Descripción de la Exposición
Interessado em compreender as qualidades de materiais, como vidro, madeira ou objetos encontrados, o artista suíço Manuel Burgener (*Berna, 1978) cria obras que empregam tais materiais como são, e não apenas como elementos para a construção de outras estruturas. Sempre utilizando materiais “quentes” – aqueles que ou foram uma vez seres vivos, tais como madeira, ou que tenham sido aquecidos e transformados, como o vidro – ele cria obras de arte que não são esculturas, mas que são os próprios materiais, executando suas qualidades. Um pedaço de vidro cortado nunca é polido, uma cadeira é mostrada como uma cadeira, e até mesmo o pó da sala de exposição é mostrada como ele é.
Transferindo a mesma ideia para o espaço expositivo, Manuel Burgener cria instalações que se conectam ao espaço em que são exibidas, mas sem comentá-la. Para a exposição na KUNSTHALLE São Paulo, sua primeira exposição individual no Brasil, ele criou uma instalação que combina a maioria dos elementos com os quais ele vem trabalhando nos últimos anos – cadeiras, vidros, lâmpadas, luz e cor – mas desta vez, todos integrados numa mesma peça.
Burgener propõe uma exposição muito poética, em que tempo e presença são as chaves para entender as obras e as relações existentes entre elas. Movendo-se ao redor da sala e passando algum tempo com os elementos, o observador começa a se conectar às suas qualidades, chegando ao ponto em que os materiais são entendidos como entidades, possuindo suas próprias presenças. Para o artista, a única forma de entender as coisas ao redor de si, é através da experiência; uma experiência muito pessoal que exige presença e tempo, e que varia de uma pessoa para a outra: uma sopa tem um sabor diferente para cada pessoa que a experimenta, assim como as cores são percebidas e sentidas de maneiras diferentes por cada espectador.
A instalação na exposição contém três peças principais, cada uma composta por uma estrutura de vidro quadrada, que envolve uma cadeira e uma lâmpada fluorescente. Duas delas – apresentadas na principal área expositiva – têm suas estruturas de vidro coloridas em verde e amarelo, e a lâmpada está acesa e de pé, em cima cima da cadeira. Estas duas peças fazem alusão à presença de dois corpos vivos em um diálogo, cujas auras coloridas emanam de seus interiores reluzentes. A terceira peça, que está sozinha a uma certa distância, não é colorida e não está acesa, sugerindo um corpo, que não participa do diálogo ainda, mas tem sua potencialidade interior para se tornar também um ser colorido e brilhante.
Também muito importante para a exposição, foram os primeiros dias em que o artista trabalhou no próprio espaço, a fim de se conectar a ele. Propondo uma adaptação, na qual ele removeu a maior parte do mobiliário do espaço e renovou as instalações na área do escritório, Burgener foi capaz de integrar as diferentes áreas do espaço, ampliando, assim, a área expositiva.
Curadoria de Marina Coelho