Descripción de la Exposición
No próximo sábado, dia 4 de março, às 18h, Silvie Eidam abre a exposição Masculinidades no Elefante Centro Cultural, Brasília - DF. As obras, divididas em dois andares, estão inseridas na discussão atual sobre representatividade, gênero, corpo e como a sociedade determina leituras, padrões e comportamentos. A artista propõe, no decorrer da mostra, uma desconstrução das leituras até então dominantes. "O feminino tem que ser trabalhado sempre. O masculino é tido como neutro. Não tem que se performar. Mas isso é um mito", afirma Silvie.
As duas séries, "Coreografias" e "Masculinidades", exposta no segundo andar, são de obras realizadas em tinta óleo sobre tela e exploram, principalmente, o jogo de luz e sombra bem como as expressões corporais e faciais. Com curadoria de Manuel Neves, a mostra fica em cartaz até o dia 21 de abril, com visitação de segunda a sábado, das 14h às 18h30. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos.
Gênero e corpo
Com raras exceções, na história da arte, as mulheres foram, durante muito tempo, colocadas à margem. Elas ocuparam, principalmente, o papel de modelos, posaram para que os homens as tornassem a imagem da beleza, do erotismo ou da maternidade santificada. O movimento feminista artístico começou, então, a reapropriar os corpos das mulheres, ao redirecionar e desconstruir o olhar, e a procurar novas linguagens integrativas. Em seguida, emancipou o objeto e tirou o poder do sujeito nas artes visuais. Os corpos deixaram de ser lidos e passaram a ser construídos, desconstruídos e reformulados.
No segundo andar do Elefante Centro Cultural, a artista explora a fluidez entre o sujeito e o objeto e a transitoriedade do sujeito. Nas obras da série "Masculinidades", marcadas pelo jogo de luz e sombra, e por um trabalho minucioso ao pintar olhares expressivos, o objeto da imagem passa a ser o sujeito que olha de volta para o espectador. Cria-se uma relação mútua de transformação. Em cada pincelada, as ações performativas que consolidam a impressão de ser homem estão marcadas.
Apoiada, por exemplo, nos estudos e pesquisas da filósofa Judith Butler, a artista Silvie Eidam decidiu questionar o masculino contemporâneo. Para ela, o feminino sempre foi estudado. As mulheres são feitas, moldadas, ensinadas. Os homens ao contrário, para a sociedade, nascem prontos. São neutros. "Quais são as representações dessa masculinidade?", indaga Silvie. Após a série, ela concluiu: "Não existe masculinidade homogênea. Os homens também sao submetidos a uma performance de gênero rígida e vigiada".
Durante a pesquisa, a artista pediu para alguns amigos disponibilizarem suas fotos de perfil de uma rede social. Eles poderiam escolher a imagem que quisessem e que melhor os representavam. Era a vez de uma mulher pintar o masculino.
Na série "Coreografias", exposta no térreo do espaço, a artista visual passa do questionamento do performativo de gênero para a expressividade dos corpos. Nessas telas, assim como nos mais recentes protestos de mulheres no Brasil, na Polônia e na Argentina, a estrutura física se revela como sujeito, cheia de significado e poder. Os corpos, entre movimentos de braços e pernas, passam a ocupar e ter espaço. Contudo, são corpos sem gênero, sem uma identidade. "Estaria na dança, na coreografia, a essência do indivíduo?", indaga Silvie.
Atualmente, uma grande parte da vida cotidiana acontece nas redes sociais e na internet, ou seja, em uma realidade sem corpo. Mas, ao mesmo tempo, existe uma vivência crescente da experiência de ter um corpo. Em um mundo marcado por notícias sobre violência de gênero, racismo e preconceitos de todos os tipos, as mulheres são chamadas a se encarnar. Silvie, como artista e mulher, se encarna em cada pincelada dessa exposição para se expressar e instigar questionamentos e desconstruções.
Sobre Silvie Eidam
Silvie Eidam nasceu em Frankfurt, na Alemanha, e, atualmente, vive em transição, entre o país germânico e o Brasil. Seu avô foi o pintor Wilhelm Eidam que incentivou sua produção artística desde a infância. Silvie estudou com as artistas Andrea Simon e Beatrix Pohle-Stiehl e continuou o ensino formal no Goldsmiths College, em Londres, e na Universidade de Brasília (UnB). Durante os estudos, ela integrou ativamente movimentos feministas em Brasília e em Londres, focando seu trabalho artístico em representações do corpo feminino e de identidades políticas em uma ampla variedade de formatos. Desde 2005, a artista participa de exposições coletivas. No ano passado, realizou uma performance com Kollontai Diniz, em São Paulo, e participou da exposição "Do Quadrado", no SESC Garagem, em Brasília. Silvie recebeu, por cinco anos, uma bolsa de uma empresa suíça de investimentos para continuar seu desenvolvimento artístico e também teve o apoio financeiro de uma colecionadora, em 2015, para concluir sua série sobre masculinidades.
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España