver e a nossa perceção são temas recorrentes. As suas obras utilizavam a linguagem de uma forma fragmentada para transmitir aquilo que é mais importante para um ser humano, ser visto pelo Outro. Zaugg era da opinião de que a visão e a consciência estão intimamente ligadas e que a nossa compreensão do mundo é moldada através das sobreposições entre elas.
Ao longo da sua prática, houve um desejo de tornar o observador consciente das ferramentas perceptivas que cada pessoa possui. Zaugg deu grande ênfase ao espaço que surge entre a obra de arte, o recetor e o contexto. Zaugg também se interessou muito pela linguagem e pelo seu poder de desconstruir e reconstruir novos contextos. Logo no início da sua prática, encontrou uma posição entre a pintura e o texto (entre o que vemos e o que lemos) - e foi neste espaço liminar que trabalhou com as suas séries abrangentes. Zaugg desenvolveu a sua atividade em vários suportes, entre os quais pintura, texto, escultura e maquetes arquitetónicas.
Entre as exposições individuais que realizou destacam-se: Museo Reina Sofía, Madrid (2016); Museum für Gegenwartskunst, Siegen (2015); Schaulager Basel (2004); Museum für Moderne Kunst Frankfurt/Main (2002); Kunsthalle Bern (2000); Kunsthalle Basel (1999, 1989, 1980); Kröller-Möller Museum, Otterlo (1996); Museum Folkwang, Essen (1989); Musée d'art Moderne de la Ville de Paris (1991, 1988); Stedelijk Van Abbemuseum, Amesterdão (1984) e Kunstmuseum Basel (1972). O seu trabalho foi apresentado internacionalmente em numerosas exposições colectivas. Participou também na documenta 7, Kassel (1982); Skulptur Projekte Münster (1987) e Carnegie International, Pittsburg (1995).
Exposición. 13 dic de 2024 - 04 may de 2025 / CAAC - Centro Andaluz de Arte Contemporáneo / Sevilla, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España