Em sua primeira individual no espaço, com curadoria de Olivia Ardui, o artista apresenta a instalação homônima, que consiste em uma leitura de “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector. A célebre novela é ambientada na capital fluminense e descrita pela escritora como “a história de uma moça (alagoana) que, de tão pobre, só comia cachorro-quente”. Soledar propõe um olhar crítico ao êxodo para o Sudeste e suas produções de sujeições, tanto afetiva, quanto econômica, resultantes do chamado “milagre econômico” e aprofundadas pela ditadura militar nos anos 1970. A instalação evoca uma aparição da personagem entre a escultura e a intervenção, e revela também interesses do artista pelo imaginário do cinema nacional dos anos 1980, que visou retratar processos de desumanização.