Galeria Rabieh apresenta primeira individual de Ronaldo Grossman em São Paulo.
Depois de mais de uma década na Europa, onde estudou na Ar.Co em Portugal e expôs em diversas galerias e instituições, o carioca Ronaldo Grossman apresenta trabalhos inéditos. A montagem da exposição nos 600 metros quadrados da galeria faz com que o espectador perca a referência tempo-espaço. Com o título de Meia-Noite, a série de pinturas cria um jogo de olhar com o público, atraído pelas ilusões de ótica criadas por linhas e planos infinitos.
Meia-Noite
Meia-noite: o interregnum de um dia - o tempo limite entre o final de um e o início de outro (em uma analogia aos reinados históricos, quando da morte, abdicação ou deposição de um monarca, e da ansiada e ilusória expectativa para a chegada de um novo dirigente). Um dia vai, outro dia vem. Seguem-se os dias até que nossos limites sejam liberados. " A meia-noite...jamais incide na meia noite. A meia-noite cai quando os dados são lançados...". (Mallarmé. Igitur, 1925) Ronaldo Grossman em sua exposição Meia-Noite na galeria Rabieh, não lança dados. Lança linhas. Linhas essas que, simples pareçam, refletem um complexo processo intelectual sobre a própria arte, sobre a própria vida estética. Meia-Noite de Ronaldo Grossman, é o desdobramento de um trabalho contínuo, extraído da organicidade. Sim, órgãos que compõem um corpo integrado em formas construtivas transportadas, como esculturas, para um plano que transcende seus limites e se impõe, por vibrações, no espaço. A superfície desafia o volume: cria a intertextualidade - a relação de significados entre plano e espaço, geradora de liames, vínculos com uma linguagem plástica em constante movimento para atingir aquilo que traduz o conjunto das obras apresentadas nesta mostra. Meia-Noite projeta, em linhas, a consciência indagativa da existência desdramatizada pela inteligência poética, em uma dinâmica de vida (e por que não?), em uma rotineira constância dos tediosos dias consecutivos, estimulando-nos questionar (ironicamente?) sobre o tempo/espaço a que limitadamente estamos submetidos. Impulsiona-nos à dúvida sobre algo que está entre vãos, entre órgãos contíguos. O interstício. Ronaldo Grossman é um artista plástico. Trabalha as formas enquanto absorve literatura. Nutre-se de literatura e produz formas articuladas que se superam. Formas além das formas. Faz-nos propositalmente indagar sobre o sentido da arte. Mas... Qual é mesmo o sentido da vida? Heloísa Marmo.
Entrada actualizada el el 01 jul de 2015
¿Te gustaría añadir o modificar algo de este perfil?
