Descripción de la Exposición
As fotografias de Masao Yamamoto têm pequenas dimensões, a maioria delas, como declara o artista, cabe na palma da mão, como um pequeno objeto que recolhemos e olhamos com cuidado, como um pássaro que agarramos com surpresa e ternura, desejando acalmar o ritmo frenético do seu coração, aplacar seu medo e ânsia de fugir da prisão momentânea dos nossos dedos cingidos sobre seu corpo, como se lhe fosse possível entender a curiosidade e o amor que nos impele reter sua beleza delicada. Yamamoto acerta no alvo realizando fotos de escala reduzida, algumas delas frágeis, com as bordas rasgadas, a maior parte passível de ser apanhada pelas pontas dos dedos ou depositada na mão, relembrando-nos que dedos e palmas são a mesa de contemplação das coisas pequenas, dos objetos trazidos para perto dos olhos, para serem melhor vistos, apalpados e cheirados. Haverá possibilidade maior de contato entre nós e tudo aquilo que a mão traz para o nível do olhar? É difícil, ao menos do ponto de vista onde o afeto funde-se à vontade de conhecer. Contemplamos o mundo à distância, desde o alto de nossas cabeças, encastelados num corpo que, em geral, não cessa de se movimentar. Quase nunca paramos e mesmo quando paramos nunca estamos. Há em cada um de nós uma nostalgia da permanência, do simples exercício de ficar e olhar em volta. Olhar calmamente atento ao que está acontecendo ao redor do nosso corpo.
A escala das fotos de Masao Yamamoto, por si só, convida a esse modo de estar no mundo. Gatos, cachorros, pássaros, árvores, galhos, pedras, montanhas, praias, água, neve, grama, vasos, flores, pessoas, nus, a maioria dos assuntos parece resultar de seus passeios munido de câmera e atenção.
E a atenção, ensina o artista, nunca é passiva. Em um determinado momento do vídeo intitulado O espaço entre flores, https://goo.gl/QbwfmU, vemo-lo fotografando um grupo de pombas. Câmara na mão esquerda, comida sendo jogada aos punhados aos pássaros pela outra, abruptamente um grupo de crianças espanta-as com seu alarido. Elas voam desorganizadas enquanto ele as vai fotografando como um caçador abatendo a esmo um bando em revoada. Em seguida, de volta ao chão, os pássaros vão comendo os grãos, enquanto alguns, mais ousados, bicam dentro da concha da mão. A mão da câmara acelera seu trabalho, coordenando-o com o da direita. Esta, com um único pássaro nela empoleirado, vai se elevando, prossegue com o artista se erguendo, até colocar o pombo no alto, contra o fundo claro do céu. Na sequência o vídeo dá-nos algumas imagens obtidas da confusão branca e cinza de asas e corpos.
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España