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Meus Filhos Agora Sabem

Exposición / Edifício do Castelo / R. do Castelo / Braga, Portugal
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Cuándo:
17 sep de 2021 - 31 oct de 2021

Inauguración:
17 sep de 2021

Horario:
De lunes a sábado de 14:00 a 18:30 h.

Organizada por:
Encontros da Imagem

Artistas participantes:
Leticia Valverdes

ENLACES OFICIALES
Web 
Etiquetas
Fotografía  Fotografía en Braga 

       


Descripción de la Exposición

Esta é uma série de Imagens criadas com meus filhos a partir de meu arquivo de povos indígenas amazônicos e suas casas na floresta. Feitas com fogo, ouro, sangue, terra e folhas, as intervenções afetuosas são uma tentativa de processar a tristeza e pesar em relação ao nosso planeta e encontrar esperança. O Brasil foi afetado pela pandemia Do Covid de maneira devastadora, e a região Amazônica foi uma das áreas duramente atingidas. Nos últimos 20 anos, viajei extensivamente pela Amazônia, tanto para reportagens fotográficas como para documentários de TV. Durante a 1uarentena tornei-me, como tantos outros pais, tutora dos meus três filhos. No início, segui as orientações dos professores que nos enviavam tarefas por e-mails. Paralelamente, assistia o comportamento irresponsável de nosso atual presidente Bolsonaro em relação à pandemia, a falta de medidas de seu governo para conter o vírus nacionalmente e ataques deliberados à Amazônia e seus habitantes. Entre os mais afetados estão as populações indígenas da região. A história se repete: etnias inteiras podem ser exterminadas. E não apenas por Covid. O ataque à floresta e seus povos se dá de variadas maneiras e em diversas frentes enquanto o mundo está distraído com a pandemia. Perante esta situação, tristeza e descrença me invadem. De repente, percebo que meus filhos precisam aprender sobre esta realidade. Mais do que aritmética e tabuadas, quero que eles saibam que a Amazônia e seu povo estão em grande perigo, e se não fizermos nada agora, todo esse ecossistema não existirá da mesma maneira quando forem adultos. Convido as crianças (de 12, 9, e 8 anos) para explorarmos imagens do meu arquivo e, juntos, transformá-las. Usamos ouro, fogo e sangue, além de terra e folhas da Amazônia trazidas da minha última viagem. No processo, conversamos sobre as ameaças e os desafios que a região enfrenta. Por meio de nossas conversas, adequadas às suas idades, espero educá-los sensivelmente sobre essa tragédia iminente. Ao mesmo tempo, tento articular algumas de minhas próprias emoções sentidas em relação à situação. MEUS FILHOS AGORA SABEM sobre ecocídio e genocídio. MEUS FILHOS AGORA SABEM que os garimpeiros clandestinos cortam a floresta trazendo doenças, deslocando a terra e poluindo os rios, dificultando a pesca, caça e a sobrevivência dos habitantes locais. MEUS FILHOS AGORA SABEM que muitos dos incêndios são iniciados propositadamente e para dar lugar ao gado e à soja. MEUS FILHOS AGORA SABEM que os indígenas podem ficar mais doentes com o vírus do Covid do que quem vive nas cidades. MEUS FILHOS AGORA SABEM que há mortes e sangue envolvido e, para representá-lo, criaram uma fórmula de suco de beterraba e tinta. E queimaram o papel fotográfico para representar a queima da floresta que a cada ano consome mais áreas do tamanho de milhares de campos de futebol, levando consigo árvores e animais. MEUS FILHOS AGORA SABEM que os povos nativos da Amazônia vivem em harmonia com a floresta há milênios. Que suas terras sagradas contêm ouro e outras riquezas que o ganancioso mundo “desenvolvido” quer extrair e seus territórios destruir. Que a retórica do presidente brasileiro e de seus aliados em favor do desenvolvimento da Amazônia valida todos os tipos de crimes e invasões. Enquanto transformávamos estas imagenda, pude lidar um pouco com a tristeza e sensação de impotência que sinto pelo fato de que etnias inteiras podem deixar de existir. Ao mesmo tempo que tentei mostrar a eles a beleza dos momentos compartilhados com esses povos da floresta, busquei alento. Também espero que nossa série possa inspirar outros jovens a aprender, a fazer perguntas e a amar o habitat e povos que me são tão queridos, e que a humanidade não pode perder. Leticia ------------------------- Notas: O grupo indígena registrado nessas imagens são da etnia Zo'é. Um grupo semi-isolado do Pará de contato recente (1982) e que está emergindo lentamente do isolamento. Visitei sua aldeia em 2004 para a revista do Sunday Times-UK, após muita negociação com as autoridades brasileiras responsáveis pela proteção dos povos originários. Eu e a jornalista Christina Lamb fomos acompanhadas pelo então chefe do departamento dos “índios isolados” da Funai, Sidney Possuelo e tivemos assistência do indigenista João Lobato que na época vivia na aldeia Zo’e. Para se informar e encontrar maneiras de apoiar a causa indígena você pode acessar o site do Survival international: www.survivalbrasil.org/pareogenocidio Ou do ISA: www.socioambiental.org ------------------------- Nascida no Brasil e vivendo atualmente do Reino Unido, Leticia Valverdes tem trabalhado com fotografia documental nas ultimas duas décadas. Leticia deu inicio ao seu primeiro projeto enquanto estudante de fotografia e arte contemporânea em Londres. Nesse trabalho Leticia acompanhava a vida de raparigas sem-abrigo nas ruas das maiores cidades do Brasil. Foi durante esse projeto, que percebeu que eticamente não queria fotografar de forma jornalista mas sim que pretendia ter uma relação de proximidade. Esse trabalho foi exposto extensamente e publicado em livro em 2000. Leticia trabalha no Reino Unido em parceria com uma associação sem fins lucrativos London based All Change Arts que cria sinergias entre artistas e comunidades. Internacionalmente trabalha em projetos tão variados como Vilas no Norte do Portugal e Tribos da Amazónia. Durante o confinamento devido à pandemia, como não podia ir para lado nenhum, Leticia convidou os seu três filhos para uma colaboração e intervenção nos seus arquivos de fotografia da Amazónia. Esta colaboração resultou na série “Meus Filhos Agora Sabem”. O trabalho será publicado como um pequeno livro no Brasil e todos os livros eram doados a uma associação de caridade. Em 2021, irá publicar de forma independente o Dear Ana, um livro que explora a memória, migração, perda, ancestralidade e a história da sua avó Portuguesa que nunca regressou à sua terra natal. Haverá brevemente exposições deste trabalho tanto em Londres como em Portugal. O seu trabalho colaborativo com vários grupos foi exposto e publicado em vários livros e revista no Reino Unido e internacionalmente. O seu trabalho tem recebido vários prémios tais como Portrait of Britain, Via Art Prize, Emergentes nos Encontros da Imagem em Braga, The Ian Parry award, Arts Council Grants entre outros.


Entrada actualizada el el 15 sep de 2021

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